Covid-19: Vereadores de BH sugerem uso da cloroquina em pacientes

sulfato de hidroxicloroquina
Uso do medicamento não é defendido por especialista (Marcelo Casal Jr/Agência Brasil)

Vereadores de Belo Horizonte desejam que a prefeitura passe a adotar o uso de hidroxicloroquina, sulfato de zinco e azitromicina em pacientes que apresentem os sintomas da Covid-19. O requerimento com a sugestão foi aprovado na terça-feira (21). Especialista ouvido pelo BHAZ ressalta que não há eficácia comprovada. Já a SMSA (Secretaria Municipal de Saúde) informa que a prescrição cabe ao médico.

“Fizemos audiência pública com Nise Yamaguchi e Paolo Zanoto, especialistas que mostraram a eficácia. Os resultados são indiscutíveis. A grande realidade é que as pessoas acreditam que só devem utilizar o medicamento depois que a ciência tiver mais que comprovação, mas existem o dados clínicos também”, diz o vereador Fernando Borja (Avante), autor do requerimento.

Borja destaca que a PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) tem os medicamentos, mas que precisa garantir o acesso às pessoas. “Você tem o remédio a disposição. Qual o problema de utilizar medicação preventiva? Se daqui seis meses, um ano, for comprovado que a medicação poderia salvar vidas em BH, vou acusar a PBH de crime de responsabilidade”.

O parlamentar ainda diz que “não existe comprovação” de que os remédios “matem alguém”. “Sabemos que não faz mal. Por que não disponibilizar? Nem que fosse para fazer teste em uma regional”, sugere. O requerimento foi aprovado pela Comissão Especial de Estudo Enfrentamento da Covid-19.

‘Cortina de fumaça’

O uso dos medicamentos defendido no requerimento não passa, na visão do médico infectologista Carlos Starling, de “cortina de fumaça”. “Isso só serve para dar uma falsa ilusão de tratamento e prevenção. Digo cortina de fumaça, pois dá ideia que protege as pessoas e substitui as medidas que, de fato, funcionam: distanciamento social, isolamento e higienização”.

Procurada pelo BHAZ, a SMSA informou que segue o parecer do Conselho Federal de Medicina. “É prerrogativa do médico prescrever ou não qualquer medicamento nas doses recomendadas de acordo com o quadro clínico e a necessidade de cada paciente”, destacou a pasta responsável pela saúde na capital mineira.

Ainda com relação à sugestão dos vereadores, Starling ressalta a ausência da eficácia dos medicamentos defendidos no requerimento. “A literatura mostra que isso não é verdade. Estas drogas podem provocar efeitos colaterais graves em alguns pacientes, como arritmia cardíaca que pode ser letal. Não é hora de introduzir mais confundimento na cabeça das pessoas”.

Covid-19 em BH

A capital mineira registra, até essa quarta-feira (22), 15.051 casos confirmados do novo coronavírus e 399 mortes. De acordo com o Boletim Epidemiológico Assistencial, 1.386 pacientes estão em acompanhamento, enquanto 13.266 já se recuperaram. A regional da cidade com o maior número de mortes é Venda Nova – 60. Veja a relação de óbitos por região de residência:

  • Barreiro – 41
  • Centro-Sul – 46
  • Leste – 39
  • Nordeste – 52
  • Noroeste – 48
  • Norte – 34
  • Oeste – 42
  • Pampulha – 37
  • Venda Nova – 60

Nota da SMSA na íntegra

“A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde informa que, conforme o parecer 004/2020, do Conselho Federal de Medicina, é prerrogativa do médico prescrever ou não qualquer medicamento nas doses recomendadas de acordo com o quadro clínico e a necessidade de cada paciente”.  

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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