Atualização às 21h30 do dia 17/06/2020: Esta reportagem foi atualizada para corrigir uma informação – ao contrário do que foi publicado anteriormente, a Santa Casa é sim uma referência no combate à Covid-19 em BH.
A pandemia da Covid-19 segue cada vez mais forte em Belo Horizonte. A Santa Casa atingiu 98% de ocupação nos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados aos pacientes da doença. No total, a capital mineira já está com 74% dos leitos de UTI disponíveis para a Covid-19 ocupados, e 58% das enfermarias estão cheias com os casos, segundo boletim semanal da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte). De acordo com infectologista, o pico da doença ainda está distante, sem uma previsão certa, enquanto e epidemia avança (leia mais aqui).
Em boletim divulgado pela SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), nesta terça-feira (16), Belo Horizonte tem 3.412 casos confirmados e 76 mortes causadas pelo novo coronavírus. No total, em Minas Gerais, são 22.024 infeções e 502 mortes pela doença.
Nessa segunda-feira (15), o hospital Risoleta Tolentino Neves também atingiu taxa altíssima de ocupação dos leitos de UTI destinados à Covid-19 (leia mais aqui) – 100%. No caso da Santa Casa, no entanto, há um elemento a mais, apesar de não ter atingido a lotação máxima: a unidade é uma das referências no tratamento da doença na capital mineira.
Por meio de nota, a Santa Casa disse que 98% dos 40 leitos de UTI destinados ao tratamento de pacientes com suspeita ou confirmados com a Covid-19 estão ocupados. “Nesta semana, está prevista a abertura de mais 10 leitos, seguindo o planejamento traçado junto à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte para o enfrentamento da doença”.
‘Reflexo da flexibilização’
Carlos Starling, infectologista do Comitê de Combate à Covid-19 de Belo Horizonte, explica que epidemia cresce de forma acelerada. “Isso é reflexo da flexibilização do isolamento social e da epidemia descontrolada no entorno de Belo Horizonte, onde o relaxamento é maior. Não há uma previsão de quando chegaremos ao pico, pois estamos com milhares de pessoas expostas, ainda pode demorar”.
Os critérios para a chegada ao pico são estatísticos, segundo o infectologista. “Sofrem influência de medidas restritivas, do isolamento social, uso de máscara, etc. Como começamos o isolamento logo no início, conseguimos preparar melhor o sistema de saúde e vamos jogando esse aumento no número de casos, o pico, cada vez mais para frente”, explica.
Com o isolamento chegando a três meses, o médico conta que é preciso cuidado. “Para não sacrificar tanto a economia e controlar a taxa de desemprego, existe a flexibilização. É um equilíbrio complexo. Se a demanda por leitos for aumentando a cada dia, de forma descontrolada, é possível que seja dado um passo atrás, com um isolamento mais rigoroso novamente”.
Para finalizar, o recado do infectologista é o que, atualmente, já sabemos muito bem, mas é sempre bom reforçar. “Estamos no meio da epidemia, em fase de acensão, mais do que nunca é necessário ficar em casa. Só sair para o que for absolutamente fundamental. E, quando precisar sair, utilizar máscara, higienizar bem as mãos e manter o distanciamento social”, completa.
Hospital de campanha
O Governo de Minas sinalizou, nessa segunda-feira (15), que deve iniciar conversas para ativação do hospital de campanha instalado no Expominas, no bairro Gameleira, na região Oeste de Belo Horizonte. O secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, disse, em coletiva de imprensa na Cidade Administrativa, que o assunto será debatido ainda nesta semana. No entanto, hoje, o governador Romeu Zema (Novo) afirmou que ainda não é o momento de iniciar atendimentos no centro de saúde.
No entanto, Carlos informou que a preferência, no momento, é ativar o máximo de leitos possíveis em unidades já existentes, como hospitais da rede estadual e municipal. “Daremos preferência para leitos mais fáceis de abrir, já com estrutura montada. Em um segundo momento, pensaremos na inauguração de hospitais de campanha, como o de BH e o de Betim”, ressaltou.