Bolsonaro e apoiadores ‘saúdam’ e aplaudem cloroquina no Alvorada

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O presidente baixou a máscara para falar com apoiadores (Facebook/Reprodução)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que está com Covid-19, participou da cerimônia de arriamento da bandeira nacional nesse domingo (19), em frente ao Palácio da Alvorada. Reunido com apoiadores, ele ergueu uma caixa de cloroquina e fez propaganda do remédio, que não tem eficácia cientificamente comprovada no combate à doença.

Contrariando as recomendações médicas, o presidente deixou o isolamento domiciliar, provocou aglomeração em frente do Palácio e baixou a máscara para falar com apoiadores. Separados por um espelho d’água, eles “saudaram” o medicamento erguido por Bolsonaro, ao som de gritos de “cloroquina, cloroquina!”.

Na conversa com apoiadores, que durou cerca de 50 minutos, Jair Bolsonaro garantiu que terminará o mandato e que vai fazer os votos dos apoiadores valerem até 2022. Ele também disse que “está tudo certo” para a criação de seu partido, o Aliança pelo Brasil, e que já está se preparando para concorrer à reeleição.

‘Simba’ e ‘saudação à mandioca’

Nas redes sociais, a atitude do presidente e dos apoiadores foi ridicularizada. O ato de erguer e saudar o medicamento foi comparado à cena do filme Rei Leão, da Disney, em que o personagem Rafiki ergue Simba. “Parece a regravação do Rei Leão, mas é só o povo venerando a cloroquina”, escreveu um usuário do Twitter.

Outros compararam a situação à “saudação da mandioca”, proposta pela então presidente Dilma Rousseff, que foi ridicularizada por críticos do PT à época. “Saudar a mandioca não tirou a vida de ninguém. Mas saudar a cloroquina já tirou a vida de mais de 70 mil brasileiros”, pontuou um internauta.

Bolsonaro e a cloroquina

Mesmo antes de testar positivo para a Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro já fazia propaganda da hidroxicloroquina, apesar do remédio não ter eficácia comprovada no combate à doença. Na live semanal feita na última quinta-feira (16), ele exibiu uma caixa do medicamento, apesar de afirmar que não é “garoto-propaganda” do remédio (leia aqui).

A SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) divulgou, na sexta-feira (17), um informe que recomenda o abandono urgente da hidroxicloroquina para qualquer fase do tratamento da Covid-19 no Brasil, com base em dois estudos robustos publicados realizados nos Estados Unidos, Canadá e na Espanha.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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