Covid-19: Contágio cai, mas PBH não descarta segunda onda de casos

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Comportamento da população será determinante para o futuro da capital (Moisés Teodoro/BHAZ)

A sexta-feira foi de boas notícias para Belo Horizonte no que diz respeito às medidas de enfrentamento à Covid-19, com todos os indicadores de risco no nível mais baixo, novas medidas de flexibilização do comércio e diminuição do ritmo de contágio. No entanto, engana-se quem pensa que é hora de relaxar: apesar do cenário positivo, a Secretaria Municipal de Saúde não descarta a possibilidade de uma “segunda onda” de infecções na capital.

“Pode ser que nós tenhamos uma segunda onda de casos sim, porque gente suscetível nós temos”, afirmou o secretário municipal de Saúde Jackson Machado, em entrevista coletiva na tarde de hoje (11). Ele explicou que a queda da curva de contágio observada na capital tem a ver com uma série de fatores, entre eles o aumento progressivo da imunidade coletiva – conhecida como “imunidade de rebanho -, mas não é definitiva.

Para explicar o que pode ocorrer em BH, o infectologista Carlos Starling, que integra o Comitê de Combate à Covid-19 da PBH, citou o exemplo da Espanha. O país teve um dos confinamentos mais rigorosos contra o coronavírus em toda a Europa e, ainda assim, agora, cerca de dois meses depois da reabertura do comércio, a progressão do número de casos é a mais alta da região.

Mas então como evitar que casos como o da Espanha se repitam por aqui? Com disciplina, atenção aos cuidados e sensibilidade. “A disciplina que nós tivemos, o esforço que todo mundo teve de achatar essa curva, esse tempo foi essencial para a redução da mortalidade. É importantíssimo as pessoas entenderem que o tempo foi rei de fato. A imunidade coletiva está chegando aos poucos e um dos fatores que tem gerado isso é a utilização de máscaras”, avalia Starling.

Flexibilização X Banalização

Tanto o secretário de Saúde como os médicos que integram o comitê da prefeitura foram enfáticos sobre o papel determinante que cada belo-horizontino vai ter sobre a chegada ou não de uma segunda onda da doença na capital. “Nós gostaríamos muito de estar soltando foguete hoje, mas não é essa a realidade. Nós ainda temos muita gente suscetível e as medidas tem que ser cada vez mais rigorosas. Definitivamente não é hora de relaxar e nós não podemos confundir flexibilização com banalização”, alerta Starling.

O especialista pontua ainda que, ao longo desses quase seis meses de pandemia, a postura dos belo-horizontinos de modo geral tem agradado os especialistas e foi determinante para cada bom resultado até aqui. “Nós somos a capital com menor taxa de mortalidade por milhão de habitantes no país. Isso não é coincidência. Isso é medida de isolamento social que a população abraçou com muita sensibilidade”.

Quatro passos

Além do uso da máscara, há ainda outras três atitudes essenciais para manter os bons indicadores e evitar que o cenário se agrave. “Se eu uso a máscara, se eu faço distanciamento, se eu evito aglomeração, se eu lavo a mão, isso funciona. Se a gente fizer essas quatro coisas, nós vamos passar tranquilos, é um conjunto de ações que nós temos facilmente na nossa mão. Lá atrás, se a gente soubesse disso, poderia inclusive ter flexibilizado até antes”, explica o infectologista Unaí Tupinambás, que também integra o comitê da prefeitura.

Por outro lado, Unaí lembra que ainda não existe cura comprovada para a Covid-19 e que todas essas medidas são formas de amenizar os estragos. “Um exemplo que eu gosto de usar é o do cinto de segurança. Se eu colocar o cinto de segurança, isso significa que eu não vou ter acidente e não vou morrer? Não é bem assim, mas a chance diminui”, pontua.

Desmobilização de leitos

A trajetória da capital até aqui é uma “luz no fim do túnel” para motivar os belo-horizontinos a aumentarem ainda mais os cuidados. Com a queda dos três indicadores de risco para o nível verde, a Secretaria Municipal de Saúde decidiu desmobilizar leitos de enfermaria e UTI da rede pública. A partir da próxima semana, parte dos leitos que estavam reservados exclusivamente para pacientes com Covid-19 serão realocados para pessoas com outras enfermidades.

“O número de pessoas circulando aumentou e têm acontecido acidentes de trânsito. Também tem pessoas com necessidades vasculares, problemas neurológicos… Não faz sentido a cidade ficar com a ocupação de leitos de Covid-19 menor do que 50% e a gente ficar sobrecarregado nos outros leitos”, explicou o secretário Jackson Machado.

As mudanças, que serão oficializadas na próxima semana, já começaram. Dos 1.713 leitos de enfermaria dedicados ao tratamento da Covid-19, 101 já foram desmobilizados. O mesmo também já aconteceu com 52 dos 741 leitos de UTI. Conforme o secretário, caso as orientações de combate à doença sejam desrespeitadas e o número de infectados aumente, a decisão pode ser revogada e os leitos voltam a ser de Covid-19.

Edição: Roberth Costa
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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