O filho de uma técnica de enfermagem que morreu por Covid-19 publicou um vídeo em que faz um alerta, pedindo para que as pessoas levem a doença a sério. Hudson Alves é filho de Shirlene Alves dos Santos, profissional da saúde que atuava na linha de frente no combate à doença na rede de saúde de Belo Horizonte e morreu no dia 14 de agosto em decorrência da doença.
“Acredito que muita gente, assim como eu, nunca pensou em passar por um momento desse, estar no meio de uma pandemia que afeta todos os setores de várias nações. A gente tem uma visão quando a situação está acontecendo a nossa volta mas não chega perto da gente, a gente tem aquela sensação de estar vivendo em uma bolha, que aquilo não vai atingir a gente. Mas não é brincadeira”, diz Hudson no vídeo, publicado nessa sexta-feira (28).
“Lamentavelmente, de uma forma muito agressiva e muito drástica, eu tive uma perda muito importante na minha vida, da minha mãe”, lamenta. Ele conta que a profissional de saúde da PBH era uma pessoa saudável, ativa e alegre, mas que tinha algumas doenças que a incluíam no grupo de risco. “Independente de qualquer coisa ela estava lá todos os dias, firme e forte na luta”, completa o filho.
Empatia
Hudson, de 31 anos, pede que as pessoas não deixem a doença afetar a própria família para começar a levá-la a sério. “Isso me fez enxergar como a gente só dá valor e credibilidade a algo tão importante quando chega perto da gente. Eu venho aqui por um ato de estar implorando, suplicando para você, que você pelo menos tente olhar ao seu redor, para neste momento a gente trabalhar um pouco a empatia”, pede.
Ele lamenta que haja pessoas andando pelas ruas sem máscaras e participando de festas clandestinas e lembra que a contenção da transmissão da Covid-19 depende de um trabalho coletivo. “Temos que fazer o possível para que o esforço dessas pessoas que estão na linha de frente, que estão sendo escudo para que nós fiquemos bem, assim como minha mãe, não seja em vão”, completa.
“O que eu estou fazendo aqui é um apelo para que a gente não seja egoísta, pense no próximo. Vamos nos cuidar, fazer da forma que tem que ser feito, porque não é brincadeira. Previnam-se, cuide de você e dos seus. Mesmo que você não queira fazer por você, pense no próximo, nos seus entes queridos”, finaliza Hudson no vídeo.
Reivindicações
Shirlene Alves dos Santos, de 53 anos, morreu por Covid-19 na madrugada do dia 14 de agosto. Até hoje, de acordo com o Sindibel (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte), oito profissionais da saúde de BH morreram em decorrência da doença e dois outros óbitos são suspeitos e devem ser confirmados ou descartados até amanhã.
À época, o presidente do Sindibel, Israel Arimar de Moura, afirmou ao BHAZ que era preciso reavaliar como são feitas as testagens na capital mineira, assim como os equipamentos de proteção. Ele também reivindicou o afastamento dos profissionais do grupo de risco da linha de frente do combate à Covid-19. “Os técnicos de enfermagem estão na linha de frente no combate da pandemia. É preciso que seja reavaliados os equipamentos de proteção, de forma urgente. Todos os que morreram faziam parte do grupo de risco, que não é reconhecido pela prefeitura. Eles tinham problemas como diabetes, asma, pressão alta, entre outros”, afirmou Israel Arimar.
Ainda no dia 14 de agosto, por meio de nota (leia abaixo na íntegra), a SMS-BH (Secretaria Municipal de Saúde) lamentou a morte da profissional. Segundo a pasta, desde março, como medida de prevenção ao contágio, os profissionais com idade superior a 60 anos, as gestantes e os comprovadamente imunossuprimidos, cujas funções impliquem o contato direto com pacientes com suspeita de Covid-19, foram afastados do trabalho presencial, conforme portaria disponível aqui.
Nota da SMS-BH
“A Secretaria Municipal de Saúde, em nome do secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, manifesta sentimento de pesar pelo falecimento de Shirlene Alves, técnica de enfermagem do Centro de Saúde Paraúna, na Regional Venda Nova.
Sua contribuição e dedicação ao SUS-BH serão sempre lembradas. Aos familiares, amigos e colegas de trabalho, os votos de paz e solidariedade.
Desde março, como medida de prevenção ao contágio, os profissionais com idade superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes e os comprovadamente imunossuprimidos, cujas funções impliquem o contato direto com pacientes com suspeita de COVID-19, foram afastados do trabalho presencial, conforme portaria disponível no link: http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=1227148
Todos os agentes públicos lotados na Saúde com sintomas da Covid-19 são testados, assim como aqueles assintomáticos com contato domiciliar da doença. Os testes realizados são do tipo RT PCR, conforme nota técnica 030/2020, disponível no link: https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/2020/nota-tecnica-covid-19-n30_-atualizacao-13072020-.pdf
O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde – Cievs da Prefeitura acompanha e orienta quanto às medidas necessárias a serem tomadas nas unidades de saúde de Belo Horizonte que tem em seu quadro profissionais confirmados com Covid-19.
Os servidores assintomáticos com contato com esses profissionais são testados por meio do teste rápido (imunocromatográfico), realizado com coleta de sangue. Se o resultado é negativo, o profissional não é afastado, e deve reforçar as medidas de prevenção e monitorar aparecimento de sintomas.
Se o resultado do teste rápido der positivo, o trabalhador é afastado preventivamente e realiza o teste RT-PCR (molecular). Caso o resultado deste exame é positivo, o profissional permanece afastado por 10 dias a partir da data da realização do exame. Se o exame tipo RT-PCR der negativo, o profissional retorna ao trabalho, reforçando as medidas de prevenção e monitorando o aparecimento de sintomas.
A Secretaria Municipal de Saúde mantém diálogo permanente com o Sindicato”.