‘Uma tragédia’: Imunidade de rebanho mataria 150 mil em Minas, diz professor da UFMG

imunidade de rebanho ruim
Para o professor, imunidade de rebanho só deve ser considerada dentro de alguns anos (Amanda Dias/BHAZ)

Com UFMG

O isolamento social tem sido a principal medida no combate ao novo coronavírus, inclusive recomendado pela Organização Mundial de Saúde. No entanto, alguns setores defendem a teoria da imunidade de rebanho (leia mais abaixo) como estratégia de enfrentamento. A política foi adotada por países como a Suécia e o Reino Unido, que têm um dos maiores índices de mortalidade em decorrência da Covid-19, segundo dados do projeto Our World In Data.

O professor Unaí Tupinambás, do Departamento de Clínica Médica e integrante dos comitês de enfrentamento do coronavírus da UFMG e da Prefeitura de Belo Horizonte, explica que a imunidade de rebanho provocada pela infecção está longe de ser uma alternativa desejável.

“Provavelmente essa imunidade de rebanho não vai ser atingida em menos de dois, três anos. O que nós estamos fazendo com essas medidas de isolamento é achatar essa curva para que [as infecções] possam se espalhar ao longo dos meses e anos. Até a gente atingir essa imunidade de rebanho”, detalha em reportagem da TV UFMG.

Segundo ele, para ser alcançada, uma imunização desse tipo teria de atingir de 60% a 70% da população, o que, considerando a taxa de letalidade da doença, geraria enorme custo em vidas humanas. “Em Minas Gerais, por exemplo, teria de morrer cerca de 150 mil pessoas para atingir a imunidade de rebanho. Seria uma tragédia”, estima o professor.

Em sua visão, o melhor caminho a seguir é manter o isolamento e achatar a curva epidêmica, de modo que essa imunidade seja alcançada em cerca de dois anos. Até lá, é possível que já exista uma vacina contra a infecção disponível para toda a população mundial. “Assim, teríamos uma imunização de rebanho vacinal e não pela doença”, argumenta o professor.

O que é imunidade de rebanho?

Imunidade de rebanho é um termo usado por infectologistas para explicar uma espécie de proteção feita por pessoas já imunizadas contra uma determinada doença a outras que ainda não possuem essa imunização. Esse bloqueio pode ser feito tanto pela doença (quando a pessoa se torna imune após contraí-la) quanta pela vacina. Confira os exemplos de Tupinambás:

  • “Ano passado, Minas Gerais teve um surto epidêmico grave de dengue. Várias pessoas se contaminaram com dengue, ficaram doentes, e este ano a gente vê um número muito reduzido de dengue. Ou seja, foi difícil de as pessoas pegarem dengue porque já estavam imunizadas daquele tipo de dengue. Essa população que se contaminou no ano passado protegeu a outra população que não tinha se contaminado. Essa população fez uma imunidade de rebanho e o vírus não encontrava uma pessoa suscetível para se infectar” – imunidade de rebanho pela doença
  • Outro exemplo é o sarampo. A gente viu uma crise do sarampo após anos da doença ter desaparecido do Brasil com esse movimento negacionista da ciência, contra vacina, a partir do qual as pessoas deixaram de vacinar contra sarampo. Um turista que chegou em BH teve a doença. A secretaria de Saúde, então, identificou quem estava no voo com ele, vacinou todo mundo e fez uma espécie de cordão sanitário. Além disso, realizou campanha de vacinação e reduziu a possibilidade de ter uma epidemia – imunidade de rebanho pela vacina

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