Atriz relata estupro por diretor de TV: ‘Me assustei, disse que não queria’

Juliana Lohmann atriz
Juliana Lohmann revela ter sido estuprada aos 18 anos (Instagram/Reprodução)

A atriz Juliana Lohmann, de 30 anos, usou as redes sociais para denunciar um estupro que sofreu quando tinha 18 anos, por um diretor de televisão. A artista disse que as mulheres não podem se calar, e recebeu muitas mensagens de apoio, nessa segunda-feira (13). O relato completo foi dado em entrevista à revista Claudia, na qual ela afirma que o diretor possui “uma boa imagem midiática de família margarina” e que o crime foi cometido em sua primeira viagem de trabalho.

“Falar sobre o estupro que vivi aos 18 anos e as agressões provenientes de uma relação abusiva tempos depois é resultado de um processo muito longo de elaboração. São acontecimentos que habitam meu íntimo de maneira muito profunda e constituem grande parte da mulher que me torno a cada dia”, começou a atriz.

De acordo com ela, essas memórias “perduraram por tempo demais no silêncio e na dúvida que a estrutura patriarcal nos faz ter acerca das próprias marcas que nos infringem”.

Mulheres não devem se calar

A atriz continua e diz que agiu movida pela força da certeza que as mulheres não pode mais se calar. “Precisamos falar sobre as estruturas de opressão sob as quais as mulheres estão submetidas, sobre o machismo, sobre violência doméstica, sobre relacionamento abusivo, sobre estupro”.

“Exponho esse relato no intuito de, além de jogar luz nessas questões, fazer com que outras mulheres, que talvez possam se identificar com tais acontecimentos, tenham mais clareza acerca das próprias experiências. Meu desejo, ao expor esse relato pessoal, é de denúncia. Não apenas da forma de operar desses homens, mas principalmente de um sistema”, disse.

O estupro

Em entrevista ao site, a atriz contou que o estupro ocorreu durante sua primeira viagem de trabalho, há 12 anos. “Me instalei no quarto do hotel e, em seguida, a convite dele, nos encontramos em seu apart, no último andar desse mesmo hotel, pra conversarmos um pouco sobre o roteiro enquanto esperávamos um sinal dos produtores para a realização do teste”.

“Passamos o texto duas ou três vezes já no fim da tarde. Ele concluiu que a personagem exigia ‘mais loucura’ e me sugeriu que fumássemos maconha pra que a cena fosse relida posteriormente, argumentando que dessa forma descobriríamos novas nuances. Fiquei reticente, mas acabei aceitando. Dizer não para um diretor não é algo que uma atriz de 18 anos sabe exatamente fazer”, continuou a atriz.

“Um trago foi o suficiente pra que eu ficasse completamente chapada. Em determinado momento, percebi que o contato que ele fazia comigo excedia o profissional”, relatou Juliana.

“Ele veio me beijar. Eu me assustei, disse que não queria. Foi uma completa surpresa acreditar que aquele homem, com sua boa imagem midiática de família margarina, pudesse se aventurar com outras mulheres. E ainda mais comigo. Não fazia a menor ideia de que eu seria atraente pra um homem como ele. Não queria e não sabia como fazer pra me desvencilhar do diretor do filme cujo teste, àquela altura, iria acontecer somente no dia seguinte, por causa da disponibilidade dos produtores”.

Durante a entrevista, ela ainda revelou o preconceito que sofreu de seu ex-namorado, quando contou para ele sobre o que viveu. “Ouvi que se eu realmente não quisesse ter transado, eu teria jogado um abajur na cara do sujeito. Eu e esse namorado tivemos um relacionamento relativamente duradouro por volta dos meus 20 anos, no qual constantemente sofri violências psicológicas, verbais e físicas”.

“No término da relação, descobri que estava com uma DST. Eu só havia transado com ele durante a nossa relação. Na época, a ginecologista me disse que por causa disso talvez fosse difícil engravidar por vias naturais, caso um dia eu quisesse. Até hoje não se sabe até que ponto minhas trompas foram obstruídas”, completou.

Repercussão

A atriz, que já atuou em novelas como “Malhação”, “I Love Paraisópolis” e “O Outro Lado do Paraíso”, e atualmente está na Record, encerra falando de coragem. “Esse isolamento me levou ao reencontro da coragem. Mas, nessa caminhada, tive pessoas que me deram a mão com muito amor. Obrigada @sayonarasarti @novacomunicacao pela confiança, escuta e parceria, e @claudiaonline @isadercole por ter me aberto esse espaço tão precioso”, completou.

Nos comentários, muitas pessoas apoiaram a atriz. “Caramba, que relato… Muito importante você ter compartilhado sua história. Receba meu beijo carinhoso”; “Muito f*da seu texto. Orgulhosa da coragem que você teve. Vai ajudar muitas mulheres”; “Força! Siga em frente sempre com essa coragem e determinação” foram algumas das mensagens.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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