Futebol ao ar livre é liberado em Minas e quadras seguem proibidas

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Como a prefeitura de BH não adotou o programa do governo estadual, qualquer tipo de pelada está proibido na cidade (NomadSoul1/Envato Elements)

As famosas peladas – o futebol amador, entre amigos – podem ser retomadas em Minas Gerais, desde que sejam praticadas ao ar livre. A informação foi confirmada, na tarde desta quarta-feira (19), pelo secretário adjunto de saúde, Marcelo Cabral, em coletiva na Cidade Administrativa. No entanto, em Belo Horizonte, as atividades seguem proibidas. “Caso seja ao ar livre, [a prática] já é possível desde já. Caso seja em ambiente fechado, apenas quando a localidade se encontrar na onda verde”, destacou o secretário.

Marcelo Cabral ressaltou que os cuidados devem ser mantidos. “Esses esportes, essas atividades ao ar livre, já estão liberados. É claro que desde que tomando todos cuidados, procurando manter a cautela no que se refere ao distanciamento. Mas, atividades dessa natureza, ao ar livre, já estão permitidas”, explicou.

No caso de práticas esportivas em ambientes fechados, como quadras, a restrição só é derrubada na onda verde, última etapa do plano Minas Consciente. Como nenhuma cidade alcançou este nível, a proibição está mantida em todo o estado. “Quando essas atividades são desenvolvidas em ambientes fechados, devem acontecer apenas, no momento atual, na onda verde, em que as atividades são desenvolvidas com um rigor um pouco mais flexíveis, já que locais que, eventualmente, se encontrem na onda verde terão indicadores mais favoráveis para essas atividades”, disse Marcelo.

Quadras em BH

Como a prefeitura de BH não adotou o programa do governo estadual, qualquer tipo de pelada está proibido na cidade – mesmo em quadra a céu aberto. A liberação da prática ainda não é prevista pela PBH, que afirma que um protocolo para a atividade está em elaboração, mas sem prazo definido. O setor na capital espera que o esporte coletivo seja inserido na mesma onda em que a liberação das academias está prevista – a última.

“No momento foram definidos protocolos para academias, crossfit, centros de treinamento, clubes de lazer e profissionais autônomos de educação física, que estão previstas para a fase 3. As demais atividades – incluindo as praticadas em quadras esportivas- serão contempladas em fases posteriores, ainda em definição”, disse a gestão municipal. A PBH planeja acompanhar o impacto das três primeiras fases de reabertura para depois avaliar essas atividades.

Risco alto

De acordo com a gestão municipal, o esporte oferece risco à saúde por conta da alta transmissão do novo coronavírus e favorece a aglomeração de pessoas. “Os esportes coletivos – como o futebol amador – pressupõem, inevitavelmente, a proximidade dos atletas em distâncias inferiores a 2 metros, facilitando a transmissão da Covid-19, que é uma doença de alta transmissibilidade e grande potencial de gravidade”, afirma a gestão municipal.

Ao longo do período de isolamento na capital, peladas clandestinas mobilizaram ações da Guarda Civil Municipal em BH e em Contagem (relembre aqui e aqui). Até o momento, uma quadra precisou ser interditada em BH por funcionar sem autorização, e o mesmo ocorreu em Santa Luzia, na região metropolitana da capital. (leia mais aqui).

De acordo o infectologista Leandro Curi, a prática de atividades esportivas como o futebol tem uma redução de contaminação se realizada ao ar livre, mas não diminui o risco. “Qualquer doença respiratória é muito mais fácil de transmitir em ambiente fechado, como escola, quadra e em casa, pois a ventilação é pior e a chance de concentrar o vírus na região é maior. Mas, na prática de esporte, por estar correndo, suando e gritando, você elimina mais gotículas e a chance de transmissão é grande”, explica.

Prudência no futebol

O especialista diz que a postura da PBH se mostra mais adequada, mas que é difícil julgar o que é certo ou errado, no momento. “Isso vai mais da população. Se puder evitar a prática desse tipo de esporte, no momento, é o mais adequado. Agora, se acharem prudente, o ideal é usar uma máscara adaptável para esse tipo de exercício para não se contaminar ou infectar outra pessoa e pesar o custo benefício se vale correr o risco por uma partida de futebol, por exemplo”, afirma Leandro.

Prejuízos

Enquanto o assunto segue sem definição, proprietários de quadras e escolinhas de futebol amargam prejuízos. É o caso do Centro Esportivo Mineiro, localizado na avenida Vilarinho, uma das vias mais movimentadas da região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

O local tem sobrevivido das receitas do estacionamento. No entanto, segundo o gerente da quadra, Marcos Paulo Correa, não foi o suficiente para evitar a queda de 85% no faturamento. “Quando tinha o futebol, o estacionamento sempre estava movimentado. Com a quadra, o faturamento mensal era no entorno de R$ 28 mil. Agora, caiu para R$ 4 mil, no máximo”, diz Marcos.

O gerente conta que o estabelecimento tem recebido ligações de pessoas que querem voltar a jogar futebol, mas os donos preferem seguir a lei. “A gente explica que não tem como retornar e que precisa esperar a prefeitura. Enquanto isso, a gente vai cobrando pra ver se tem alguma previsão”, afirma

Driblando a crise

Sem poder funcionar, a escolinha de futebol Palestra, localizada no bairro Santa Mônica, na região da Pampulha, perdeu 70 dos 150 alunos desde o início da pandemia. De acordo com a gerente do local, Débora Dahora, o faturamento caiu mais de 80% com as desistências e as reduções de mensalidade.

No entanto, a escola tem tentado manter as receitas com atividades online. “A gente envia três vezes por semana atividades físicas por videoaula, para que os alunos pratiquem em casa. É a maneira que encontramos de manter os meninos em prática e de conseguir manter o faturamento, já que o nosso carro chefe é a escolinha”, explica.

Procurada, a Sede-MG (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais) disse, por meio de nota (veja na íntegra abaixo), que as escolinhas estão permitidas a partir da onda amarela do Minas Consciente. “A Secretaria de Desenvolvimento Econômico informa que o setor de atividades extracurricular, como exemplo o ensino de esportes, está na onda amarela”, diz.

Nota da Sede-MG

“A Secretaria de Desenvolvimento Econômico informa que o setor de atividades extracurricular, como exemplo o ensino de esportes, está na onda amarela.

Porém, as atividades esportivas em clubes, academias ou atividades de lazer estão na onda verde. É importante verificar o CNAE da empresa para a definição da retomada”.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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