Governo de Minas critica PBH por abertura de shoppings populares

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Medidas de flexibilização foram criticadas (Amanda Dias/BHAZ)

Os programas de flexibilização das medidas de combate ao novo coronavírus adotados pela PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) e prefeituras da região metropolitana foram duramente criticados pelo secretário-geral do Governo de Minas Gerais, Mateus Simões. O secretário acusa a gestão da capital de não cumprir compromissos de expansão de leitos.

Em pronunciamento na manhã desta quarta-feira (17), concedido na Cidade Administrativa de Minas Gerais, o secretário considerou medidas como a abertura de shoppings populares como precipitadas e disse que isso já “começa a cobrar o seu preço” na capital. A fala é em referência ao agravamento de casos de Covid-19 em BH e região metropolitana.

Procurada, a PBH disse que responderá às falas de Simões. No entanto, até o fechamento desta matéria, a gestão municipal ainda não havia se pronunciado. Caso a prefeitura se posicione, este material será atualizado.

“Nos últimos dias começamos a ver uma deterioração muito clara do quadro de contágio da região metropolitana, tema que já foi abordado pela SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) e que tem causado preocupação efetiva no Governo. A capital e região são as que apresentam os piores índices em termos de número de contágio e concentram toda a nossa preocupação”, afirmou.

“Especialmente nas últimas semanas quando a curva se agravou, coincidentemente, logo depois das decisões de reabertura divorciadas dos protocolos do Minas Consciente”, complementou, alfinetando as estratégias de flexibilização do comércio adotadas pela PBH. Segundo boletim da SES-MG, a capital mineira tinha 1.402 casos registrados e 42 óbitos por Covid-19 no dia 25 de maio, quando começou a flexibilização do comércio. Balanço de hoje aponta 3.548 confirmações e 83 mortes.

Leitos

Simões disse ainda que a prefeitura não cumpriu compromissos de abertura de leitos para controle da doença. “Foram prometidos inicialmente, em compromissos públicos feitos pela PBH, a expansão de mais de mil leitos na cidade. Se falou em 7 mil leitos com respiradores. Nada disso foi definitivamente implantado. Da previsão inicial de expansão de CTIs, contamos hoje com pouco mais de 25% do que foi comprometido pela PBH. Isso nos causa ainda mais preocupação já que a capital e o seu entorno apresentam agravamento de infecção grave nos últimos dias”, afirmou.

Devido ao aumento no número de casos de Covid-19 na cidade, Simões anunciou a criação de 23 novos leitos no hospital Julia Kubitschek, no Barreiro, para dar um respiro na saúde da capital. No entanto ele não poupou a gestão municipal de críticas.

“A Polícia Militar vai fornecer mão de obra para que esses leitos sejam colocados em funcionamento imediatamente para trazer um suspiro à capacidade assistencial do município. Ao lado disso, vamos intensificar o esforço do Estado de ampliar os leitos que o município não foi capaz de ampliar”, disparou Simões.

Hospital de campanha

Nos últimos dias, a PBH passou a pressionar o Governo de Minas para ativação dos leitos do hospital de campanha montado no Expominas, para que não “afogue” a saúde da capital. O governador Romeu Zema (Novo) e o secretário de Saúde disseram que ainda não é o momento de abrir a estrutura (veja mais aqui e aqui).

Simões disse hoje que a pressão sinaliza uma insegurança nas medidas tomadas pela prefeitura. “O questionamento, que vem crescendo nos últimos dias, sobre a sobre a velocidade de abertura do hospital de campanha nos demonstra uma insegurança por parte das autoridades municipais sobre capacidade de assistência na região metropolitana, fornecida pelos municípios”, pontuou.

O secretário pediu, no entanto, que as secretarias relatem as dificuldades enfrentadas. Por fim, ele ressaltou o programa Minas Consciente, que não foi adotado pela PBH, que preferiu um sistema de ondas de reabertura (entenda aqui). Acrescentou ainda que a medida da capital começa a “cobrar seu preço”.

“Insisto para os gestores municipais observem que nós temos um protocolo de qualidade e segurança para garantir que as pessoas que estiverem em circulação estejam dentro de critérios sanitários que não exponham as outras pessoas à risco. A abertura dos shoppings populares há 15 dias já está cobrando o seu preço em BH”, destacou Simões.

O que diz a prefeitura?

A PBH defendeu, porém, que o aumento do número de casos de Covid-19 na capital e na região metropolitana não tem relação apenas com a flexibilização do comércio. Confira a nota na íntegra:

“Diferente do que sinalizou o governo do estado em coletiva nesta quarta-feira, é importante esclarecer que o aumento de casos da COVID 19 em Belo Horizonte e na região Metropolitana não se deve exclusivamente à retomada de atividades, uma vez que a curva começou a sua fase ascendente, uma semana antes da flexibilização em Belo Horizonte.
Este aumento não tem relação com a não adesão dos protocolos do Programa Minas Consciente, mesmo porque, cidades que aderiram ao Programa do estado tiveram que voltar atrás. Belo Horizonte tem o protocolo próprio, o Plano de Contingência, que utiliza muitas das coisas positivas que Minas Consciente utiliza e outras diretrizes que não são necessárias em cidades de menor porte.

Enquanto o governo diz que a Prefeitura precisa cumprir com os compromissos de abertura de leitos, Belo Horizonte trabalha de forma ininterrupta para disponibilizar novas unidades e conta hoje com leitos e respiradores necessários para a assistência da população. Neste mês, a capital já abriu 26 leitos e vai abrir pelo menos mais 68 nesta – entre unidades de UTI e enfermaria.

É importante destacar que a capital não recusa receber moradores de outros municípios nos hospitais da rede. Continuamos a atender a residentes de outras cidades que têm pactuação com a capital.
Entretanto, para que as unidades da rede municipal SUS de Belo Horizonte não sejam sobrecarregadas, é importante que outras cidades do estado também sejam contempladas com novas unidades de internação, e tenham capacidade para atender à moradores das suas regiões, que muitas vezes precisam viajar longas distâncias para terem o atendimento de saúde na capital. Por fim, a Prefeitura lamenta que pessoas utilizem a pandemia para fins políticos”

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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