“Quando eu encontrá-la, quero dar um abraço apertado, saber da vida dela, se ela sabia da minha existência. Quero minha família completa, o meu maior desejo hoje é encontrar minha irmã”. O desabafo emocionado é de Ana Maria de Oliveira Pereira, de 45 anos: uma auxiliar em serviços gerais que procura a irmã gêmea, separada no nascimento, em Belo Horizonte. As duas nasceram no Maternidade Odete Valadares, em 1975.
Anelita Poncidônio Ribeiro tinha 23 anos quando deu à luz às gêmeas, no dia 22 de junho de 1975. À época, ela estava doente e decidiu doar as crianças. A primeira teria ficado com uma família desconhecida até o momento. A segunda é Ana Maria, que procura pela irmã.
A mãe biológica das irmãs morreu no dia 10 de julho do mesmo ano, poucas semanas após o parto, de insuficiência hepática. Ela vivia em Contagem, na região metropolitana de BH. E, segundo a filha Ana, ela e a gêmea foram doadas pela avó biológica, com consentimento da mãe, sem nenhum tipo de documentação em uma casa na rua Acácias, no bairro Eldorado. A família adotiva de Ana Maria conta que a menina foi entregue a um casal desconhecido e que não sabem o paradeiro dela.
Sonho em conhecer a irmã
Ana conta que o desejo de encontrar a irmã sempre existiu. Casada, e com três filhas, a auxiliar só tem esse pensamento. “Eu sempre quis, mas realmente nunca havia procurado. Minha filha que teve a iniciativa de colocar nas redes sociais este ano. Com a repercussão grande, minha esperança de encontrá-la ficou maior de novo”, explica Ana Maria ao BHAZ.
A mulher ainda relembra como foi parar com a família que a adotou. “Ela ficou sabendo que tinha uma mulher que não poderia cuidar das filhas, e estava doando. Quando ela chegou lá, ela queria adotar as duas, mas uma já havia sido dada para outra família. Aí ela apenas me levou, e me registrou em um cartório de Contagem, com a presença da minha avó biológica”, continua a auxiliar em serviços gerais.
Aos 9 anos, Ana Maria se mudou com a família adotiva para a pequena cidade de Luz, no Centro-Oeste mineiro, que tem pouco mais de 18 mil habitantes e fica distante 2h30 de Belo Horizonte. Uma tia biológica de Ana Maria conseguiu encontrá-la, quando a menina ainda era pequena. Após a mudança, as duas se reencontraram quando a auxiliar tinha 18 anos.
A balconista Uany Mara Oliveira Pereira, filha de Ana Maria, explica que resolveu fazer a postagem para ajudar a mãe. “Ela sempre teve esse sonho, sempre nos falou, mas nunca tínhamos feito nada a respeito. Aí eu resolvi fazer a postagem. A repercussão foi muito grande e apareceram duas pessoas que podem ser a irmã dela. A tia da minha mãe foi essencial e nos ajudou muito”, explica.
Possíveis irmãs
Até o momento, apareceram duas possíveis irmãs de Ana Maria. A primeira é de Brasília (DF), com registro de nascimento no ano de 1982, sete anos após o parto da auxiliar. Contudo, os traços e a história coincidem. Essa pessoa está fazendo teste de DNA com outra possível irmã e a família de Ana Maria aguarda para saber se descarta ou não a possibilidade.
A segunda mulher é de Rondônia, que também nasceu em 1975, no mesmo hospital, o Odete Valadares. As duas têm pouca semelhança física e essa pessoa tem o nome de uma outra mãe biológica, por isso ainda fica a dúvida. A família de Ana Maria está em contato com as duas.
A pouca organização de documentos deixa o sonho de Ana um pouco mais complicado, mas não tira as boas expectativas. “A de Brasília eu estou com mais esperança. Ela não sabe nada da doação dela, não sabe nem em que hospital nasceu. A outra também nasceu em 1975, mas ela já sabe que a mãe biológica dela chamava Shirley, então ainda não temos certeza”.
“Eu espero que alguém que leia esta reportagem e consiga me ajudar, ou ela mesmo pode entrar em contato comigo, para pelo menos nos conhecermos. Eu tenho uma pinta bem bonita perto da boca, às vezes ela tem também. Espero que eu consiga, tenho muita fé nisso”, completa.
Quem tiver qualquer informação sobre o paradeiro da irmã gêmea de Ana Maria pode entrar em contato com Uany pelo Facebook.