Prevista como a data para o pico da Covid-19 em Minas Gerais, esta quarta-feira (15) marcou a inserção de 3,3 mil novos casos de infecção pelo novo coronavírus nos dados do Estado. Nas últimas 24 horas, 64 mortes também foram registradas no mais recente boletim epidemiológico a respeito da doença. Os números, no entanto, não levam Minas ao esperado ápice de casos. Segundo a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas), a pandemia passará por um período de platô – em que há uma estabilização dos números de atingidos -, mas com alta nas anotações diárias.
O secretário de Saúde de Minas, Carlos Eduardo Amaral, falou sobre o assunto em entrevista na Cidade Administrativa nesta quarta-feira. Segundo ele, o Estado se preparou para evitar um colapso no sistema de saúde. A entrega de, em média, 18 respiradores por dia, para o serviço de atendimento, foi uma das medidas citadas durante o pronunciamento.
“Estamos vivenciando uma alta de casos e, de certa forma, a rede de saúde tem conseguido absorver a incidência de pessoas que buscam serviço de saúde. Podemos ter um pequeno aumento, mas não temos evidência de crescimento importante da epidemia neste momento”, disse.
Números
Confira a mudança nos números do novo coronavírus no Estado, de acordo com dados do boletim epidemiológico desta quarta:
- 82.010 casos confirmados (aumento de 4,2%)
- 1.752 mortes confirmadas (aumento de 3,7%)
- 24.257 casos em acompanhamento (aumento de 1,7%)
- 56.001 casos recuperados (aumento da 5,4%)
Pico x Platô
Desde que a pandemia do novo coronavírus teve início, muito se fala sobre o pico da doença. Minas Gerais, por exemplo, contou com diversas projeções sobre o ápice da Covid-19. Algumas datas foram apontadas até que chegou-se ao dia 15 de julho, esta quarta-feira, como o provável momento em que o número de casos atingiria uma “máxima”.
O pico, no entanto, ainda não foi registrado. Especialistas explicam que o momento exato do ápice de casos só deve ser notado quando os números começarem a diminuir de forma sistemática. Consultado pelo BHAZ, na segunda-feira (13), o médico infectologista Carlos Starling fez um alerta: a situação não indica, necessariamente, uma melhora. “Um platô significa que a saúde vai ficar pressionada por mais tempo”, disse.
“No pico, você atinge um número alto de casos e depois inicia uma redução. Já no platô, o número de casos atinge um alto nível e se mantém, pressionando o sistema de saúde por um tempo maior. É pior”, explica.
Carlos ainda diz que a situação não pode sair do controle. “Mantendo o sistema de saúde pressionado, é preciso ações para ir diminuindo o número de casos para evitar que exista um pico dentro do platô, onde há uma grande quantidade de infectados. Se isso ocorrer, há a possibilidade de um colapso na saúde”, finaliza.
Dever de casa
O secretário adjunto de Saúde, Marcelo Cabral, disse que o Estado concluiu a contratação da OS (Organização Social) que ficará com a administração do hospital de campanha montado no Expominas. Segundo ele, quando houver demanda, a OS estará pronta para operar a estrutura.
“Como fizemos o dever de casa a tudo que se refere ao combate à Covid-19 e, também, conseguimos fazer um planejamento quanto a melhor utilização dos recursos, já temos o processo de contratação da OS homologado e já houve a publicação. Dentro desse planejamento, ela já vem se mobilizando e temos condição, neste momento, de seguir fazendo o planejamento e estando prontos para o enfrentamento que iniciamos. A OS já em mobilização e pronta para operar o hospital quando houver demanda”, disse Marcelo.
Mudanças no Minas Consciente
Outra questão abordada por Marcelo são as modificações no plano Minas Consciente, que prevê regras de isolamento social e flexibilização das medidas de combate à Covid-19 no Estado. Uma decisão do TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais), assinada na última quinta (9), determinou que as cidades não incluídas no plano deverão permitir apenas o funcionamento do comércio essencial, ou terão de aderir ao Minas Consciente.
Desde então, o MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) tem se reunido com prefeituras para discutir mudanças no plano e readequações que atendam as demandas dos municípios. Nesta quarta, Marcelo Cabral confirmou que o plano passará por modificações. “Estamos aprendendo e podemos reajustar o plano, e contando com colaboração dos poderes, sem ter compromisso com erro, faremos isso sem problema nenhum. Faremos ajustes dentro da responsabilidade”, garantiu.
O secretário adjunto negou que tenha faltado diálogo na construção do programa. “A chegada da pandemia em Minas foi um período de aprendizado. O Executivo foi o primeiro a se deparar com a Covid-19 e, naquele momento, com muitos critérios incertos, tomamos reações que, naturalmente, seguiram por medidas do Judiciário e do Legislativo. Não houve ações deficitárias ou fora do seu tempo”, acrescentou.