O novo protocolo de reabertura da economia da capital anunciado pela PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) dividiu as opiniões dos representantes dos setores econômicos da capital. Alguns concordam com as medidas e acreditam que o Executivo sinalizou positivo para a retomada. Por outro lado, entidades pretendem acionar a Justiça.
Por enquanto, os critérios não permitem um avanço na flexibilização, ou seja, a cidade permanece fechada até que a ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) esteja abaixo de 70%. Atualmente, esse índice é de 87%.
Opiniões divididas
A discussão sobre o plano iniciou logo após o anúncio do novo modelo (veja aqui). O presidente do Sindhorb (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de BH e Região Metropolitana), Paulo Cesar Pedrosa, comemorou o planejamento e espera que na próxima semana as medidas de contenção já comecem a ser flexibilizadas.
“Achamos que evoluímos bastante com essa apresentação da possível flexibilização, acredito que vai ter início na semana que vem. Tudo indica que a pandemia está diminuindo e isso é um bom sinal”, disse.
Paulo apresentou duas propostas: para que os bares funcionem também nos feriados e que seja passado para a primeira onda de flexibilização e não na segunda, como está no novo plano. Questionado se acionaria a Justiça para isso, o presidente do sindicato negou.
“Não vamos entrar na Justiça, pois é entrar para perder e minha categoria fica visada. O prefeito deixou claro que não persegue ninguém e nem vai perseguir. Nosso objetivo não é o enfrentamento é o diálogo e o equilíbrio. Qual desembargador vai confirmar uma sentença que favorece o comércio, os bares e restaurantes em um cenário de pandemia mundial? Tem é que discutir apresentar propostas e protocolos”, afirmou.
Avanço
O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci, disse que viu avanço nas discussões, mas afirmou que a prefeitura está postergando a abertura de bares com critérios impossíveis de serem atingidos.
“Nós vimos avanços nos protocolos, mas não há como entender e concordar com o racional da prefeitura. Eles colocam bares e restaurantes em uma fase seguinte, com linha de corte de 70% [de ocupação de leitos]. Quando é que isso vai chegar? Nunca. Eles têm condições de abrir novos leitos de UTI, mas alegam que isso custa caro e não dão transparência de quanto isso custa”, alegou Paulo.
A declaração de Paulo Pedrosa desagradou ao presidente da Abrasel que afirmou que a associação vai buscar a Justiça. “Estamos indignados com o critérios, estamos insatisfeitos e vamos recorrer à Justiça. Há quem enxergue na Justiça um ato de rebeldia, nós enxergamos como cidadania. Ela permite cobrar de maneira democrática decisão do executivo com a qual não se concorda”, disse.
‘Cruel e desumana’
A CDL/BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte), não participou da reunião desta tarde, mas também criticou a ação da prefeitura alegando que se trata de uma “postura cruel e desumana”.
“Desde o início da pandemia, o prefeito Alexandre Kalil virou as costas para o comércio. Tomou decisões de forma autoritária e sem diálogo com o setor da nossa economia que mais se sacrificou para salvar vidas. Nosso sentimento é de indignação”, disse a CDL em nota.
E os shoppings?
Para Alexandre França, superintendente da AloShopping-MG (Associação dos Lojistas de Shoppings Centers de Minas Gerais, o plano traz previsibilidade.
“O único pleito é de que os shoppings abram de quarta a sábado, mas prefeitura determinou terça a sexta. Só esbarrou nisso, mas para shopping o melhor dia é o sábado. Não entendemos o plano nesse sentido, mas estamos satisfeitos por ter um plano, e esperamos abrir por volta do dia 10”, explica o superintendente.