Casa de shows de BH vê esperança de continuar aberta em campanha solidária

Edmundo e Andrea Correa Matriz Casa Cultural
Com 20 anos de história em BH, a Matriz conta com o apoio de artistas para se manter durante a pandemia (Matriz Casa Cultural/Divulgação)

“No Matriz pode tocar o vocalista do Iron Maiden, como uma banda que ninguém nunca abriu espaço. Matriz vem de mãe, vem de acolher”. É assim que Edmundo Correa descreve a “casa mãe” do cenário cultural de Belo Horizonte. Agora, com a pandemia, o idealizador, junto de sua esposa e sócia, Andrea Correa, contam com a solidariedade para manter o Matriz em funcionamento (ajude aqui).

Edmundo conta que chegou a acreditar que não conseguiriam manter a casa de portas abertas. “A gente foi pego de surpresa, estávamos com uma programação até outubro. Num primeiro momento eu pensei que a gente ia fechar, que o Matriz não ia continuar”, afirma.

O empresário relata que eles tinham planejado um grande evento para o mês de maio, quando a casa completaria 20 anos em funcionamento. “Aí surgiu a ideia de fazer online e cresceu a vontade de continuar. Criamos o crowdfunding para ver o resultado, para ver se a gente conseguia segurar mais tempo. Agora temos uma esperança muito grande do Matriz continuar”, declara.

Com duas décadas, não foram poucas pessoas tiveram uma parte da história no Matriz. Já foram cinco casamentos realizados na casa, de pessoas que se conheceram lá, além dos muitos shows, peças de teatro, mostras de cinema, matinês, exposições, etc. Com toda essa bagagem, muita gente se uniu para apoiar a casa nesse momento difícil. Até o momento, o financiamento coletivo já arrecadou R$ 10 mil para pagar os custos da casa.

A história do Matriz

Antes de começar o Matriz, Edmundo já esteve a frente de outras casas em Belo Horizonte. O Calabouço foi um bar que comandou, na periferia de Belo Horizonte, no bairro Primeiro de Maio. Com foco em atrações do MPB, o espaço recebeu nomes como Zeca Baleiro, Chico César e Toninho Horta. “Depois veio o Butecário, lá foi mais hardcore, rock. Tocou Dead Fish, Los Hermanos…”, relembra.

Edmundo e Andra Correa na Matriz Casa Cultural
Edmundo e Andrea, o casal idealizador da “casa mãe” (Matriz Casa Cultural/Divulgação)

Com Andrea, que também atuava na cena cultural da cidade, Edmundo juntou as experiências e os bens, para fazer nascer o Matriz. “Tudo que a gente tinha, a gente investiu lá. A ideia é acolher os músicos novos e também os talentos de pessoas mais reconhecidas”, detalha.

O apoio dos artistas

A ideia de acolher e impulsionar novos nomes da cultura belo-horizontina acabou voltando em forma de solidariedade para a Matriz, durante a pandemia. O apoio dos artistas tem garantido visibilidade para a campanha coletiva do espaço.

Quem colaborar com o financiamento, a depender do valor, pode ter como recompensa as artes produzidas por Camila Buzelin, Marina Jacome, Rogério Marcus, Drin Cortes, Quinho, Robert Frank, Gabriel Dias ou Gilson Ribeiro.

‘Cenário nebuloso’

A incerteza sentida por Edmundo no início da pandemia não é algo único do Matriz Casa Cultural. Com as medidas de proteção na pandemia, o produtor acredita que será um momento muito difícil para as casas culturais. “É muito difícil prever o que vai acontecer, mas eu vejo um cenário arrasador pela frente. Os hábitos vão mudar, as pessoas não vão sair de uma vez só”, relata.

“Se seguir o que os outros países tiveram, as casas vão ter que limitar o público, mas os custos operacionais continuam os mesmos. As casas vão estar endividadas, corre o risco de terminar com grande parte do cenário cultural da cidade”, lamenta.

Apesar de prever muitas dificuldades, Edmundo pensa na possibilidade do fortalecimento da cena local como uma saída possível após a pandemia. “O cenário vai mudar todo em BH. No lugar da casa de show vai ter um banco. Mas os shows grandes não vão ter, então pode ser que o público migre para as casas alternativas. Então vai ter que todo mundo fortalecer a cena local, mas a questão econômica é perigosa”, conclui.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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