Um padre, que fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tomou conta das redes sociais nesse domingo (5). Em um vídeo que viralizou, o pároco chamou Bolsonaro de “bandido” e disse que quem votou nele “tem que se confessar” e “pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu”.
O padre Edson Adélio Tagliaferro, da igreja matriz Nossa Senhora das Dores, na cidade de Artur Nogueira, interior de São Paulo, fez a declaração polêmica durante uma homilia, que foi transmitida ao vivo pela igreja, na última quinta-feira (2).
“Um país que já chegou a 60 mil mortos pela pandemia e não tem um ministro da Saúde? Vocês querem que eu fale o quê? ‘Ah, ele não trabalha porque não deixam ele trabalhar’. Não! É porque ele não presta! Bolsonaro não vale nada. E quem votou nele tem que se confessar. Pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu, porque elegeu um bandido pra presidente”, declarou o padre.
Bom dia pra quem acha que “Bolsonaro não vale nada”!
— Elza Augusta??? (@ElzaAugusta) July 5, 2020
Kkk, amei esse padre? pic.twitter.com/wuFaRQvBJC
‘Nunca quis pregar ódio’
Depois do vídeo repercutir por todo o Brasil, o padre deu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo e sugeriu que o presidente Jair Bolsonaro se contradiz por falar de “Deus acima de todos”, mas permitir tantas mortes causadas pela Covid-19 no Brasil.
“Naquele dia, tinha uma leitura do profeta Amós. Eu dizia que ele [Amós] fez a crítica dele, mas não escondeu os nomes — ele disse quem eram as pessoas da profecia dele. Ele [Bolsonaro] fala de Deus acima de todos, mas não é o Deus de Jesus, porque o Deus de Jesus é o que prega pela vida”, declarou o pároco.
“Ele [Amós] falava do culto religioso, que Deus não quer um culto estéril, que faça um louvor ao Deus da vida, mas as suas atitudes sejam relacionadas à morte. O reino de Deus é o reino da vida”, prosseguiu. O padre afirma que “cortaram a parte [do vídeo] que interessa a eles”.
“A minha questão é como cristão”
Para o pároco, o vídeo acabou “esparramando demais” e ele ressalta que não critica o presidente por fazer parte de outro partido, como chegou a ser sugerido por usuários das redes sociais. “A minha questão é que o cristão tem que fazer uma opção clara pelo reino da vida, e não da morte”, completou.
“A minha grande preocupação é que isso saia de forma distorcida e possa ter um vínculo de ódio. Não é essa a minha intenção. Nunca quis pregar ódio, a violência, mas senti que o povo estava desesperado. O que está pegando é de eu ter chamado ele de bandido. Disso eu me arrependo, porque não tenho provas”, concluiu Tagliafierro.