A presidente do CMSBH (Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte), Carla Anunciatta, foi ameaçada de morte após defender o fechamento do comércio não essencial e, consequentemente, pedir o lockdown na capital mineira. As medidas visam diminuir a circulação do novo coronavírus e a ocupação dos leitos para tratar a doença.
Em entrevista ao BHAZ, Carla conta que os ataques ocorreram em um perfil particular dela, assim como no do Conselho, após ela pedir que o prefeito Alexandre Kalil (PSD) que decretasse o lockdown (relembre aqui).
“Tudo começou em 3 de julho quando fizemos este pedido. Os ataques se intensificaram logo depois, no dia 6, quando entregamos um manifesto. Fui ameaçada de morte e estupro. Os ataques vieram naqueles termos do gabinete do ódio, que eu merecia passar por isso por ser mulher e por estar com falta de sexo”.
“Mata essa f***. Já mataram outras. Só assim essa raça some do mapa”, “Po***, essa baranga é secretária? Que mocreia”, “Será que ninguém da direita sabe desta maldita? Esta mulher está infernizando Belo Horizonte”, “Melhor o povo por ela no lugar que merece”, foram alguns dos comentários direcionados à Anunciatta.
A presidente do Conselho de Saúde procurou as autoridades policiais para registrar uma ocorrência imediatamente. “Estamos tomando todas as medidas administrativas e judiciais para encontrar estas pessoas e identificá-las. Vamos chegar em todos que fizeram comentários desrespeitosos”, diz Anunciatta.
Procurada pelo BHAZ, a PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais) disse que instaurou um procedimento para apurar o caso. “Demais informações serão repassadas em momento oportuno”, informou.
‘Trabalho continua’
Apesar das ameaças terem causado um “desgaste” em Anunciatta, ela diz que continuará desempenhando o trabalho. “Eles fazem isso para que a gente deixe de seguir o que nos propusemos. Estamos aqui para resistir e vamos continuar nosso trabalho em defesa da vida e de um SUS (Sistema Único de Saúde) gratuito e para todos”.
O que motiva a presidente do conselho são os apoios recebidos e que vieram de diversas partes. “Recebi tantas manifestações de apoio, de deputados, entidades, colegas de classes. Estou fortalecida”, destaca.
Lockdown
Anunciata, assim como o CMSBH, segue defendendo o lockdown em Belo Horizonte. “Continuamos na luta pelo fechamento do comércio não essencial, o lockdown, para o vírus circular menos. Estamos aqui para resistir e vamos continuar o nosso trabalho”.
Na quarta-feira (15) aconteceu uma plenária, na página do CMSBH, em defesa da vida, justiça e do controle social. “Quando me atacam, atacam todas as mulheres e os conselheiros que fazem este trabalho”, conclui.
Nota da PCMG na íntegra:
“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou procedimento para apurar o caso, demais informações serão repassadas em momento oportuno”.