Backer culpa fornecedores, põe conclusão da polícia em xeque e fala em compromisso com vítimas

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IMAGEM ILUSTRATIVA (Reprodução/Instagram/Backer + Amanda Dias/BHAZ)

A Backer discorda do resultado do inquérito policial concluído nessa terça-feira (9) a respeito dos casos de intoxicação provocados pelo consumo de bebidas da marca. Em entrevista coletiva realizada nesta quarta (10), os advogados de defesa da cervejaria sustentaram que a responsabilidade criminal deveria ser atribuída aos fornecedores da empresa. Além disso, informaram ter depositado R$ 200 mil para auxiliar vítimas da intoxicação. 

O advogado de defesa Marco Aurélio Souza Santos alegou que o inquérito  da PC (Polícia Civil) confirmava a ideia de que a intoxicação não seria culpa da cervejaria. “A investigação feita pela PC respondeu o que estamos afirmando desde o início. Que ocorreu um acidente e um vazamento pontual”,  declarou.

No entanto, Santos discorda da conclusão das autoridades em relação à responsabilidade criminal. Segundo o advogado, os fornecedores que não chegam nem a ser citados deveriam ser responsabilizados.

“Não posso entrar em detalhes, mas posso afirmar categoricamente a conclusão do inquérito apresentado pela PC não condiz com as provas que foram carreadas dentro da empresa pela própria PC. As provas que estão nos autos do inquérito não correspondem com o quê foi concluído ontem”, disse.

Os advogados acrescentam que os relatórios do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) são contraditórios com o da Polícia Civil. Como o inquérito corre em sigilo, os advogados afirmam que as provas serão apresentadas em momentos oportunos. “Não cabe julgamento emocional para contaminação. Acredito que esse episódio vai revolucionar o mercado de cerveja” afirmou o advogado Estevão Nejm.

Auxílio às vítimas 

Com relação ao auxílio para os intoxicados, a empresa alegou dificuldade por conta do bloqueio dos bens determinado pela justiça. Ainda assim, afirmam que fizeram um depósito judicial de 200 mil reais para as vítimas.

Segundo a empresa, o dinheiro trata-se de um empréstimo retirado do pagamento adiantado de uma venda de produtos da própria Backer – que estão aptos para consumo, mas não têm autorização para venda.

De acordo com a Backer, de todas as 29 vítimas que o inquérito concluiu, apenas cinco teriam atendido aos critérios determinados pelo TJ (Tribunal de Justiça), para receber auxílio nas despesas médicas emergenciais.

Eliana Reis é esposa de José Osvaldo, que é uma das vítimas que não conseguiu ser incluída para recebimento do recurso. Segundo ela, a documentação solicitada é muito extensa e já entregou tudo que tinha disponível até o momento.

“Eu entreguei o laudo do intensivista, porque o prontuário que falaram que não entreguei, levou 5 dias para ser colocado em pen drive, para se ter ideia. Então, é gigantesco e os advogados falam que vai ser anexado o prontuário, mas aquele laudo do intensivista é o que vale. Mas para eles verem os exames, nós também vamos anexar. Mas não vai ser fácil para eles olharem tudo, porque ele passou muita coisa”, relatou ao BHAZ.

Retorno ao mercado

A cervejaria também aproveitou a oportunidade para dizer que pretende voltar ao mercado assim que possível. “A empresa pretende retomar as atividades com força total primando por todo o processo. Sendo referência de cervejaria no país”, declarou Isabella Nejm.

Questionado pelo BHAZ se haveria algum arrependimento ou autocrítica da administração, o advogado Estevão afirmou que não é o momento de pensar em arrependimento e é preciso muito cuidado ao apontar dedos.

“O principal arrependimento da Backer é em ter, infelizmente, comercializado um produto contaminado. No que diz respeito ao desenrolar do procedimento, vai ser analisado pontualmente e se eventualmente a Backer falhou, o judiciário é atento a esse tipo de diligência”, declarou.

“A gente tem que ter parcimônia porque é muito fácil apontar o dedo. A gente está falando de uma cervejaria extremamente premiada e da noite para o dia é como se a cervejaria fosse absolutamente imprópria. A gente tem que ser mais técnico”, acrescentou.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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