O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), revelou nesta terça-feira (30) que a administração municipal já está com orçamento reservado para a compra de leitos particulares. A medida é justamente para evitar um colapso no sistema de saúde da capital mineira, onde a ocupação de leitos de UTIs atingiu hoje 87% para pacientes de Covid-19 e 89% para demais enfermos.
“Vamos evitar o colapso com isolamento social e a compra de leitos particulares”, afirmou o prefeito de BH ao ser questionado, em entrevista exclusiva, como a gestão se prepara para enfrentar o pico de casos do novo coronavírus. “Estamos preparados para abrir mais 300 ou 400 leitos públicos e estamos com orçamento separado se precisar de leitos privados”, complementou.
Kalil ainda reforçou que não teme um colapso do sistema de saúde na capital mineira, mas que a sobrecarga poderia ocorrer caso o comércio – com exceção dos segmentos essenciais – não fosse fechado novamente nesta semana (relembre aqui). O mandatário municipal, no entanto, não quis revelar a quantidade de leitos particulares que podem ser adquiridos.
“Muitos, muitos leitos particulares. Não tenho número porque estamos negociando. Quem negocia não pode saber o tamanho de dinheiro que temos”, afirmou.
Novos leitos públicos
Sobre os 400 novos leitos públicos mencionados por Kalil, a secretaria municipal de Saúde explicou que essa nova estrutura deve ficar à disposição já durante julho. “A expectativa é que sejam abertos 209 leitos UTI Covid e 263 de enfermaria Covid. A abertura das unidades de UTI depende da disponibilidade de novos respiradores cuja entrega é de responsabilidade do Governo Federal e Estadual”, diz, por nota.
A administração municipal afirma que o sistema público de BH conta hoje com 1.107 leitos voltados para o tratamento Covid-19: 798 de enfermaria e 309 de UTI. “Em março, eram 196 leitos Covid: 82 de UTI e 114 de enfermaria. Um aumento de mais de 460% de leitos (no comparativo março/junho)”, diz.
‘Piada’
Nessa segunda-feira (29), o BHAZ publicou uma reportagem na qual profissionais da saúde e representante da categoria denunciam situação “caótica” na UPA Barreiro e outras dificuldades em estruturas municipais, como a UPA Centro-Sul.
“Não é só aqui não, em todas as UPAs está assim. Sala caótica, sem fonte de oxigênio, pacientes passando mal do lado de fora. Sem a mínima condição de trabalhar, tem pacientes lá fora com pressão inaudível, sendo atendido no corredor […]. Está impossível, sem condição”, diz uma servidora ao gravar um vídeo:
Falta de leitos disponíveis, estrutura falha, pacientes amontoados e outros impossibilitados de receber atendimento. Esse é o cenário da UPA Barreiro, segundo denúncia de profissionais da saúde: “Sala caótica, impossível” https://t.co/hFzQAuwc3C pic.twitter.com/IXEe2DSZFO
— BHAZ (@portal_bhaz) June 30, 2020
Questionado, Kalil afirmou que a denúncia era uma “piada”. “A UPA Barreiro virou uma notícia espetacular, como se fosse assim… o paciente não morreu. Estamos tratando tão bem a saúde que o caso do Barreiro virou uma piada. Eu vi aquilo como uma piada. Um desrespeito com quem está na frente”, afirmou.
“A política fez um espetáculo quase pirotécnico. Isso é injusto, é sacanagem, magoa, chateia. A UPA Barreiro tem quatro respiradores. Se chegarem cinco [pacientes], vai faltar um. Agora que passamos de 82 leitos de UTI, em dois meses, amanhã tem 314, não é notícia”, complementou.
Falha na fiscalização
O prefeito de Belo Horizonte admitiu que não consegue fiscalizar a abertura de comércio em bairros fora da região Central. “É guerra, vai ter falha. Porque nós estamos numa guerra e na guerra tem falha. Então não vamos fazer o ótimo, porque se a gente conseguir o bom, na guerra, já está ótimo”, afirmou.
Kalil
O BHAZ realizou entrevista exclusiva com o prefeito Alexandre Kalil para tratar de assuntos como coronavírus, transporte público, reeleição, futebol, entre outros. O conteúdo será publicado ao longo dos próximos dias. Confira o que já está no ar:
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