Covid-19: Mesmo com platô, Minas testa somente pacientes graves

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Minas registrou mais 95 mortes pelo Covid-19 (Amanda Dias/BHAZ)

Mesmo diante da fase de platô, em que o número de casos de Covid-19 atinge um alto nível e se mantém, Minas Gerais segue realizando apenas testes em pacientes em estado grave. O assunto foi tema de coletiva realizada nesta quarta-feira (22). No encontro, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, ressaltou que, apesar da necessidade de restringir os testes, mais de 500 mil exames rápidos foram entregues às cidades mineiras.

“Nós temos que enfatizar que o cenário, de uma forma global, é de restrição de insumos para testagem. Com isso, a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) tem seguido as orientações do Ministério [da Saúde] de testarmos os grupos que são prioritários. As pessoas que ficam mais graves, internam no hospital, vem a óbito, trabalhadores de saúde e segurança público, os contactantes, os detentos e os asilados”, afirmou.

Amaral disse que os grupos são os principais alvos da testagem do governo estadual, mas destacou que a pessoa que apresentar sintomas, e acreditar que possa ter sido infectada, pode fazer o teste rápido posteriormente. “O governo do estado de Minas Gerais transferiu para os municípios mais de 500 mil testes. É possível conferir se você teve ou não a Covid baseada na testagem rápida, mas tem que ser ao final dos sintomas”.

O governo, segundo Amaral, está observando os dados relacionados ao coronavírus no estado e que eles “sugerem” que Minas está “vivendo o platô da epidemia e pode vir a começar a regressão”. Entenda a diferença entre pico x platô ao final desta matéria.

Números

Confira a mudança nos números do novo coronavírus no estado, de acordo com dados do boletim epidemiológico desta quarta:

  • 98.741 casos confirmados (aumento de 3,3%)
  • 2.166 mortes confirmadas (aumento de 4,5%)
  • 25.097 casos em acompanhamento (queda de 0,6%)
  • 71.478 casos recuperados (aumento da 4,7%)

Registro de mortes

Minas Gerais registrou 95 mortes de ontem para hoje. O secretário de Saúde destacou que não significa que os pacientes morreram necessariamente na terça-feira. O alto número se dá pelo acúmulo de casos que chegam dos municípios mineiros por conta do final de semana. “Temos atrasos na notificação para a SES-MG dos óbitos que acontecem de sexta até domingo”.

“Tendem a acumular na segunda, chegam para nós na terça e consolidamos os confirmados na quarta. Para terem ideia, destes 95 óbitos obtivemos atrasos de 2 a 6 dias até a confirmação. É possível que amanhã chegue mais óbitos pelas avaliações que nós fazemos”, completou Carlos Eduardo Amaral.

Ao final da coletiva, o secretário pediu aos gestores municipais que notifiquem os óbitos de forma mais “célere”, ou seja, mais rápida. O objetivo é trazer a informação de atualizada “num intervalo de tempo mais curto.

Pico x Platô

Desde que a pandemia do novo coronavírus teve início, muito se falou sobre o pico da doença. Minas Gerais, por exemplo, contou com diversas projeções sobre o ápice da Covid-19. Algumas datas foram apontadas até que chegou-se ao dia 15 de julho, como o provável momento em que o número de casos atingiria uma “máxima”.

O pico, no entanto, ainda não foi registrado. Especialistas explicam que o momento exato do ápice de casos só deve ser notado quando os números começarem a diminuir de forma sistemática. Consultado pelo BHAZ, na semana passada, o médico infectologista Carlos Starling fez um alerta: a situação não indica, necessariamente, uma melhora. “Um platô significa que a saúde vai ficar pressionada por mais tempo”, disse.

“No pico, você atinge um número alto de casos e depois inicia uma redução. Já no platô, o número de casos atinge um alto nível e se mantém, pressionando o sistema de saúde por um tempo maior. É pior”, explicou.

Carlos ainda disse que a situação não pode sair do controle. “Mantendo o sistema de saúde pressionado, é preciso ações para ir diminuindo o número de casos para evitar que exista um pico dentro do platô, onde há uma grande quantidade de infectados. Se isso ocorrer, há a possibilidade de um colapso na saúde”, finalizou.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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