Com Covid-19, jovem pediu ‘rosas brancas no caixão’ antes de morrer

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O técnico em enfermagem trabalhava na linha de frente do combate à doença (Reprodução/Facebook)

Um técnico de enfermagem de 22 anos, que estava internado com Covid-19, decidiu se despedir da família no dia em que foi para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), já sentindo o que estava por vir. Klediston Kelps morreu no último sábado (25) e, antes de ser intubado, explicou à mãe como gostaria que o caixão fosse decorado.

Klediston é a vítima mais jovem da Covid-19 entre os profissionais de enfermagem de Mato Grosso, de acordo com o Conselho Regional de Enfermagem do estado. Ele era servidor de um posto de PSF (Programa Saúde da Família) da cidade de Primavera do Leste, e plantonista do setor de urgência e emergência da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) local.

Ainda segundo o conselho, o técnico em enfermagem estava internado desde junho na rede municipal de saúde. O estado de saúde dele se agravou em meados do mês de julho, quando foi transferido para a UTI de um hospital particular local. Ele passou sete dias internado, mas não resistiu e acabou morrendo no sábado. O resultado positivo para Covid-19 saiu na segunda-feira (27).

Despedida

A mãe de Klediston, Elisângela da Silva Faria, de 40 anos, contou ao UOL que no dia em que seria intubado, o jovem mandou mensagens para a família, dizendo que poderia não resistir. Em conversa com a mãe, ele dizia sentir que era um “adeus” e tinha medo de “não voltar”.

Ele explicou a ela como gostaria que o caixão fosse decorado. “Quero rosas brancas enfeitando meu caixão”, escreveu. Em seguida, ele especificou outro pedido: “Apenas uma [rosa] vermelha”. A mãe conta que, por causa da pandemia, o velório não pôde ser realizado, mas ela montou o arranjo pedido por Klediston e o levou ao cemitério onde ele foi enterrado.

Contaminado no trabalho

De acordo com Elisângela, a suspeita é de que o filho tenha se contaminado no trabalho, já que trabalhava na linha de frente do combate à doença. Segundo ela, Klediston teve o pulmão atingido pela Covid-19, além de problemas no baço e no fígado. No início dos sintomas, o jovem chegou a fazer dois testes rápidos da doença, que deram negativo. Posteriormente, a doença foi comprovada através de uma tomografia e do exame RT-PCR.

Klediston estava terminando a graduação em enfermagem e dizia que a mãe, que é técnica em enfermagem do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), o inspirou a seguir a profissão. “Ele amava essa profissão, era o sonho da vida dele. Sempre contava sobre o trabalho, dizia que não aguentava ver a equipe desfalcada sem ajudar”, contou Elisângela ao portal.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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