A sequência de feriadões chegou (e traz a dúvida): Posso viajar?

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Trânsito ontem na saída para São Paulo, na BR-381, em Betim; e hoje no Anel Rodoviário, para Vitória (Reprodução/@PRF191MG/Twitter)

A sequência de feriadões que pode resultar em quase uma quinzena de folgas antes das festas de fim de ano chegou. A série iniciada pelo Sete de Setembro, nesta segunda-feira (7), era aguardada desde o ano passado – mas ninguém esperava que viesse em meio a uma pandemia. E, após mais de cinco meses de confinamento, surgem os dilemas: posso viajar sem colocar a minha e a saúde de outros em risco? Devo, mesmo com a saúde mental afetada, segurar ainda mais?

O BHAZ procurou especialistas para esclarecer essas questões – mas já dá um spoiler: não há resposta fácil, definitiva ou mesmo uma espécie de manual intacto. “Um conselho que dou é: ‘dá para esperar um pouco mais para viajar?’. Se a resposta for sim, permaneça em casa”, enfatiza o médico infectologista Leandro Curi, uma das referências no assunto em Minas Gerais.

Mas… e se parecer que não dá? É frescura ou fraqueza minha? “Ficar tantos meses dentro de casa, vivenciando uma pandemia, não é fácil e gera impactos na saúde. O confinamento tem provocado o aparecimento de várias doenças relacionadas ao excesso de estresse: hipertensão, infarto, derrame e até câncer”, relata o especialista em medicina integral Adriano Faustino.

O fato é que, até este sábado (5), mais de 125 mil pessoas morreram e 4 milhões de brasileiros foram contaminados pela Covid-19, que, se não mata na maioria das ocorrências, pode deixar sequelas para toda a vida. Entre tantas incertezas, tão certo quanto os graves efeitos que uma saúde mental prejudicada pode causar é que o Brasil está longe de superar a pandemia.

Portanto, o objetivo desta reportagem não é validar uma linha negacionista que ignora a ciência, mas sim tentar enxergar, através de especialistas, o atual momento com toda sua complexidade – sob a ótica restrita, lógico, dos feriados.

Confinamento e saúde mental

Faustino explica que o entretenimento que interrompe a rotina é fundamental para o ser humano conseguir descansar, de fato. “O lazer é importante para o descanso do cérebro. Quando vivenciamos este momento, liberamos o hormônio da felicidade, mas quando há privação prolongada chega ao esgotamento do limite. Os neurotransmissores vão abrindo rotas para doenças mentais e cardiovasculares”, afirma

O especialista pontua que não basta ter uma boa noite de sono para dar ao cérebro o descanso necessário. “É preciso ter um momento de relaxamento e descanso. Não é simplesmente deitar e dormir. A falta do lazer faz alguns pacientes desenvolverem crises psíquicas, ansiedade, distúrbios do sono e tem gente que sequer consegue dormir”.

A destora de Recursos Humanos Ana Carla de Oliveira sentiu na prática o que o especialista em medicina integral teoriza. “Comecei a desesperar, porque só ficava dentro de casa. Não é fácil mudar de rotina. Foi tudo muito novo. O meu cabelo começou a cair e precisei procurar um médico tamanha a ansiedade”, conta.

Por causa dos impactos da pandemia, ela foi demitida em março, mudou completamente a rotina com a qual era acostumada e se viu confinada com o filho, cujas aulas também foram suspensas.

O que fazer?

Na disputa subjetiva entre respeitar o isolamento social completo e preservar a saúde mental, o ideal é segurar um pouco mais, como pontuou o infectologista Leandro Curi no início desta reportagem. “Sem a vacina é difícil falar qual é o momento ideal para viajar, pois sem ela pode até não chegar [o momento ideal]” diz.

“Fato é que agora é mais favorável do que a dois meses atrás. Comparado com o ápice que estávamos de números, o mês de agosto foi um pouco mais suave e setembro também tende a ser. Apesar desta perspectiva, o ideal é ficar em casa”, pondera o especialista.

Se a saúde estiver afetada, Curi sugere que o interior do estado seja o destino preferido.“Esse lugar proporciona o isolamento mais necessário e as pessoas ficam em espaços abertos. Procure locais mais isolados e evite praias. São pontos com muita movimentação de pessoas e de diferentes lugares”.

E, durante a viagem, é preciso tomar cuidados básicos para manter a saúde de todos. “Viajar é importante para a mente, mas devemos continuar usando máscaras, álcool em gel e a higienização. Tanto se o trajeto for feito de ônibus ou carro. Também é preciso optar pelas janelas abertas do que pelo ar condicionado. E se estiver com sintomas gripais permaneça em casa”, alerta Curi.

Feriadões

O Sete de Setembro dá início a uma sequência de feriados que podem representar 13 dias de folga até as festas de fim de ano. Isso porque os recessos caíram em dias próximos do fim de semana: segunda ou terça, por exemplo (veja aqui). São eles:

  • Sete de Setembro: 7/9, segunda-feira
  • Nossa Senhora Aparecida: 12/10, segunda-feira
  • Finados: 2/11, segunda-feira
  • Imaculada Conceição (feriado em BH): 8/12, terça-feira

Na primeira oportunidade de recesso prolongado, o movimento foi intenso nas principais saídas da capital mineira, especialmente ontem. Um termômetro foi a procura por carros alugados: belo-horizontinos interessados tiveram dificuldades para encontrar veículos à disposição, tamanha a procura.

Às 17h10 de hoje, por exemplo, a BR-040, na altura de Ribeirão das Neves, apresentava lentidão de oito quilômetros, segundo a concessionária responsável pela via. Mais cedo, uma pessoa morreu atropelada no Anel Rodoviário, no bairro Jardim Vitória, na região Nordeste da capital.

Reforce a proteção contra o vírus

A SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) orienta que a população tome algumas medidas de higiene respiratória para evitar a propagação da doença, são elas:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
Edição: Thiago Ricci
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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