Governo reforça parcelamento de outros poderes e despreza risco de impeachment: ‘Não fabricamos dinheiro’

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Governo de Minas volta a falar em parcelar salários de outros poderes (Moisés Santos/BHAZ)

Mesmo com os R$ 3 bilhões – divididos em quatro parcelas – enviados pela União, o Governo de Minas descarta regularizar o salário dos servidores e volta a falar sobre o parcelamento de trabalhadores do Judiciário e Legislativo. Em entrevista exclusiva ao BHAZ, o secretário-geral da gestão estadual, Mateus Simões (Novo), define o trabalho para quitar os pagamentos como “esforço de Hércules” e despreza o risco de impeachment do governador Romeu Zema.

“Na nossa leitura não é causa de impeachment o parcelamento dos repasses, que, aliás, sempre foi feito pelos outros poderes. Nosso governo é o mais atual em pagamento de duodécimos da história recente de Minas Gerais. Seria um caso de impeachment se o governador optasse por não fazer o repasse tendo o recurso, não é disso que estamos falando”, afirma Simões.

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“O governo não fabrica dinheiro. Então, não me parece juridicamente que seja causa de impeachment, não há previsão legal para isso por falta de dinheiro”, complementa, ao se referir a um projeto aprovado por unanimidade na ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais) que classifica atraso de repasses a outros poderes como crime de responsabilidade (relembre aqui).

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Secretário Mateus Simões não descarta parcelamento de repasses (Karoline Barreto/CMBH)

Parcelamento

O secretário-geral afirma que as quatro parcelas de R$ 750 milhões vindas do Governo Federal devem reduzir o rombo do Estado, mas não fazem frente aos mais de R$ 3 bilhões de gastos por mês com repasses e pagamentos dos servidores. “Ajuda é muito bem-vinda, mas está longe de ser o suficiente. Precisamos ou de outras fontes ou de uma retomada mais expressiva da arrecadação”, diz Simões.

Segundo Simões, o cenário exigirá um sacrifício dos três poderes mineiros e de todos os servidores. “Se não identificarmos a fonte adicional, o que o governador tem defendido é que o sacrifício tem que ser compartilhado. E isso eventualmente é não conseguir pagar de uma vez todos os servidores. Quando eu digo todos, significa todos os servidores, inclusive dos outros poderes”, afirma, antes de repetir a prioridade de pagamento para servidores da saúde e segurança.

Reformas

Para o secretário, o cenário financeiro de junho deve ser definido até a metade do mês. “Depois do dia 15, conseguiremos ter um desenho melhor do nosso fluxo de caixa. O grosso da arrecadação acontece até esee dia, então só nessa data conseguimos ver o quanto dinheiro efetivamente temos. Como a economia voltou a se movimentar, talvez a perda tributária seja menor do que os últimos meses e aí resolvemos o junho e vamos sofre com julho. Aqui tem sido assim: sofrendo um mês de cada vez”, pontua.

Alinhado ao discurso de Zema, Simões aponta que o governo deve encaminhar duas reformas à ALMG para aliviar o caixa do Estado: previdência e estatuto dos servidores. “São reformas estruturais que não solucionam no curto prazo, mas resolve no médio. Além disso, a negociação do nióbio e a venda de Codemig são ações centrais que podem nos ajudar a aliviar o fluxo de caixa”, aponta.

‘Esforço de Hércules’

Simões ainda classifica o trabalho do governo para quitar os vencimentos como “hercúleo”. “Temos, mensalmente, feito um ‘esforço de Hércules’, para garantirmos o pagamento dos servidores. No mês de abril, conseguimos pagar após conseguir R$ 780 milhões em uma ação judicial. Em maio, conseguimos o desbloqueio de R$ 1 bilhão na ação da Vale. Para o mês de junho, não temos fonte adicional identificada”, explica.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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