Dois indicadores de monitoramento da Covid-19 em Belo Horizonte aumentaram após três semanas da reabertura do comércio. Os parâmetros tiveram alteração após o primeiro fim de semana com seis parques funcionando. As informações foram divulgadas pela Secretaria Municipal de Saúde, nessa segunda-feira (31). Segundo o médico membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, Unaí Tupinambás, se os números seguirem aumentando, a cidade pode ter que rever a flexibilização.
De acordo com o documento, a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para Covid-19 aumentou seis pontos percentuais desde a última sexta-feira (28), chegando a 58,3% nessa segunda-feira. Mesmo com o aumento, o indicador ainda se encontra no alerta amarelo.
A taxa de contágio (RT) também aumentou e está mais próxima de 1. Na última sexta (28), o RT estava em 0,96. No último boletim, o número chegou a 0,98, permanecendo no alerta verde. A taxa de ocupação dos leitos de enfermaria para Covid-19 foi a única que teve queda, atingindo 46,9%.
Segundo boletim epidemiológico divulgado pela SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), nesta terça-feira (1º), Minas Gerais já acumula 218.781 casos confirmados do novo coronavírus, além de 5.364 mortes pela doença. Belo Horizonte atingiu a marca de 32.679 infecções e 978 óbitos.
Rever flexibilização
Unaí Tupinambás, médico do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19, explica que os parâmetros de segunda-feira são sempre “um pouco piores”. “A gente não pode falar em aumento significativo no RT se estamos perto de 1. Essa taxa, provavelmente, deve ficar entre 0,9 e 1. Se continuar aumentando, vamos ter que rever a flexibilização do comércio, mas um dado isolado de ontem ainda não é motivo”.
O profissional continua e diz que o comitê acompanha a todo momento a situação da epidemia em BH. “A expectativa é que esses números possam piorar um pouco, pois ainda não sabemos como está a imunidade da população”, explica o médio.
A reabertura dos bares está prevista para esta sexta-feira (4), mas o infectologista alerta para que a população continua evitando aglomerações. “A pandemia ainda não acabou, vamos ter que ter muitos cuidados pelo menos para os próximos dois anos. Nesses bares, que vão abir a partir de sexta, a preferência é ficar naqueles que têm mesas na calçada, e evitar, ao máximo, o contato com outras pessoas. A máscara face shield é uma boa opção para esses locais. E, aquelas pessoas que têm maior vulnerabilidade, o recomendável é não frequentar esses locais”, completa.
O infectologista Leandro Curi diz que não podemos deixar de ter atenção em momento nenhum. “Parte da população está tendo um relaxamento muito grande, estão se comportando como se pandemia tivesse acabado. Corremos risco de regredir a flexibilização. Já vimos algumas cidades com aumento de casos, início de uma segunda onda. Não estamos em uma situação confortável. O convite que faço a todos é ponderar bastante se precisa ir pro bar mesmo ou a festinhas”, explica.
