Comércio de BH ficará fechado ao menos até dia 13, antecipa Kalil

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Comércio deve permanecer fechado pelo menos até dia 13 (Amanda Dias/BHAZ)

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), reforçou que a gestão municipal vai cumprir o protocolo de interferir na situação do comércio da cidade apenas após, no mínimo, 14 dias. Portanto, o fechamento de todos os segmentos, com exceção daqueles considerados essenciais, permanecerá pelo menos até o próximo dia 13.

Após decretar o fechamento do comércio a partir do dia 20 de março, Kalil e sua equipe iniciaram a flexibilização de alguns segmentos no dia 25 de maio. Foram contemplados, naquele momento, setores como salões de beleza, shoppings populares, perfumaria e lojas de peças e acessórios de veículos automotores (relembre aqui).

Quatorze dias depois, em 8 de junho, nova onda de flexibilização. Calçados, artigos esportivos, decoração, plantas, tabacaria, armamento e objetos de arte e decoração foram alguns dos setores liberados. Segundo a própria prefeitura, com essa segunda onda, 92% dos empregos da cidade foram reativados.

Críticas

Naquele momento, já era possível observar o impacto da primeira onda de reabertura do comércio – e a curva de casos confirmados de Covid-19 em BH tinha se acentuado coincidentemente no dia 25 de maio. Especialistas ouvidos pelo BHAZ afirmavam que Kalil deveria interromper a flexibilização e, inclusive, apontavam o lockdown como o regime ideal para brecar as ocorrências.

Confira curva em gráfico publicado originalmente na reportagem “Casos de Covid-19 em BH explodem após flexibilização do comércio“:

Kalil e a prefeitura, no entanto, mantiveram a segunda onda de reabertura, o que fez com que esse regime durasse 21 dias. A flexibilização, que já durava 35 dias considerando as duas ondas, foi interrompida nesta semana, quando o comércio voltou a ser fechado, com exceção dos segmentos considerados essenciais.

Comércio em BH:

  • 20/3 a 24/5 (66 dias): comércio fechado
  • 25/5 a 7/6 (14 dias): primeira onda de flexibilização
  • 8/6 a 28/6 (21 dias): segunda onda de flexibilização
  • desde 29/6: comércio fechado

‘Velho para virar assassino’

Justamente no período em que a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) decidiu aumentar para 21 dias o período da segunda onda de flexibilização, o Governo de Minas tinha subido o tom sobre a necessidade de aumentar as restrições (relembre aqui). O governador Romeu Zema (Novo) chegou a falar, no dia 18 de junho, que poderia tomar medidas drásticas em cidades com aumento de casos de Covid-19 – e exemplificou com o caso de BH.

Kalil, no entanto, nega ao ser questionado se a decisão de estender a segunda onda foi influenciada pelo embate político com Zema. “Quê? O Zema não tem nada a ver com isso, ele já tem problema demais. Foi uma janela técnica que foi vista como uma oportunidade para ver o resultado. Vai que dá certo? Que o povo não sai, que o pessoal acha assim ‘bom, abriu, é pra sair, comprar e voltar'”, afirma.

Shopping Oiapoque registrou longa fila após ter abertura liberada, no fim de maio (Amanda Dias/BHAZ)

O prefeito garante ainda que não vai abrir mão do protocolo da PBH, que prevê ao menos 14 dias de duração quando o regime do comércio é modificado. “Estou muito velho para colocar morte, caixão nas minhas costas. Não vou colocar. Tenho muita preocupação com o legado que o ser humano deixa e eu não pretendo, com 61 anos, matar ninguém. Estou muito velho para virar assassino”, afirma.

“Não tem nada, não tem nada que vale uma vida humana. Quando a gente fala que tem 60 mil mortos no Brasil, é um número, pô. Quer dizer: famílias perdendo entes queridos virou matemática. Então eu não entro nessa da matemática, não adianta, eu não gosto da matemática”, complementa.

Kalil nega, ainda, se arrepender de ter permitido a abertura de shoppings populares por 35 dias, alvo de crítica de parte da população. “O shopping popular todo mundo tem que entender que é uma coisa humanitária. Pode ser dos chineses, pode ser do diabo que o carregue, mas quem trabalha em shopping popular é quem tá nas vilas, ocupações, favelas e todo mundo sabe disso, é só entrar lá dentro”, afirma.

“E outra coisa: se erramos, nós não temos compromisso com erro aqui não, uai. Como dizia Juscelino Kubitschek, ninguém aqui tem compromisso com erro. Se erramos, volta atrás. não tem problema errar não. Aqui nós não somos os donos da verdade não. Se foi erro, não temos compromisso, então volta atrás”, complementa.

O prefeito de BH ainda afirmou ser legítima a pressão de empresários e comerciantes e que não “se amola” com a manifestações contrárias. “Meia dúzia de manifestantes eu não me importo, buzinaço eu não me importo… Nada me amola. Me amola saber que tem gente precisando abrir loja, que precisa trabalhar, que está vindo desemprego, que vamos tentar recuperar essa gente toda, mas isso me amola muito”.

O que pode abrir?

Segundo Kalil, o ciclo do comércio restrito aos segmentos essenciais vai durar pelo menos até o próximo dia 13. Portanto, até lá, os comerciantes contemplados pelas duas ondas de flexibilização – tais quais shoppings populares, iluminação, cosmético, veículos automotores, calçados, artigos de viagem, bebidas etc. – estão proibidos de abrir as portas.

Confira abaixo os segmentos considerados essenciais. Além dos setores na tabela, bares, lanchonetes e restaurantes podem funcionar desde exclusivamente para os serviços de delivery e retirada:

Kalil

O BHAZ realizou entrevista exclusiva com o prefeito Alexandre Kalil nessa terça-feira (30) e tratou de assuntos como coronavírus, transporte público, reeleição, futebol, entre outros. O conteúdo será publicado ao longo dos próximos dias. Confira o que já está no ar:

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Thiago Ricci[email protected]

Editor-executivo do BHAZ desde agosto de 2018, cargo ocupado também entre 2016 e 2017. Jornalista pós-graduado em Jornalismo Investigativo, pela Abraji/ESPM. Editor-chefe do SouBH entre 2017 e 2018; correspondente do jornal O Globo em Minas Gerais, entre 2014 e 2015, durante as eleições presidenciais; com passagens pelos jornais Hoje em Dia e Metro, TVs Record e Band, além da rádio UFMG Educativa, portal Terra e ONG Oficina de Imagens. Teve reportagens agraciadas pelos prêmios CDL, Délio Rocha, Adep-MG e Sindibel.

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