Homem-Aranha vende pipoca e espalha alegria pelas ruas de BH

Vendedor Homem-Aranha
Homem-Aranha entrou na vida do trabalhador para realização de ações sociais (Amanda Dias/BHAZ)

“Eu não sou vendedor ambulante, eu tenho uma missão aqui. Não estou indo para a rua atrás de conseguir alguma coisa, estou indo para alegrar as pessoas”. É com esse tom de super-herói da vida real que o Homem-Aranha de BH descreve o próprio trabalho. Quando tira a fantasia, Fábio Costa é um ex-corretor de imóveis. Ele conta que desistiu de uma vida “entediada” e, com o traje, passou a vender pipoca e amendoim nas ruas da capital.

Em uma conversa descontraída com o BHAZ, Fábio relatou que as experiências que viveu como Homem-Aranha mostraram que o que estava fazendo ia muito além do ganha pão para a família. “Se você vier aqui domingo eu vou estar na rua. Se for pra pegar a roupa aqui agora, trocar de roupa e sair agora, eu vou rir até no canto. Essa é a mensagem que eu carrego. Eu abandonei praticamente tudo para fazer esse trabalho do Homem-Aranha”, declara.

‘Atitude gera oportunidade’

A fantasia do personagem, que hoje é a marca do vendedor, não surgiu com esse propósito. Inicialmente, Fábio usava o traje para trabalhos sociais, visitando crianças em hospitais, creches e idosos em asilos. “As pessoas começaram a perguntar se eu não fazia aniversário infantil. Aí começou a surgir um negócio para mim”, detalha.

Segundo Fábio, foi a partir daí que o Homem-Aranha entrou em ação também na vida profissional. Fazendo eventos e trabalhos sociais, ele resolveu largar o emprego de motorista que tinha na época e investir no personagem. Só que aí veio a pandemia, complicando a situação.

Homem aranha vendedor
Fábio resolveu investir no personagem, mas a pandemia alterou os planos dele
(Amanda Dias/BHAZ)

“Com esse negócio de pandemia não tinha mais aniversário para ir, que era onde eu conseguia tirar um dinheiro razoável. Aí uma colega começou a fazer pipoca gourmet e eu comecei a vender. Para ter mais uma opção, aprendi a fazer amendoim. Aí eu fico lá gritando, já tenho até o bordão que o pessoal conhece: ‘tá acabando, hein?’. Mas o trabalho que eu faço é muito mais do que vender pipoca, minha intenção é maior”, conta.

Nunca é tarde para arriscar

Aos 45 anos, Fábio acredita que pode ser um exemplo para outras pessoas que têm medo de enfrentar mudanças na vida adulta. “Eu já fiz de tudo que você imaginar nesta vida. E tudo infeliz. Eu trabalhei por causa do dinheiro e eu nunca tive na minha vida”, declara.

Homem aranha vendedor
Ele afirma que é inacreditável as experiências e pessoas que conheceu trabalhando nas ruas
(Amanda Dias/BHAZ)

Transformar-se no Homem-Aranha foi a melhor opção para a vida profissional de Fábio, mesmo diante de comentários negativos. “O tanto de crítica e deboche que eu recebo. Mas entra no ouvido e sai no outro. Eu sei onde eu quero chegar, sei quem eu sou. Então, eu agradeço que eu cheguei nesse nível”, celebra.

O que faz valer pena

A ideia de levar alegria para as ruas de BH também leva alegria a Fábio e à família dele. Totalmente apoiado pela esposa e com uma filha de 3 anos, que adora o Homem-Aranha, ele teve transformações também na vida pessoal. Fábio conta que o trabalho com o personagem permitiu que ele se soltasse e desenvolvesse melhor outras áreas da vida.

Nas ruas, o homem também percebe o resultado do trabalho, que algumas vezes o leva às lágrimas. “Um dia eu estava na rua Pium-í. Quando coloquei o pé para fora do carro, uma mulher chorando me abraçou e disse: ‘você é uma resposta para mim, uma resposta do meu filho'”, relembra.

A mulher contou para Fábio que perdeu o filho, aos 8 anos, para uma doença rara. A criança era fã do Homem-Aranha e tinha o quarto e festas de aniversário com o tema do herói. “Ela falou: ‘eu sei que onde ele estiver, ele vai estar se alegrando'”, lembra, voltando a se emocionar com a história.

Para o Homem-Aranha de BH, são casos como esse que fazem com que o trabalho vá além de ser um vendedor ambulante. Na pandemia, Fábio diz que refletiu ainda mais sobre as decisões que tomou. “Hoje em dia todo mundo desesperado, muita gente perdendo emprego. Eu tenho certeza que o tanto de gente que morreu pelo coronavírus me deu mais temor. Eu me sentia inútil. Depois que passa dos 40, a pessoa acha que não tem mais capacidade e eu tô indo contra tudo isso. Venci a timidez, fui na marra e consegui”, conclui.

Edição: Roberth Costa
Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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