Abre e fecha do comércio em BH pode durar até 2021

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Modelo de flexibilização do comércio deve seguir até 2021 (Amanda Dias/BHAZ)

Com Vitor Fórneas

O modelo de flexibilização intermitente do comércio, que depende do controle de casos da Covid-19 e da ocupação de leitos para reabrir ou fechar as lojas, pode durar até 2021 na capital mineira. O recuo da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) anunciado nessa sexta-feira (26), não agradou a CDL-BH (Câmara de Dirigente Lojistas), que reclamou da falta de diálogo.

Em nota divulgada neste sábado (27), o órgão se mostrou contrário ao novo fechamento e também disparou contra as pessoas que não estão respeitando as medidas de isolamento.

“Se existe alguém que se sacrificou para salvar vidas em Belo Horizonte, este alguém é o nosso comércio. Não tem comerciante fazendo churrasco nem caminhando em pista de cooper sem máscaras. Não tem comerciante permitindo aglomeração em seus estabelecimentos. Com raríssimas exceções, todos estão cumprindo os protocolos”, disse a CDL.

Um dos especialistas que compõem o comitê de combate à doença criado pela PBH, o médico infectologista Unaí Tupinambás, disse ao BHAZ, na tarde deste sábado (27), que somente “uma grande novidade”, como um medicamento ou a vacina pode mudar esse cenário em BH. Até lá, o comércio seguirá entre idas e vindas, mantendo o abre e fecha.

Especialista da PBH diz que modelo de reabertura deve durar até 2021 (Amanda Dias/BHAZ)

“Isso não é só em BH, é no mundo todo. Vamos tentando e fazendo isso, avança e volta até entender o processo todo dessa doença até termos um tratamento, um medicamento ou a vacina, que pode demorar muito a ficar disponível”, disse.

Questionado se a reabertura intermitente (entenda mais sobre o modelo adotado pela PBH aqui) deve seguir na capital ao longo de 2020, o especialista confirma. “A não ser que a gente tenha alguma novidade muito boa, como um medicamento ou mudança do próprio vírus, o que é pouco provável, isso vai ser mantido. A gente vai e volta. Vai ficar assim até pelo menos o final do ano”, explica.

14 dias para análise

O novo fechamento, anunciado nessa sexta (26) pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), terá um período indeterminado até que o avanço do vírus seja controlado. De acordo com dados da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), BH tem 4.869 infectados e 108 mortes.

No entanto, os resultados só poderão ser observados em um prazo de 10 a 14 dias. “Esse é o período de análise do que foi feito ontem. Não quer dizer que esse novo fechamento vai durar isso, o tempo ainda é indeterminado. Mas, essa média de 10 a 14 vai ser o prazo para vermos o resultado”, explica Unaí.

Redução da circulação na cidade deve refletir nos número em até 14 dias (Amanda Dias/BHAZ)

Uma reportagem publicada (releia aqui) nesta semana pelo BHAZ mostrou que o número de casos confirmados na capital mineira explodiu após o dia 25 de maio, justamente a data da primeira flexibilização. A média de ocorrências diárias saltou de 20, anotada naquela data, para 47, registrada em boletim divulgado na quarta-feira (24) pela SES-MG.

Outro dado reforçou a aceleração de casos confirmados do novo coronavírus em BH: no ranking dos 20 dias com maior quantidade de ocorrências, apenas um é anterior ao início da flexibilização do comércio – 4 de maio. As principais datas são segunda-feira (25), com 345 confirmações; o último dia 10, 283; e terça-feira (24), 239.

Fechamento irrita CDL

A CDL-BH cobrou da prefeitura a reabertura de leitos para que o comércio se mantenha aberto.

“No dia 29 de maio, a prefeitura anunciou que poderia criar imediatamente mais 509 leitos de UTI. Que poderia passar de 220 para 729 leitos de UTI exclusivos para a Covid. Disse mais: que poderia passar de 647 para 1.752 os leitos de enfermaria. Fica a pergunta: por que, em vez de novamente sacrificar o comércio, em vez de provocar mais uma quebradeira de empresas e a perda de milhares de empregos, a prefeitura não abre estes leitos?”, questionou a CDL-BH.

O órgão também reclamou da falta de diálogo e alegou que o comitê criado pela PBH com especialistas e setores empresariais não se reúne há três semanas. “Todas as decisões tomadas nas últimas três semanas foram de única e exclusiva responsabilidade do prefeito. As entidades participantes – CDL/BH, Sindilojas, Fiemg e Abrasel – não foram consultadas. Pelo contrário, foram solenemente ignoradas”, conclui.

Quem pode abrir?

Os comerciantes contemplados pelas duas ondas de flexibilização – tais quais shoppings populares, iluminação, cosmético, veículos automotores, calçados, artigos de viagem, bebidas etc. – estão proibidos de abrir as portas a partir da próxima segunda-feira (29). Apenas aqueles considerados essenciais poderão funcionar.

Confira na tabela abaixo com os horários que estavam sendo permitidos. Questionada, a PBH disse que ainda analisa se esse horário de funcionamento sofrerá alguma alteração, mas são esses os segmentos permitidos:

Importante ressaltar que bares, lanchonetes e restaurantes continuam liberados para funcionar, desde que exclusivamente para os serviços de delivery ou retirada.

A PBH vai divulgar o horário de funcionamento dos locais autorizados a abrirem às portas. “Novos horários de funcionamento do comércio essencial estão sendo estudados”, disse Kalil sem falar a data exata de quando será divulgado.

Reforce a proteção contra o vírus

A SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) orienta que a população tome algumas medidas de higiene respiratória para evitar a propagação da doença, são elas:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
Edição: Giovanna Fávero
Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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