Detento morre após testar positivo para Covid-19 na Grande BH

presídio ribeirão das neves
Um detento de 67 anos morreu após ser diagnostico com o novo coronavírus (Google Street View/Reprodução)

Um detento de 67 anos morreu após ser diagnosticado com o novo coronavírus, no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. A morte ocorreu na última quinta-feira (18), após três dias de internação e uma piora rápida no quadro. Segundo a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), os outros 26 detentos que estiveram com ele estão isolados e em acompanhamento.

Antônio Pereira Nunes estava preso desde 2014, cumprindo uma sentença de 14 anos. Segundo a Sejusp, ele foi internado no Hospital São Judas Tadeu, na noite da última segunda-feira (15), após atendimentos médicos na unidade e a identificação de um quadro de pneumonia.

Já no hospital, na terça-feira (16), ele realizou teste rápido para a Covid-19, com resultado positivo. A piora no quadro de saúde levou à morte de Antônio na quinta-feira (18). Com prioridade e de forma célere, o Estado investiga agora a causa desse óbito: se motivada por coronavírus ou causada por outra enfermidade, como a identificada pneumonia, apesar da infecção por Covid-19.

O detento tinha 67 anos, era cardiopata e hipertenso. Na quarta-feira (17), ele recebeu o benefício da prisão domiciliar, ainda segundo a Sejusp. Todos os 26 presos que pertencem à ala em que Antônio se encontrava já estão, desde segunda-feira, isolados e sendo acompanhados pela equipe de saúde da unidade. O órgão ainda afirma que o local também está recebendo limpeza e desinfecção diariamente.

A pasta informou que a testagem de todos os detentos e servidores do Presídio Inspetor José Martinho Drumond já foi iniciada, em uma parceria da Sejusp, SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) e a Prefeitura de Ribeirão das Neves. 

Outros casos no presídio

Na última semana, segundo a Sejusp, 34 presos foram confirmados para Covid-19 na unidade prisional, em outra ala. Destes, 33 estão assintomáticos e um com sintomas leves – todos também acompanhados pela equipe de saúde.

A Sejustp afirma que o Presídio Inspetor José Martinho Drumond segue sendo acompanhado com prioridade pelo Depen-MG (Departamento Penitenciário de Minas Gerais). “A situação da unidade tem sido debatida e ações de gestão, tomadas, duas vezes por dia, em conjunto com instituições como Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Ministério Público e Defensoria Pública”, diz trecho de nota enviada à imprensa.

A morte de Antônio Pereira segue em investigação para descobrir se foi realmente a Covid-19 que matou o detento. “Até o momento, 98 detentos têm confirmação da doença, e estão assintomáticos ou com sintomas leves. Não há mortes confirmadas por Covid-19 no sistema prisional”, continua a nota.

Medidas adotadas

Para controlar a situação, a Sejusp adotou algumas medidas para prevenir e controlar a disseminação do novo coronavírus nas unidades prisionais de Minas. São elas:

  • Suspensão das visitas: Para evitar a disseminação do vírus por meio de contato com o público externo, as visitas foram suspensas, para diminuir a circulação de pessoas externas, assim como a entrega, até então opcional, de kits suplementares contendo alimentos, remédios entre outros itens, para evitar a circulação de materiais contaminados. Destaca-se que esses itens continuam sendo fornecidos pelas unidades prisionais e recebidos, ainda, via Correios. Todos os kits enviados por meio postal são inspecionados, por questões de segurança, e estando em conformidade com a legislação, são entregues aos presos.
  • Cuidados com quem já está preso: No caso de presos que já se encontram no sistema prisional, caso apresentem sintomas da covid-19, o protocolo é o seguinte: isolamento imediato, realização de exames e, em caso de confirmação, tratamento segundo protocolo da área da Saúde. Em todas as unidades  em que há presos com covid-19 confirmados, a desinfecção do ambiente também é imediata e todos os demais detentos passam a usar máscaras, de forma preventiva.
  • Evitar o contágio via profissionais de segurança: Imprescindíveis para a segurança das unidades, os profissionais estão com as escalas de trabalho dilatadas, de forma a diminuir a circulação desses servidores intra e extramuros.
  • Evitar a circulação de presos para realização de audiências: Foram instalados equipamentos para a realização de videoconferências judiciais em todas as unidades prisionais que estão, aos poucos, se adaptando para uso dessa ferramenta. Com isso, evita-se o deslocamento da maioria dos presos para o ambiente extramuros e diminui-se o risco de contágio pelo coronavírus. Já foram realizadas mais de 1.400 videoconferências judiciais neste período de pandemia – uma parceria com o Poder judiciário que deve se estender no período pós pandemia por resultar em ganhos positivos para todos os atores envolvidos.
  • Contato com as famílias: Com a suspensão das visitas, necessária para contenção do vírus, os familiares podem ter contato com seus parentes de três formas: por meio de cartas (ação prevista para todas as unidades e com média de 35 mil recebimentos por semana), ligações telefônicas (cujo número é diferente em cada unidade e deve ser fornecido pelo presídio ou penitenciária; a média semanal é de 15 mil ligações realizadas) ou videoconferências nas unidades em que essa tecnologia já está disponível. Mais de 25% das unidades prisionais já realizam visitas familiares por videoconferência.
  • Limpeza geral e desinfecção de ambientes: As áreas estruturais como celas, pátios, áreas administrativas e técnicas, portarias, guaritas e, também, veículos estão passando por higienização reforçada, semanal, durante a pandemia. A ação é simultânea e sempre as terças-feiras em todas as 194 unidades do Estado.
  • Máscaras e EPIs: O sistema prisional está produzindo máscaras para uso nas próprias unidades e segurança de todos. No interior das unidades prisionais já foram mais de 2 milhões de máscaras produzidas por custodiados. Todos os servidores são obrigados a circular no interior das unidades de EPIs e, a eles, este material é fornecido sistematicamente. Os presos também utilizam máscaras quando estão com algum sintoma suspeito ou quando pertencem a alas ou pavilhões onde outro detento foi testado positivo para a doença.
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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