Um vídeo registrado pelo circuito interno de segurança do elevador mostra os últimos momentos de vida do pequeno Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, que morreu após cair do 9º andar de um prédio em Recife, no Pernambuco. O caso aconteceu nessa terça-feira (2) e tem repercutido por todo o Brasil.
O menino passava o dia com a mãe, Mirtes Renata, que trabalha como empregada doméstica em um apartamento no 5º andar do condomínio Píer Maurício de Nassau, complexo de luxo no Centro de Recife conhecido como “Torres Gêmeas”.
O acidente ocorreu quando a mãe do menino desceu para passear com o cachorro da empregadora. Miguel teria ficado aos cuidados da dona do apartamento, que estava acompanhada, ainda, de uma manicure. Segundo as autoridades locais, o menino sentiu falta da mãe e teria começado uma busca por ela.
No vídeo, uma mulher aparece conversando com Miguel já dentro do elevador. Em determinado momento, a mulher aperta o botão para o elevador subir. A porta se fecha, o equipamento sobe e Miguel desembarca no 9º andar, onde ocorreu o acidente.
Uma empregada doméstica precisou levar o filho para o trabalho, e foi passear com o pet da sua patroa e deixou ele com ela, a patroa deixou o menino no elevador sozinho e ele caiu do 9 andar. Miguel tinha 5 aninhos! #justicapormiguel #VidasNegrasImportam pic.twitter.com/3FKh9EVgZy
— UpdateChart (@UpdateChartBRA) June 4, 2020
Naquele pavimento, Miguel caiu de uma altura aproximadamente de 35 metros de altura. Em entrevista coletiva transmitida nas redes sociais, o delegado Ramón Teixeira responsabilizou a empregadora pela tragédia.
“Ela [a empregadora] tinha o dever de cuidar da criança. Houve comportamento negligente, por omissão, de deixar a criança sozinha no elevador”, disse o policial.
A empregadora de Mirtes chegou a ser detida no dia do crime e foi autuada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A mulher, que não teve o nome divulgado, pagou uma fiança de R$ 20 mil e foi liberada. Ela deve responder pelo crime em liberdade.
Mobilização
Pelas redes sociais, a morte do menino causou comoção. Internautas levantaram uma campanha pedindo justiça na condução das investigações e a punição à empregadora de Mirtes.
Um abaixo-assinado (veja aqui) foi criado e já conta com mais de 180 mil assinaturas até esta quinta-feira (4). “Queremos justiça pela vida do pequeno Miguel e por toda sua família vítima de uma tremenda irresponsabilidade da patroa. A vida dele importa e vale muito mais que 20 mil reais de fiança”, diz o texto que acompanha o abaixo-assinado.
a dívida do racismo definitivamente não pode ser paga pic.twitter.com/G1i1GzzgpP
— jude (@judepaulla1) June 4, 2020
Eu não tenho mais psicológico nenhum pra lidar com essas notícias ruins.
— Brii ⚫⚪✊? (@Alviinegra_sccp) June 4, 2020
Hoje o que causa revolta e entristece os nossos corações é a morte dessa criança que tinha apenas 5 anos de idade.
20 mil não traz a vida do Miguel de volta e nem ameniza a dor dessa mãe!#justicapormiguel pic.twitter.com/AvtXedZC5m
Miguel, querido Miguel. Eu olho pra você e penso que você tinha a idade da Laura. O que fez com que você entrasse naquele elevador aos prantos, procurando sua mãe? O que fez com que você não fosse acolhido como minha filha é cada vez que chora quando me acompanha no trabalho? pic.twitter.com/d9rvYw4k4y
— Manuela (@ManuelaDavila) June 4, 2020
Uma mãe negra, uma criança negra. Uma madame branca que fez pouco caso da criança negra. A colocou SOZINHA no elevador, para que ele fosse encontrar a mãe. Ele caiu e morreu. 35 metros de altura. Ela faria o mesmo com o filho dela? Manda-lo sozinho? QUE ÓDIO. #justicapormiguel
— Santiago, Raull (de ?)? (@raullsantiago) June 4, 2020