‘Hot Dog Travecão’: Lanchonete causa revolta ao ser acusada de transfobia; dono pede desculpas

Prato foi alvo de críticas e denúncias ao iFood
Prato foi alvo de críticas e denúncias ao iFood (HannahChen/Pixabay + Facebook/Reprodução)

O nome dado a um sanduíche por uma lanchonete do interior de São Paulo causou revolta nas redes sociais nos últimos dias. Um estabelecimento do município de Catanduva (SP) batizou um cachorro-quente como Hot Dog Travecão, em alusão a um termo pejorativo para se referir a pessoas trans. Após acusações de transfobia, que tornou-se crime em 2019, o dono da lanchonete retirou o nome do cardápio e se desculpou.

“Pagamos impostos e temos de ser tratadas com o respeito que merecemos. Quando se usa ‘traveco’ está endossando o discurso de que mulher trans é algo bizarro. Parece que pode fazer chacota, como se fôssemos figuras caricatas. É crime de transfobia”, afirma ao BHAZ a estudante de farmácia Emilly Valentine.

Ela explica que o cardápio se disseminou em grupos de redes sociais. “Participo de muitos grupos envolvidos em causas sociais e, em um deles, uma trans postou o print do cardápio desta lanchonete disponível no iFood. Começamos a denunciar na página do serviço de entrega de alimentos e pedimos que providências fossem tomadas”, relata.

“‘Traveco’ é usado é um termo ofensivo para nos relacionar à prostituição. O termo mulher trans nos trouxe para a luta. Nos deu voz”, resume Emilly, ao lembrar também do crime de transfobia. Em meados de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) criminalizou tanto a transfobia quanto a homofobia, que são formas de dicriminação contra pessoas LGBT.

  • “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
  • a pena será de um a três anos, além de multa;
  • se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
  • a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema

Pedido de desculpas

Procurado pelo BHAZ, o proprietário do estabelecimento, Carlos Fabiano Santillo, afirma que não foi intenção ofender as pessoas trans e que, “se soubesse, não teria colocado esse nome de forma alguma”.

O empresário conta que o lanche foi criado há seis anos após sugestão de um cliente. “Nunca discriminei ninguém e nunca tive problemas. Tem até uma cliente travesti que comprava este lanche todo a semana. Tudo começou de quinta-feira passada pra cá. Na hora que ficamos sabendo já tiramos o lanche do cardápio”, afirma.

Por fim, Santillo alega que está sofrendo ameaças após o cardápio viralizar nas redes sociais. “Estão divulgando até foto minha. Nesta madrugada, minha filha de 15 anos acordou chorando falando que tinha alguém tentando entrar no nosso trailer. Isso gerou um trauma na minha família”.

“Tenho muitos clientes LGBT e nunca tive problema por conta deste prato. Mas não vamos mais trabalhar com ele devido à ofensa gerada. Reforço meu pedido de desculpas”, conclui.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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