Falta de medicamentos para Covid-19 em hospitais de Minas acende alerta

Comprimidos e uma servidora da saúde operando um equipamento médico
Falta de medicamentos para o tratamento de paciente da Covid-19 acende alerta em Minas (Banco de imagens: Envato/ Amanda Dias/BHAZ)

O Governo de Minas tem uma nova preocupação no combate à Covid-19 em Minas: a iminente falta de medicamentos para sedar e tratar pessoas infectadas. O secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, disse em coletiva, nesta sexta (17), que em alguns hospitais já há a falta dos insumos e que a situação é alarmante.

“Em relação à estruturação que fizemos para atendimento à epidemia, entendemos que poderíamos ter vários gargalos. No início, havia uma dificuldade extrema para aquisição de respirados. Depois, o problema para realização de exames e, agora, essa dificuldade de recursos humanos e de medicamentos”, disse o secretário.

Ainda segundo Carlos Eduardo, os hospitais filantrópicos têm condições de adquirir medicamentos diretamente dos vendedores, o que pode facilitar o abastecimento. Ele afirma ainda que a rede Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais) tem estoque disponível para 30 dias. “O que nos preocupa são hospitais, com situações pontuais de dificuldade de abastecimento, havendo uma necessidade de estruturação. Mas essa situação está sendo monitorada pela secretaria”, ressalta o secretário.

O médico especialista em gestão de Saúde Pública, Marcelo Lopes Ribeiro, que já atuou na Fhemig, alerta para o risco de desabastecimento na rede pública. “Sem esses medicamentos, os paciente podem morrer com o respirador ao lado. Faltou o entendimento por parte do governo de uma questão lógica, quanto mais ampliassem os leitos, seriam necessários mais medicamentos”, afirma.

Soluções

O secretário Carlos Eduardo disse que o Governo afirma que o risco ocorre por conta de uma pressão na indústria farmacêutica provocada pela alta demanda recorrente da epidemia. “Há um desabastecimento mundial. A indústria brasileira está sobrecarregada com volume de compra de medicamentos, pois todos os estados ampliaram a rede de atendimento por conta da Covid-19”, diz.

Ele afirma, no entanto, que o Estado vem articulando uma frente de ações junto ao Ministério da Saúde para conseguir uma grande compra nos próximos dias, que garanta o pleno atendimento. “Estamos trabalhando para ter uma compra grande capaz de regular o sistema de saúde e o estoque de medicamentos. A expectativa é de que no prazo de 15 dias, um volume grande de medicamentos esteja chegando ao país e sendo distribuídos para os estados”, acrescenta.

Medidas antecipadas

O secretário disse que o Governo já havia antecipado essa falta de medicamento e, por isso, em março tomou medidas para reduzir o consumo e viabilizar o remanejamento dentro da rede. “Em março, nós comunicamos aos prestadores e hospitais que esse momento chegaria e era preciso estarmos com os estoques saudáveis neste momento”.

“A primeira medida que tomamos foi a suspensão das cirurgias eletivas para economizar medicamentos, pois poderiam ter escassez no futuro. Ainda naquele mês, distribuímos R$ 92 milhões para a rede para aumentarem os estoques. Além disso, na medida em que a pandemia evoluiu, fizemos atas de preços para comprar medicamentos para os hospitais do Estado”, afirmou Carlos Eduardo.

Quais são os medicamentos?

Marcelo explica quais são os medicamentos utilizados no atendimento de pacientes infectados pelo novo coronavírus e a importância deles. O especialista explica que o tratamento exige uma grande quantidade de insumos em três fases. “São três tipos de medicamentos: um analgésico potente, um hipnótico e um bloqueador neuromuscular”, esclarece.

“Na primeira fase, esses medicamentos são usados para intubação do paciente. Eu preciso que o infectado esteja desacordado e relaxado para intubá-lo e colocar na respiração mecânica”, explica o especialista. “Em uma segunda etapa, eu preciso dos medicamentos para manter o paciente em coma induzido, usando muito sedativo e hipnótico. Algumas pessoas evoluem tão mal que é preciso manter bloqueador neuromuscular fixo também”, acrescenta.

A terceira fase, de acordo com o médico pode exigir cuidados que necessitam de outros medicamentos. “A última etapa nós chamamos dee extubação, que é a retirada da respiração mecânica e o início do processo de desmame ventilatório. E nesse caso, começam a faltar antibióticos, pois esses pacientes podem ter outras infecções associadas à Covid-19, que deixa o organismo mais exposto a outros vírus e bactérias”, relata.

Números

Confira os números da Covid-19 em Minas, de acordo com o boletim epidemiológico desta sexta-feira:

  • 87.271 casos confirmados (aumento de 3,3%)
  • 1.904 mortes confirmadas (aumento de 3,8%)
  • 25.233 casos em acompanhamento (aumento de 2,1%)
  • 60.134 casos recuperados (aumento da 3,8%)
Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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