Expositores da Feira Hippie realizaram um protesto em frente à PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), na tarde desta quinta-feira (20), no Centro da capital mineira. Eles cobram a volta da tradicional feira que está com as atividades suspensas desde 22 de março devido à pandemia do novo coronavírus. Os feirantes dizem que a “situação está precária” e pedem ajuda da administração municipal.
“A maioria dos expositores estão devendo taxas de feiras, muitos estão com água e luz para ser cortada, pois não têm condição. Desde que paramos com a feira tivemos 20 pessoas que perderam a vida e não foi por Covid-19, mas por AVC (Acidente Vascular Cerebral), conta ao BHAZ Maria das Dores Fernandes, que trabalha na feira há 48 anos.
Zilda Moreira vende roupas femininas na Feira Hippie e diz que a vida dela parou há 4 meses. “Hoje sou sustentada pelo meu marido, que é aposentado. Não ganho um centavo com o meu trabalho. A situação é precária. Tive que mandar funcionário embora. Acredito que poderiam organizar a entrada das pessoas na feira, mas falta boa vontade [da PBH]”.
Os feirantes que reuniram estavam com cartazes cobrando a retomadas das atividades. “Sem feira, sem arte, sem cultura, sem trabalho, sem dignidade, sem honra”, “Libera a feira, “A feira é o nosso sustento”, “Precisamos trabalhar urgente”, foram alguns dos dizeres escritos. Os manifestantes ainda gritavam “fora Kalil”.
Sem definição
O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, foi questionado sobre a situação da feira e disse que realizou reuniões com representantes dos expositores, mas não comentou sobre uma possível reabertura. “A gente já fez o protocolo inicial para submeter a eles. Existem outras possibilidades para locais de funcionamento e para disponibilizar espaços para expor os produtos. O molde como era antes, a feira não vai voltar a funcionar”, disse.
Diante da falta de perspectiva de quando vai poder expor novamente, Zilda diz que os sentimentos são de “revolta” e “tristeza”. “Eles não sabem como estamos vivendo. Só Deus sabe quando teremos uma resposta. O sentimento que tenho é de tristeza e revolta”, desabafa.
Maria das Dores cobra uma verba para os expositores, já que a feira sempre atraiu turistas e consequentemente gerou lucro para estado e município. “Não vamos voltar tão cedo, então olhe por nós. Destine alguma verba para nos ajudar. Queremos abrir com segurança, mas nos dê uma resposta. Nós só queremos trabalhar. Não queremos esmola, queremos trabalho. Gostamos é de ir à luta”, conclui.