PBH diz que não errou ao flexibilizar comércio durante a pandemia

Flexibilização aumentou o número de pessoas circulando por BH
Flexibilização aumentou o número de pessoas circulando por BH (Amanda Dias/BHAZ)

O número de casos confirmados de Covid-19 cresce diariamente em Belo Horizonte. Para tentar frear o avanço da doença, a PBH voltou à fase zero do processo e somente os setores essenciais poderão funcionar. Apesar disso, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) e o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 dizem que não erraram ao autorizarem a reabertura de alguns setores.

A “falta de liderança”, segundo o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, dificultou as orientações para a população (veja abaixo).

“Se nós flexibilizamos naquela hora é porque tínhamos e como temos [condições], por isso nós flexibilizamos. É a luta da medicina contra a morte. Nós demos oportunidade. Aproveitamos uma janela e do mesmo jeito que ela não foi aproveitada pela população, nós, humildemente, estamos voltando atrás”, disse o prefeito.

Em 25 de maio, dia em que a primeira fase da flexibilização começou, a capital mineira tinha 1.444 casos confirmados e 42 mortes. Agora, até esta sexta (26), os casos passaram para 5.195 e os óbitos alcançaram a marca de 121 vítimas.

O prefeito ressaltou que as pessoas que morreram receberam suporte médico. “Ninguém morreu por falta de atendimento, nem por falta de leito de UTI ou falta de médico, enfermeiro ou intensivista. Ninguém morreu afogado em aquário. Os que perdemos foram atendidos com qualidade”.

‘Indicadores permitiam’

O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, reiterou que a reabertura do comércio não foi precipitada e explicou o motivo. “Não erramos. Os indicadores nos permitiram fazer isso”.

O responsável pela pasta disse ainda estar com o “coração apertado” por ter que fechar o comércio novamente. “É uma medida absolutamente necessária”.

Estêvão Urbano que também integra o comitê que trata a doença na cidade afirma que o aumento de casos já era aguardado e destacou que ao recuar nas medidas de flexibilização a intenção é que não faltem leitos.

“Fico triste em voltar a flexibilização. Não podemos deixar a situação tornar explosiva em BH, como aconteceu em todo o país. Temos que achatar a curva e preparar para a guerra. Quando propusemos flexibilizar já era esperado o aumento de casos. Com os números crescendo um novo passo precisa ser dado. É estratégico para a situação não explodir e as pessoas ficarem sem leitos”, pontuou.

Explosão de casos

Reportagem publicada (releia aqui) nesta semana pelo BHAZ mostrou que o número de casos confirmados na capital mineira explodiu após o dia 25 de maio, justamente a data da primeira flexibilização. A média de ocorrências diárias saltou de 20, anotada naquela data, para 47, registrada em boletim divulgado na quarta-feira (24) pela SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais).

Outro dado reforçou a aceleração de casos confirmados do novo coronavírus em BH: no ranking dos 20 dias com maior quantidade de ocorrências, apenas um é anterior ao início da flexibilização do comércio – 4 de maio. As principais datas são segunda-feira (25), com 345 confirmações; o último dia 10, 283; e terça-feira (24), 239.

Falta de liderança

O secretário Jackson Machado criticou a “falta de liderança” do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate à pandemia. Para ele, se existisse a unificação das orientações para a população, seria mais fácil enfrentar este momento.

“É óbvio que seria exatamente interessante que tivéssemos tido liderança estadual e federal no processo, o que não aconteceu efetivamente. Cada prefeito tomou suas decisões e isso trouxe dificuldades nas pessoas entenderem o que estava acontecendo”, finalizou.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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