Número de infectados por Covid-19 em BH pode ser 75 vezes maior

Idoso é colocado dentro de ambulância
Dados de pesquisa conduzida por grupo da UFMG referem-se a trabalho feito durante 13 semanas consecutivas (Amanda Dias/BHAZ)

Da UFMG

Na semana de 27 de junho a 3 de julho (semana epidemiológica 27, de 2020), Belo Horizonte teve cerca de 500 mil pessoas infectadas com o novo coronavírus, segundo estimativa de projeto de monitoramento do esgoto da capital, desenvolvido por pesquisadores da UFMG. A população doente estimada equivale a aproximadamente 20% de toda a população da cidade servida pelos sistemas de esgotamento e tratamento de esgoto das bacias do Arrudas e do Onça.

Os dados divulgados nesta sexta, 17, pelo projeto-piloto Detecção e quantificação do novo coronavírus em amostras de esgoto nas cidades de Belo Horizonte e Contagem sugerem que a circulação do vírus pode ter atingido seu pico na semana 27, já que, na semana seguinte, houve redução expressiva da população infectada estimada, para cerca de 350 mil pessoas. Os pesquisadores afirmam que é importante aguardar os números gerados pelo monitoramento nas semanas epidemiológicas 29 (10 a 17 de julho) e 30 (17 a 24), para melhor interpretação dos resultados obtidos no período de 15 de junho a 24 de julho.

A equipe do projeto divulgou hoje o Boletim de Acompanhamento nº 7, quatro semanas depois do último informativo, uma vez que houve atraso na chegada de insumos importados para análise das amostras em busca do RNA viral do Sars-CoV-2. Os resultados divulgados hoje refletem a análise de amostras de esgoto coletadas no período de 13 de abril a 10 de julho (13 semanas consecutivas).

100% das amostras

O projeto-piloto é iniciativa da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis), sediado na UFMG e sob coordenação de professores da Escola de Engenharia, e tem apoio da Copasa, empresa de saneamento de Minas Gerais, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e da Secretaria de Saúde do estado.

De acordo com o Boletim nº 7, 100% das amostras de esgoto testaram positivo para o Sars-CoV-2 nas últimas cinco semanas de monitoramento na bacia do Arrudas (semanas epidemiológicas 24 a 28) e nas últimas sete semanas de monitoramento na bacia do Onça (semanas 22 a 28). Esses resultados indicam a presença e persistência do vírus no esgoto de todas as regiões que integram as 15 sub-bacias de esgotamento monitoradas.

Os pesquisadores se surpreenderam com os últimos resultados, que mostram índices de infecção até 75 vezes maiores que os revelados pelos testes clínicos realizados em Belo Horizonte. “Essa diferença se deve, em grande parte, ao baixíssimo índice de testagem da população e ao fato de que as amostras de nossa investigação contêm RNA viral de pessoas assintomáticas ou com sintomas leves, que não procuram as unidades de saúde”, explica a coordenadora do projeto-piloto, professora Juliana Calábria, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (Desa).

Segundo ela, apesar dos números muito diferentes, é interessante observar que, assim como ocorre com pesquisa da ANA e do INCT ETEs Sustentáveis, o gráfico da Prefeitura de BH que representa o comportamento no tempo da pandemia também indica queda de casos na semana 28. “As curvas são semelhantes”, salienta Juliana Calábria, que está à frente do Laboratório de Microbiologia do Desa, onde são feitas análises das amostras. 

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