Zema e Kalil se bicam na pandemia de olho nas eleições municipais

alexandre Kalil romeu Zema
Kalil e Zema continuam se desentendendo em relação ao avanço do Covid-19 (Amanda Dias/BHAZ + Henrique Coelho/BHAZ)

Após a confirmação do adiamento das eleições municipais deste ano, já são nítidos os efeitos das eleições sobre a pandemia e da pandemia sobre as eleições. O governador Romeu Zema (Novo) e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), por exemplo, nas eleições já estão se bicando. Representantes de polarização política, eles se digladiam quase que diária e publicamente, tendo como alvo o combate à pandemia. Eles não se entendiam antes, nem procuravam se entender, agora, então!

O governador está falando que cidades menores que Belo Horizonte se preparam melhor, abrindo leitos de UTI, para enfrentar a crise sanitária. A prefeitura reagiu afirmando que não recebeu investimentos do Estado, respiradores ou recursos.

Na quinta (2), Kalil ouviu as queixas de empresários do setor de comércio, justificando o recuo na abertura do comércio por conta da situação crítica do estado. Ao se desculpar com lideranças do comércio pelo recuo na abertura da economia, Alexandre Kalil disse que a situação da pandemia piorou “loucamente” em Minas.

‘Estado aumenta loucamente’, diz Kalil

Na avaliação, o prefeito reafirmou que abrir o comércio, neste momento, “é desesperador”. Ele culpou a piora da pandemia no Estado, que o obrigou a buscar proteger a capital.

“Gostaria de me desculpar por tudo o que está acontecendo. Queria dizer aos comerciantes que não estamos e nunca estivemos em lados opostos. Abrir o comércio neste momento é desesperador. Em Belo Horizonte, estamos muito próximos do achatamento da curva de contaminação que, no entanto, vem aumentando loucamente em Minas Gerais. Parece que há uma tentativa de dizer que Belo Horizonte ficou parada no combate ao coronavírus. Então, vou mostrar os números. De março até hoje, aumentamos o número de leitos de Belo Horizonte em 400%”, garantiu.

Os números estão subindo no restante do estado porque, segundo o prefeito, houve flexibilização precoce. “Agora, é o momento de sentar-se com os comerciantes e esclarecer que a prefeitura está assumindo um ônus que não é dela. Estamos agindo como se fôssemos o estado. Mas não somos. Somos a cidade de Belo Horizonte. Mas quero dizer o seguinte: vamos tentar controlar a situação e, quando esses números preocupantes abaixarem, nós vamos abrir o comércio”, disse o prefeito. A Secretaria de Estado da Saúde não quis comentar as declarações do prefeito.

CDL/BH cobra mais leitos da PBH e do Estado

Presente ao encontro com o prefeito, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, fez cobrança a ele e ao governador. Ao prefeito, fez apelo por mais leitos na capital, conforme promessa feita em março; ao governador, para abrir e colocar pra funcionar o hospital de campanha. Com essas iniciativas, mais regulação no transporte coletivo e os cuidados do isolamento, distanciamento, uso de máscaras e de álcool gel, Silva avalia que o comércio poderia estar funcionado.

Voltando às eleições, setores fortes do empresariado decidiram investir pesado contra a reeleição de Kalil, fazendo doações legais para candidaturas de oposição a ele. Há muito o segmento, que é mais próximo de Zema, está insatisfeito com o prefeito, desde a votação do Plano Diretor, que aumentou o custo de construção na cidade. Com a pandemia, só piorou.

Se a ação político e eleitoral do empresariado vai dar certo, as pesquisas poderão dizer no primeiro momento. Depois, as urnas, se acontecerem, nos dia 15 de novembro e 29 de novembro (2º turno). O que mais preocupa o segmento é a possibilidade de Kalil se fortalecer com eventual reeleição e, a partir daí, pensar em disputar o governo de Minas em 2022.

Eleições podem ser adiadas com nova onda

Na quinta (2), foi promulgada, pelo Congresso Nacional, a Proposta de Emenda à Constituição 18/2020, que adiou as eleições municipais deste ano devido à pandemia. Com a votação da PEC, os dois turnos eleitorais, inicialmente previstos para os dias 4 e 25 de outubro passam para os dias 15 e 29 de novembro.

Aprovada antes pelo Senado, a PEC recebeu, na Câmara dos Deputados 407 votos favoráveis e 70 contrários. Por meio de uma emenda de redação, deputados federais definiram ainda que caberá ao Congresso decidir sobre eventuais adiamentos das eleições. A brecha permitirá avaliar a situação em municípios com picos da doença.

Além de adiar as eleições, a PEC estabelece novas datas para outras etapas do processo eleitoral de 2020, como registro de candidaturas e início da propaganda eleitoral gratuita (veja quadro abaixo). Apenas a data da posse dos eleitos permanece a mesma, em 1º de janeiro de 2021.

Novo calendário eleitoral (AMM/Reprodução)

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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