Dom Walmor considera ‘lamentável’ aborto de criança estuprada pelo tio

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Arcebispo condenou o estupro, mas defendeu que ‘havia recursos’ para manter a criança e o feto vivos (Reprodução/Youtube/Twitter)

O presidente da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e arcebispo de Belo Horizonte, dom Walmor de Oliveira, classificou como “lamentável” a decisão da Justiça de recomendar a interrupção da gravidez da menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio no Espírito Santo. O arcebispo condenou o estupro, mas defendeu que havia “recursos para garantir a vida das duas crianças”.

“O precioso dom da vida precisa ser, incondicionalmente, respeitado e defendido”, disse Dom Walmor em comunicado publicado hoje (17). Ele classificou o estupro e o procedimento do aborto como “dois crimes hediondos” e lamentou a decisão da Justiça no caso: “A violência sexual é terrível, mas a violência do aborto não se justifica, diante de todos os recursos existentes e colocados à disposição para garantir a vida das duas crianças”.

O arcebispo disse ainda que é “lamentável presenciar aqueles que representam a Lei e o Estado com a missão de defender a vida, decidirem pela morte de uma criança de apenas cinco meses, cuja mãe é uma menina de dez anos”. Segundo Walmor, “as vozes que se levantam a favor de tamanha violência [o aborto] exigem uma profunda reflexão sobre a concepção de ser humano”.

Ele aproveitou a oportunidade para dizer que ora para que Deus console a todos os envolvidos nesse caso, que chamou de “desafiadora e complexa situação existencial”. “Devemos ser humildes, reconhecendo as limitações humanas, e sempre compassivos – sejamos sinais do amor de Deus”, concluiu.

Relembre o caso

Uma menina 10 anos engravidou após sofrer uma série de estupros praticados pelo próprio tio, em São Mateus, no Espírito Santo. Ela deu entrada em um hospital da cidade há cerca de dez dias com suspeita de gravidez, que foi confirmada por exames (relembre aqui).

Nas redes sociais, usuários de todo o país se mobilizam em uma campanha para que a vítima seja autorizada a interromper a gestação. De acordo com a PCES (Polícia Civil do Espírito Santo), a criança sofria abusos contínuos do tio desde os 6 anos de idade e não denunciou porque sofria ameaças. O exame Beta HCG indicou que ela já estava grávida há três meses quando chegou no hospital. A corporação concluiu, nessa quinta-feira, o inquérito que investigava o caso e o homem foi indiciado pela prática dos crimes de ameaça e de estupro de vulnerável, ambos praticados de forma continuada.

Ainda na noite de ontem, o caso da menina rendeu muita polêmica nas redes sociais, quando um grupo de fundamentalistas religiosos se reunir na porta do CISAM (Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros) – centro de referência no atendimento ao aborto legal, onde a menina foi atendida – para tentar impedir a realização do procedimento.

Enquanto isso, o suspeito de 33 anos ainda está foragido.

Comunicado de dom Walmor na íntegra:

Lamentável presenciar aqueles que representam a Lei e o Estado com a missão de defender a vida, decidirem pela morte de uma criança de apenas cinco meses, cuja mãe é uma menina de dez anos. Dois crimes hediondos. A violência sexual é terrível, mas a violência do aborto não se justifica, diante de todos os recursos existentes e colocados à disposição para garantir a vida das duas crianças. As omissões, o silêncio e as vozes que se levantam a favor de tamanha violência exigem uma profunda reflexão sobre a concepção de ser humano.

Em oração, peço a Deus consolação para todos os envolvidos nessa desafiadora e complexa situação existencial, que feriu de morte a infância, consternando todo o país. O precioso dom da vida precisa ser, incondicionalmente, respeitado e defendido. Ante a complexidade do ocorrido, devemos ser humildes, reconhecendo as limitações humanas, e sempre compassivos- sejamos sinais do amor de Deus”

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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