Turistas ‘invadem’ Macacos em meio à pandemia e ignoram isolamento

Distrito tem ficado lotado aos finais de semana
Distrito tem ficado lotado aos finais de semana (Arquivo pessoal)

Para driblar as medidas impostas pelo distanciamento social durante a pandemia do novo coronavírus, turistas estão “fugindo” para Macacos, distrito de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. A “invasão” tem deixado os moradores apreensivos, já que eles temem a proliferação do vírus. Especialistas da saúde repudiam a prática.

Pousadas, trilhas e bares são as principais atrações do local, conforme conta, ao BHAZ, uma moradora que prefere não se identificar. “As pessoas estão vindo para Macacos em busca de lazer, mas sequer usam máscaras. As regras determinadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) não estão sendo respeitadas”, diz.

Os fins de semana, principalmente os prolongados, são os que reúnem o maior número de pessoas. “No feriado de Corpus Christi tivemos uma grande concentração de pessoas e isso nos deixou muito assustados. Muitos motociclistas, bares e pousadas lotados”, relembra.

Maioria dos carros são de Belo Horizonte, segundo moradores (Arquivo pessoal)

Pedido da população

Os moradores de Macacos decidiram encaminhar um e-mail para a secretaria municipal de Saúde de Nova Lima com um pedido: “Desejamos que seja implementada barreira sanitária na entrada do distrito. É uma forma de fazer uma abordagem aos turistas e sabermos como eles estão. As pessoas estão entrando sem proteção alguma”.

Eles ainda não receberam uma reposta da pasta. Procurada pelo BHAZ, a Prefeitura de Nova Lima informou que “intensificará as ações” de fiscalização no distrito. O Executivo municipal ressaltou que já fez mais de 5 mil ações fiscalizatórias e conta com o apoio da população para denúncias.

“O Governo Municipal esclarece ainda que, em caso de violações das regras de enfrentamento à Covid-19, a população pode acionar os serviços de fiscalização pelos telefones da Ouvidoria Geral do Município: (31) 98773- 1172 e 98899-1217”, esclareceu.

Moradores estão pedindo instalação de barreiras sanitárias (Arquivo pessoal)

A entrevistada conta que o temor dos habitantes de Macacos é grande devido à região ter muitos moradores idosos e pouca estrutura para atender possíveis infectados.

“Nós não temos o mesmo atendimento hospitalar de Belo Horizonte. Só temos um posto de saúde que não funciona aos fins de semana. A pessoa traz a doença e se quisermos atendimento temos que ir para Nova Lima ou BH. Sem falar nos idosos que é maioria dos moradores. O grupo de risco é altíssimo”, destaca.

‘Perigo imenso’

Nova Lima, conforme o Boletim Epidemiológico da SES (Secretaria de Estado de Saúde), tem 390 casos positivos para Covid-19 e uma morte. Neste momento de crescimento da curva da doença, furar o isolamento social não é uma prática recomendável por médicos infectologistas.

“Estamos em direção ao pico da pandemia. É o momento mais importante das pessoas ficarem em casa e só saírem em extrema necessidade. Viajar é um perigo imenso”, diz o Estêvão Urbano. presidente da Sociedade Mineira de Infectologia.

A ausência da máscara pelos turistas, conforme relatado pelos moradores, é um risco ainda maior, conforme explica o infectologista Leandro Curi. “A situação fica ainda mais complicada quando estas pessoas sequer usam as máscaras. O perigo é ainda maior dela contaminar alguém e de ser contaminada”.

Curi defende a necessidade do controle por parte do poder público. “É preciso que isso aconteça, pois quando falamos de turistas estamos falando de um grupo de pessoas. Sendo assim é importante que haja o controle”.

Bares e pousadas

O Executivo municipal de Nova Lima informou ainda que bares estão proibidos de funcionarem desde o início da pandemia. Somente restaurantes estão autorizados a abrirem às portas, mas respeitando uma série de recomendações:

  • Horário das 11h às 22h,
  • Sem entretenimento,
  • Atendimento in loco (consumo somente no espaço interno) com no máximo 1/3 da capacidade do espaço interno,
  • Manutenção do distanciamento entre os clientes e/ou empregados de dois metros,
  • Mesas a uma distância mínima também de dois metros e
  • Controle para evitar a aglomeração de pessoas.

Além disso, o estabelecimento deve disponibilizar álcool 70% para os clientes, a permanência do cliente no local não pode ultrapassar uma hora e o consumo de bebidas alcoólicas está proibido.

As pousadas podem receber turistas desde que eles estejam usando máscaras e respeitem o distanciamento entre as pessoas. Aos responsáveis pelas instalações cabe intensificar a limpeza e desinfecção.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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