Mãe que bebeu antes de acidente que matou filha vai responder por homicídio

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Carro capotou após motorista perder a direção (Reprodução/Globocop + Reprodução/Google Street View)

A mulher de 39 anos responsável pela capotagem do veículo que resultou na morte da própria filha, de 5 anos, vai responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O acidente fatal ocorreu na tarde desse domingo (6), na MG-020, na região metropolitana de Belo Horizonte, e a motorista afirmou aos militares que tinha ingerido quatro latões de cerveja antes de pegar estrada.

Ela foi detida pelos policiais e levada a uma delegacia. A mulher responderá pelo crime em liberdade, segundo informou a Polícia Civil, por nota (leia na íntegra abaixo). Ela afirmou aos militares que atenderam a ocorrência, ontem, que perdeu o controle ao fazer uma curva para a esquerda, quando seguia de Jaboticatubas em direção ao município de Santa Luzia.

O veículo se chocou com um barranco à margem direita da pista e, com o impacto, capotou. A filha de 5 anos, que, segundo a motorista, estava com cadeirinha no banco traseiro, foi arremessada para fora do veículo e faleceu ainda no local do acidente. O pai da criança estava no banco do passageiro e nada sofreu. A mãe sofreu apenas alguns arranhões e dispensou socorro.

Ela relatou aos militares que estava voltando de uma cachoeira, próxima ao local do acidente, e teria bebido os quatro latões, de 473 ml, de Brahma. Ela se recusou a fazer o teste do bafômetro, e foi presa em flagrante. Em seguida, ouvida pela Polícia Civil e liberada – vai responder pelo crime de homicídio culposo em liberdade. O carro e a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) foram apreendidos.

Não foi acidente

Ava Gambel, membro do movimento “Não Foi Acidente”, que divulga casos de acidentes de trânsito causados por condutores embriagados, acredita que quem dirige alcoolizado assume um risco. “Muitas pessoas vão dizer que a pena maior a mãe já teve, que foi a perda da filha. Acho que até na defesa dela vai ser utilizado isso. Só que, a partir do momento em que uma mãe ou pai bebe, eles assumem o risco. Ainda mais tendo um filho, que é um bem tão precioso, dentro do carro”.

Para Gambel, a mulher deveria ser indiciada por homicídio doloso, que é quando há intenção de matar. “No caso dessa mãe, que causou a morte da criança, nada difere de uma mãe que mata o filho em outra situação. A visão que muitas pessoas têm é que foi um acidente. Beber e dirigir é algo cultural, mas que precisa ser mudado. Em muitos casos, quem mata no trânsito chega em casa ainda antes da vítima ir para o velório”.

Com mais de 1 milhão de seguidores nas redes, o movimento “Não Foi Acidente” é um divulgador importante de casos de direção alcoolizada. “O nosso canal hoje é para divulgar esses crimes. É uma voz para os familiares das vítimas. Hoje aconteceu essa mãe, mas daqui a duas semanas deixa de ser notícia. Tenho um cadastro de familiares de vítimas, com mais de 150 contatos. O nosso papel hoje é não deixar que caia no esquecimento, sempre estamos lembrando”, completa.

Nota da Polícia Civil

“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que a mulher que dirigia o carro foi ouvida na Delegacia de Plantão de Santa Luzia, ontem (6),  e responderá em liberdade pelo crime de Homicídio culposo”.

Edição: Thiago Ricci
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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