Um grupo de pessoas invadiu o Hospital municipal Ronaldo Gazolla, no Rio de Janeiro, e causou uma confusão em um andar exclusivo para pacientes da Covid-19. Algumas testemunhas relataram ao jornal O Globo que uma das pessoas do grupo chutou portas, derrubou computadores e tentou invadir leitos de pacientes internados.
Segundo a apuração do jornal, as pessoas seriam familiares de uma vítima do coronavírus, que faleceu na unidade na manhã desta sexta-feira (12). Relatos afirmam que o grupo estava revoltado e gritava que tinham o direito de verificar os leitos, para ver se estavam mesmo ocupados. De forma agressiva, eles também teriam gritado: “Mentira! Mentira!”.
Alex Telles, médico da unidade e presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro) afirmou ao Globo que aquelas pessoas não deveriam ter sido autorizadas a subir ao andar dos pacientes internados.
“É uma área só com pacientes com Covid-19, com risco biológico 3. Eles entraram de maneira muito agressiva, porque uma familiar foi a óbito e eles não aceitavam a situação, diziam que a mãe estava bem ontem (quinta-feira) e perguntavam como ela morreu hoje. Infelizmente, é uma doença que tem um curso muito rápido”, detalhou.
Incentivo
A invasão acontece um dia após o presidente Jair Bolsonaro incentivar seus apoiadores a invadirem hospitais. Em sua tradicional live nas redes sociais, o chefe do executivo sugeriu que as pessoas filmassem as unidades de saúde, para verificar se os leitos estão sendo usados. “Arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso, mas mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão sendo ocupados ou não”, orientou.
Nas redes sociais, a notícia da invasão do Hospital Ronaldo Gazolla e o discurso do presidente foram associados. Com a repercussão, a hashtag “Invadir Hospital é Crime” ficou entre os assuntos mais comentados do país, no Twitter.
Grupo invade alas de pacientes com Covid-19 em Ronaldo Gazolla, no Rio de Janeiro.
— Bonde do Che (@bdc_tti) June 12, 2020
Essa tá na conta desse verme aqui também: https://t.co/r4i2BoBOCm pic.twitter.com/aktGg7crCO
Para o médico Alex Telles, esse tipo de incentivo expões o profissional da saúde. “Com o discurso do presidente, de que é pra dar qualquer jeito para entrar em hospital, infelizmente a tendência é que as pessoas se sintam cada vez mais autorizadas a desrespeitar as normas. Nós estamos ali cuidando das pessoas, sobrecarregados e somos vítimas disso tudo”, declarou ao Globo.
Resposta da Secretaria
Ainda segundo o jornal O Globo, a Secretaria municipal de Saúde afirmou que o tumulto foi causado por cinco pessoas da mesma família, que se desesperaram após a notícia da morte de uma parente. Uma das pessoas da família precisou ser medicada para se acalmar.
No entanto, a pasta nega que houve invasão do local e afirma que o grupo teve a entrada autorizada na ala. O tumulto foi contido com a atuação de funcionários do hospital e da guarda municipal.