Dono da casa onde Queiroz se abrigava há um ano, advogado dizia não saber onde ele estava

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O advogado estava presente, ontem, na posse do ministro das Comunicações (SBT + GloboNews/Reprodução)

Frederick Wassef, advogado dono da casa onde Fabrício Queiroz foi preso na manhã desta quinta-feira (18), afirmou em setembro de 2019 não saber do paradeiro do ex-assessor de Flávio Bolsonaro. A declaração feita no ano passado ganhou nova relevância após o caseiro do imóvel ter informado, hoje, que o “esconderijo” era utilizado por Queiroz há um ano.

Wassef, inclusive, marcou presença no Palácio do Planalto nessa quarta-feira (17) na cerimônia de posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria. O advogado da família Bolsonaro também se encontrou com o presidente da República no dia 14 de maio, de acordo com a agenda oficial. Ele também afirmou, em abril, que está “no dia a dia” com o presidente.

Fabrício Queiroz foi assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador pelo Republicanos, entre 2007 e 2018. Além da relação com o senador, a amizade do presidente Jair Bolsonaro com Queiroz é antiga e os dois podem ser vistos juntos em algumas imagens publicadas nas redes sociais, em que aparecem pescando.

‘Cadê o Queiroz?’

Em setembro de 2019, o advogado da família Bolsonaro deu uma entrevista ao programa “Em foco com Andreia Sadi”, da GloboNews. Questionado pela jornalista sobre o paradeiro de Fabrício Queiroz, Wassef respondeu: “Não sei, não sou advogado dele”.

Até esta manhã, Queiroz não havia sido visto publicamente de 12 de janeiro, quando apareceu dançando no hospital durante a recuperação de uma cirurgia, em um vídeo publicado nas redes sociais. Antes disso, o mistério sobre o paradeiro do policial aposentado já havia popularizado a frase “Cadê o Queiroz?”.

A resposta do advogado Frederick Wassef à jornalista Andreia Sadi passou a ser questionada quando, nesta manhã, o caseiro do imóvel onde Queiroz estava abrigado, que pertence ao advogado, disse que ele estava lá há um ano.

Dia a dia com o presidente

Além da presença de Wassef na posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria, e do encontro com o presidente há um mês, o próprio advogado já afirmou que “conhece tudo” que acontece com a família Bolsonaro.

Em entrevista à rádio Gaúcha no final de abril, Frederick Wassef disse: “Eu moro em Brasília, estou no dia a dia aqui com o presidente e com a família Bolsonaro. Eu conheço tudo que tramita na família Bolsonaro”. 

Outro encontro do advogado com o presidente também foi relembrado pela jornalista Andreia Sadi: no fim de semana em que Jair Bolsonaro decidia quem seria o novo diretor-geral da PF (Polícia Federal) e do novo ministro da Justiça, o presidente recebeu Wassef no Palácio da Alvorada.

O encontro, no dia 26 de abril, foi questionado pelo blog da jornalista no G1. Wassef disse que foi tratar de “questões de natureza jurídica, principalmente a respeito de matérias mentirosas que estão sendo ditas sobre o presidente”. Questionado se ele estaria participando da escolha do diretor-geral e do ministro da Justiça, o advogado negou e disse que era “mera coincidência”.

Prisão

Fabrício Queiroz foi preso nesta manhã, em Atibaia (SP), na região do Vale do Paraíba. Ele estava em um um imóvel do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef.

A ação faz parte da Operação Anjo, que cumpre ainda outras medidas cautelares autorizadas pela Justiça, relacionadas ao inquérito que investiga a chamada rachadinha, em que servidores da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) devolveriam parte dos seus vencimentos ao então deputado estadual Flávio Bolsonaro. 

Queiroz era lotado no gabinete do parlamentar à época em que Flávio era deputado estadual. O nome de Fabrício Queiroz consta em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que aponta uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta em nome do ex-assessor.

O relatório integrou a investigação da Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, que prendeu deputados estaduais no início de novembro do ano passado.

Contra outros suspeitos de participação no esquema (o servidor Matheus Azeredo Coutinho, os ex-funcionários Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins e o advogado Luis Gustavo Botto Maia), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro obteve na Justiça a decretação de medidas cautelares que incluem busca e apreensão, afastamento da função pública, comparecimento mensal em juízo e a proibição de contato com testemunhas.

Com Agência Brasil

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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