Átila Iamarino sugere possível subnotificação em Minas e ironiza: ‘Coronavírus não gosta de mineiros’

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O biólogo comparou a quantidade de casos em Minas Gerais com os outros Estados (Youtube/Reprodução + Fiocruz/Divulgação)

Um questionamento feito pelo biólogo Átila Iamarino voltou a colocar em pauta um assunto que ronda Minas Gerais desde quando a pandemia do coronavírus chegou ao Brasil: subnotificação de casos em terras mineiras. No Twitter, o estudioso publicou os dados referentes aos casos de Covid-19 no Estado e apontou a diferença em relação outras regiões do país, sugerindo que trata-se de um resultado da baixa testagem.

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Átila, que ganhou destaque nas redes sociais ao acompanhar e divulgar informações científicas sobre a pandemia de Covid-19, publicou um estudo da Fiocruz que aponta para um crescimento de cerca de mil mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em relação ao esperado pelos últimos anos.

“Sem testes, sem mortes por Covid. O que será que pode causar essas mortes em meio à pandemia de Covid-19?”, ironizou o biólogo, alfinetando o Governo de Minas Gerais ao sugerir que a quantidade de testes que está sendo feita não é suficiente.

Em outra publicação, Átila repostou um mapa que mostra a distribuição dos casos confirmados da doença no Brasil. Na imagem, Minas Gerais aparece com poucos casos em relação aos Estados vizinhos e o biólogo brincou: “Descobrimos o que acontece. O coronavírus não gosta de mineiros”.

O biólogo defende que o número de casos reais de Covid-19 no Brasil é muito maior do que o que está sendo notificado, justamente devido a uma baixa testagem da população. Ele aponta, frequentemente, para uma possível subnotificação no país e, desta vez, chamou a atenção para a situação em Minas Gerais.

SES-MG reage

Por meio do perfil no Twitter, a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) rebateu os questionamentos de Átila, afirmando que existem várias hipóteses que podem explicar o crescimento dos números. Alguns motivos listados são a maior notificação dos casos de SRAG em decorrência da pandemia e a circulação de outros vírus sazonais.

Segundo a pasta, todos os casos de SRAG hospitalizados e todos os óbitos suspeitos para Covid-19 estão sendo testados. Em nota enviada ao BHAZ (leia na íntegra abaixo), a SES-MG reuniu os argumentos publicados em resposta ao biólogo no Twitter.

“Por fim, ressaltamos que o número de óbitos em Minas Gerais é relativamente pequeno, em relação a uma pandemia tão grande e o sistema de saúde em Minas está preparado. É necessário compreender também as dificuldades para se realizar a testagem das pessoas diante de um cenário que é de escassez no mundo inteiro”, finaliza o comunicado.

Nota da SES-MG:

“A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que, neste momento, há inúmeras hipóteses sobre o aumento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e este fato pode estar relacionado à maior sensibilidade em notificar casos de SRAG, a circulação de outros vírus sazonais e a circulação da covid-19 na população mundial.

A SRAG é a classificação de uma manifestação sindrômica e é atribuída a outros agentes causadores. Contudo, a classificação por associação ao SARS-CoV-2 só pode ser atribuída por meio de evidência laboratorial ou por evidência clínico epidemiológica de um caso que esteja diretamente vinculado a outro caso, que tenha sido laboratorialmente confirmado.

Importante destacar, ainda, que diversas doenças respiratórias podem evoluir com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), desde uma asma, bronquite, passando por uma pneumonia, tuberculose, intoxicação exógena, edema agudo de pulmão, câncer, além das gripes e do próprio coronavírus. Ou seja, qualquer quadro de insuficiência ou dificuldade respiratória aguda que apresente febre (ou sensação febril) e ficou hospitalizado ou que evoluiu para óbito por SRAG independentemente de internação, é notificado como “SRAG hospitalizado”. Sendo assim, o caso grave de SRAG, que tiver indicações clínicas e epidemiológicas para coronavírus será testado para covid-19.

Além disso, informamos que a SES-MG acompanha as notificações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Minas desde 2009. Em 2020, tivemos um número maior de notificações, mas esse aumento não refletiu linearmente na sobrecarga do sistema público de saúde.

Em relação à realização de testes, é importante frisar que neste momento, conforme orientação do ministério da saúde, a indicação para realização para coleta de amostra e testagem é indicada para alguns grupos:
a)Amostras provenientes de unidades sentinelas de Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG);
b) TODOS os casos de SRAG hospitalizados;
c) TODOS os óbitos suspeitos;

d)Profissionais de saúde sintomáticos (neste caso, se disponível, priorizar Teste Rápido e profissionais da assistência direta);
e)Profissionais de segurança pública sintomáticos (neste caso, se disponível, priorizar Teste Rápido);
f) Por amostragem representativa (mínimo de 10% dos casos ou 3 coletas), nos surtos de SG em locais fechados (ex: asilos, hospitais, etc);
g)Público privado de liberdade e adolescentes em cumprimento de medida restritiva ou privativa de liberdade, ambos sintomáticos.

Considerando esse universo de pessoas que são testadas, a demanda atual de amostras encaminhadas para o diagnóstico da covid-19 não tem excedido a capacidade laboratorial do Estado de processar os exames. Ressalte-se, contudo, que um dos fatores que, no momento, impede a ampliação da testagem é a alta demanda para aquisição, em contexto de disputa internacional, o que seria necessário para direcionamento dos testes a outros públicos, além daqueles que já têm a coleta determinada pelo protocolo.

Com relação às notificações, esclarecemos que, mesmo não realizando exames em 100% dos casos notificados, a SES possui mecanismos de controle capazes de avaliar o real cenário da doença. Um destes mecanismos é o acompanhamento diário dessas notificações.

Por fim, ressaltamos que o número de óbitos em Minas Gerais é relativamente pequeno, em relação a uma pandemia tão grande e o sistema de saúde em Minas está preparado. É necessário compreender também as dificuldades para se realizar a testagem das pessoas diante de um cenário que é de escassez no mundo inteiro”

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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