Conselho denuncia transporte de pacientes com suspeita de Covid no mesmo Samu

(Amanda Dias/BHAZ)

Servidores da Saúde de Belo Horizonte denunciam que mais de um paciente com sintomas da Covid-19 estão sendo transportados na mesma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência). Eles também alertam para o aumento do número de funcionários infectados pelo novo coronavírus na capital mineira.

Em entrevista ao BHAZ, Carla Anunciatta, presidente do CMSBH (Conselho Municipal de Saúde de BH), alega que os servidores fizeram a denúncia nesta quinta-feira (18). A categoria está apreensiva pois, com o crescimento do número de pacientes com sintomas, eles estão precisando transportar até duas pessoas no mesmo veículo.

“Desde que começou a flexibilização do comércio, temos percebido aumento de pessoas sintomáticas para a Covid-19. O paciente procura a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e, dependendo de como ele está, é levado para um hospital. O transporte é feito pelo Samu e agora até duas pessoas estão sendo transportadas [ao mesmo tempo]”, explica.

Prática incorreta

A prática não é recomendada, mesmo após a confirmação da doença. “Os trabalhadores procuram o Conselho, e fizeram a denúncia dizendo que isso tem se tornado frequente. Eles acabam fazendo isso pois, se sai a vaga para a pessoa, não há a possibilidade de deixar de levá-la”, diz Carla.

Procurada pelo BHAZ, a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) informou que, “eventualmente”, até dois pacientes com suspeita do novo coronavírus podem ser transportados juntos. Porém é preciso que seja “em veículos de maior porte”.

“Esta conduta ocorre quando a origem e o destino dos pacientes são os mesmos e sem a presença de acompanhantes. O Samu segue uma série de regras para higienização e desinfecção das ambulâncias conforme orientações e notas técnicas em vigor”, diz trecho da nota que pode ser lida na íntegra abaixo.

Servidores com Covid-19

A presidente do Conselho também denuncia o aumento de servidores da saúde infectados com o novo coronavírus. Em uma semana, segundo Carla, mais de 60 testaram positivo para a doença.

“Na sexta-feira da semana passada tínhamos 12 trabalhadores da rede SUS (Sistema Único de Saúde) de BH contaminados, hoje o número chegou a 76. O prefeito [Alexandre] Kalil (PSD) precisa de apoio para retornar o isolamento da cidade”, diz.

Indagada sobre a contaminação de profissionais da saúde com a Covid-19, a prefeitura esclareceu que o número de casos positivos pode ser acessado no Boletim Epidemiológico e Assistencial. Confira os números desta quinta-feira. Veja abaixo:

  • Testados – 2.584
  • Positivos – 209
  • Negativos – 2.190
  • Em investigação – 185

Os integrantes do CMSBH defendem o lockdown de BH na tentativa de frear o avanço da Covid-19.

“As pessoas estão pensando que a flexibilização do comércio é o fim do isolamento. O aumento da circulação de gente faz com que o vírus propague na mesma velocidade e isso sobrecarrega os hospitais como já estamos vendo. Somos a favor do lockdown”, ressaltou.

Respiradores

Outra denúncia feita pelos servidores da Saúde é com relação aos respiradores nas UPAs. Segundo os denunciantes, são poucos equipamentos e alguns equipamentos estão estragados.

“Na UPA Oeste, por exemplo, tem dois respiradores. Um quebrou e os profissionais estão tendo que fazer a técnica manual. É muito perigoso, pois este modo faz o paciente produzir muitos folículos [gotículas] aumentando, ainda mais, o risco de contaminação do profissional da saúde. A situação está preocupante”, alerta Carla.

A PBH informou que as 9 UPAs da capital contam com 35 respiradores, no entanto, não especificou quantos equipamentos estão em cada unidade.

Nota da PBH na íntegra:

O SAMU segue protocolos rigorosos de conduta no atendimento, transporte e desinfecção das ambulâncias.

Todos os profissionais do SAMU foram devidamente capacitados e seguem protocolo para o uso de Equipamentos de Proteção Individual.

Eventualmente podem ser transportados até dois pacientes com suspeita de Covid-19, seguindo as orientações e normas vigentes, em veículos de maior porte. Esta conduta ocorre quando a origem e o destino dos pacientes são os mesmos e sem a presença de acompanhantes.

O SAMU segue uma série de regras para higienização e desinfecção das ambulâncias conforme orientações e notas técnicas em vigor. Os processos são realizados após cada atendimento”.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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