Comércio fechado! Kalil anuncia restrição em BH e libera só essenciais

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Kalil anunciou fechamento do comércio (Amanda Dias/BHAZ)

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), acaba de anunciar, no início da tarde desta sexta-feira (26), o fechamento do comércio na cidade, com exceção àqueles segmentos considerados essenciais. Portanto, a partir da próxima segunda-feira (29), a capital mineira volta ao cenário do início da pandemia, entre o fim de março e abril, quando apenas setores fundamentais para a população puderam abrir.

“O protocolo da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) está sendo seguido rigorosamente e, como os dados pioraram muito, estamos voltando para a fase zero do bloqueio da cidade”, anunciou Kalil. “Ninguém está mais triste [do que eu] e avisou tanto à população que não eram férias e que todos nós deveríamos nos manter em casa e fazer só essencial – o que não foi feito”, complementou o prefeito de BH.

No início desta semana, a PBH afirmou que foi atingido o recorde na ocupação de leitos da cidade: 85%, sendo que 84% para os leitos reservados para Covid-19 e 86% para não-Covid (leia mais aqui). O número foi registrado no último domingo (21), mas atualização da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) publicada na quarta mostrou o mesmo índice de 84% de ocupação dos leitos de UTI para o novo coronavírus.

“Eu, como prefeito, peço desculpas a todos aqueles que respeitam tanto este isolamento. E humildemente eu peço à população de BH: vamos respeitar a ciência e respeitar o que deu certo no mundo. Não há outro caminho. Não estamos em descontrole, segundo fui informado pela equipe, mas podemos chegar próximo ao colapso”, afirmou Kalil. “Eu estou amargurado, triste, mas vamos sair lá na frente”.

Quem pode abrir?

Os comerciantes contemplados pelas duas ondas de flexibilização – tais quais shoppings populares, iluminação, cosmético, veículos automotores, calçados, artigos de viagem, bebidas etc. – estão proibidos de abrir as portas a partir da próxima segunda-feira (29). Apenas aqueles considerados essenciais poderão funcionar.

Confira na tabela abaixo com os horários que estavam sendo permitidos. Questionada, a PBH disse que ainda analisa se esse horário de funcionamento sofrerá alguma alteração, mas são esses os segmentos permitidos:

Importante ressaltar que bares, lanchonetes e restaurantes continuam liberados para funcionar, desde que exclusivamente para os serviços de delivery ou retirada. “Caso tenham estrutura e logística adequadas, os estabelecimentos poderão efetuar entrega em domicílio e disponibilizar a retirada no local de alimentos prontos e embalados para consumo fora do estabelecimento, desde que adotadas as medidas estabelecidas pelas autoridades de saúde de prevenção ao contágio e contenção da propagação de infecção viral relativa ao coronavírus”, explica trecho do decreto.

Explosão de casos

A primeira flexibilização do comércio em BH ocorreu no dia 25 de maio, quando a PBH permitiu a chamada primeira onda, que contemplou cabeleireiros e shoppings populares, por exemplo, entre outros segmentos.

Primeira onda (proibida a partir de segunda-feira):

No dia 8 deste mês, nova onda foi autorizada, o que fez com que 92% dos empregos da capital fossem reativados, segundo a própria gestão municipal. Na última sexta-feira (19), Kalil manteve essa flexibilização.

Segunda onda (proibida a partir de segunda-feira):

  • Artigos usados
  • Artigos esportivos, de camping e afins
  • Calçados
  • Artigos de viagem
  • Artigos de joalheria
  • Souvenirs, bijuterias e artesanatos
  • Plantas, flores e artigos para animais (exceto comércio de animais vivos)
  • Bebidas (sem consumo no local)
  • Instrumentos musicais e acessórios
  • Objetos de arte e decoração
  • Tabacaria, Armamentos, Lubrificantes

Explosão de casos

Reportagem publicada (releia aqui) nesta semana pelo BHAZ mostrou que o número de casos confirmados na capital mineira explodiu após o dia 25 de maio, justamente a data da primeira flexibilização. A média de ocorrências diárias saltou de 20, anotada naquela data, para 47, registrada em boletim divulgado na quarta-feira (24) pela SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais).

Outro dado reforçou a aceleração de casos confirmados do novo coronavírus em BH: no ranking dos 20 dias com maior quantidade de ocorrências, apenas um é anterior ao início da flexibilização do comércio – 4 de maio. As principais datas são segunda-feira (25), com 345 confirmações; o último dia 10, 283; e terça-feira (24), 239.

Reforce a proteção contra o vírus


A SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) orienta que a população tome algumas medidas de higiene respiratória para evitar a propagação da doença, são elas:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.

Embate

As decisões a respeito da flexibilização das atividades comerciais em Belo Horizonte geraram um embate entre a gestão do prefeito Alexandre Kalil e a do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Na última sexta-feira, além de anunciar como funcionaria o comércio na capital na semana seguinte, o prefeito de BH não poupou ataques ao governo de Minas.

“A guerra que querem empurrar para BH é exatamente o que eles [governo do Estado] fizeram quando caiu a tempestade. Eles entregaram nada para BH, zero, nada… Agora não venha ensinar o padre-nosso ao vigário. Vamos intensificar a fiscalização e contamos com ajuda da instituição da PM para nos ajudar”, afirmou Kalil. “Vamos parar de falar em BH, não houve coordenação, liderança que eu pedi em 18 de março, quando governo falava em exagero”.

Nesta semana, o governo de Zema mudou o tom sobre coronavírus. O governador afirmou ontem que o crescimento de infectados e mortes provocados pela doença nos últimos dias é preocupante e que o Estado pode tomar “medidas drásticas”. O Governo de Minas também mudou a metodologia no modelo de recolhimento de dados sobre o novo coronavírus no Estado e registrou um “boom” de casos da doença.

O boletim epidemiológico da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) desta sexta-feira trouxe um aumento expressivo no número de infectados pela Covid-19. Em apenas um dia, foram adicionados 6.122 novos casos confirmados da doença.

O governo de Minas, ainda nesta sexta, endureceu ainda mais as medidas relacionadas ao combate à pandemia. As novas determinações aumentam as normas de distanciamento e orientam o trabalho remoto para pessoas do grupo de risco e com sintomas, mesmo que leves.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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