Um homem de 25 anos deu um tiro na cabeça da companheira, de 28, no bairro Havaí, região Oeste de Belo Horizonte, na noite dessa sexta-feira (10). Segundo a PM (Polícia Militar), inicialmente, a ocorrência foi registrada como lesão corporal, pois os relatos levaram a crer em disparo acidental. Contudo, com novas informações deste sábado (11), as investigações devem apontar para tentativa de feminicídio.
Segundo a PM, a mulher informou que andava pela rua, perto de sua casa, quando foi atingida por um tiro de raspão. O marido contou uma versão diferente, dizendo que ouviu três tiros e um teria acertado a esposa. Com as divergências, a polícia pressionou o homem, que acabou contando que ele teria sido o responsável pelo tiro. Ele mesmo a socorreu, ao levá-la para a UPA Oeste.
De acordo com o autor, ele trabalha em uma empresa e estava sendo ameaçado por um cliente inadimplente. Com isso, comprou um arma no valor de R$ 600, no mercado clandestino, em Ipatinga, no Vale do Aço. Ele afirmou que foi mostrar a arma para a esposa, e que o objeto acabou disparando por acidente, por volta das 19h.
Novamente questionada, a mulher confirmou a versão do marido, dizendo que havia mentido para protegê-lo. Além do tiro, a mulher também tinha escoriações pelo corpo, segundo ela, ocasionadas pela queda após ser atingida. O homem foi detido por porte ilegal de arma de fogo e lesão corporal.
Na manhã deste sábado (11), entretanto, a irmã da vítima foi até a polícia informar que o boletim de ocorrência estava registrado errado. A mulher disse que a vítima teria sido atingida de forma proposital pelo marido, em uma tentativa de feminicídio. O caso será investigado pela Polícia Civil.
Denuncie!
Especialistas ouvidas pelo BHAZ são unânimes ao afirmar que é essencial que a mulher procure ajuda quando sofre algum tipo de violência. Na capital mineira, além da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, existem ao menos outras três instituições que atendem esse público: Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher), da Defensoria Pública; Casa Benvinda, da Prefeitura de Belo Horizonte; e Casa de Referência Tina Martins, do chamado terceiro setor, sem vínculo governamental (veja mais informações abaixo).
“É muito importante que a vítima procure o profissional de sua confiança: advogado ou defensoria pública, órgãos de proteção… Para que aquilo não exploda de vez. Vai sofrendo, vai sofrendo ameaça, pressão psicológica, são agredidas moral e psicologicamente dentro de casa. Vai aguentando por causa dos filhos… Na hora que algo explode, pode até mesmo ser fatal”, orienta a conselheira seccional da OAB Minas, Camila Félix, também professora de Direito Penal e advogada.
Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380