Rainha das cobras: Quem é a mulher que leva serpentes para passear?

(Arquivo pessoal/Mônica Cunha)

Se você é de Belo Horizonte, provavelmente já viu ou ouviu relatos sobre uma mulher que anda pelas ruas do Centro com suas cobras de estimação. Ela já é quase um patrimônio cultural da cidade e a cena das cobras “passeando” dentro de um carrinho de bebê é comum para quem frequenta a região do Mercado Central. Nas redes sociais, a mesma coisa: de tempos em tempos, viralizam vídeos dos pets peculiares. O que quase ninguém sabe é quem é a dona dos bichos – mas o BHAZ descobriu.

Mônica Cunha, a mulher que intriga belo-horizontinos por onde passa, tem 60 anos e é dona de mais cobras do que a maioria das pessoas imagina. Ela vive com cinco animais ao todo – e os nomes são um melhor do que o outro: Tiopatinhas, Lumbriga, Leiditripinha, Tomasturbano e Coronavírus. Ela comprou o primeiro animal de um criadouro há 11 anos e elas são suas grandes companheiras desde então.

Belo-horizontina cria cobras há 11 anos (Arquivo pessoal/Mônica Cunha)

“Moro com a minha família, mas perdi meu pai, meu irmão, meu avô e minha mãe e as cobras estavam comigo no velório”, contou ao BHAZ. Mônica explica ainda que, em casa, a convivência dos pets com a família – o filho, a nora, o irmão e o neto – é tranquila: “Ficam todas soltas pela casa. Todos gostam e acostumaram. Todos trancados na mesma casa e elas soltas, cada um respeitando o espaço do outro”.

Cobras noveleiras

Em poucos minutos de conversa, foram várias histórias inusitadas sobre a convivência com os bichos. Mônica conta que faz acessórios como gorrinhos de Natal, que leva as cobras para lanchar no shopping e, às vezes, chega a perder espaço na cama. “Elas deitam na minha cama, veem novela da Record e descem. O pior é quando resolvem não sair, aí nem eu tiro. Um dia dormi no chão, ninguém da minha casa conseguiu tirar ela da cama”, lembra.

Situações mais “difíceis” como essa podem acontecer também nos passeios pelo Centro, afinal, conforme lembra Mônica, mesmo sendo animais muito dóceis, as cobras tem momentos mais delicados: “São mansas, mas são imprevisíveis. Tem época que querem cruzar, outras querem mais sossego, outra hora simplesmente não foram com a cara da pessoa…”.

Serpente ocupa cama e deixa Mônica sem lugar para dormir
(Arquivo pessoal/Mônica Cunha)

Nessas horas, ninguém se atreve a tentar uma aproximação, nem mesmo os familiares que moram com os bichos. “São dóceis demais, mas não pode abusar, até porque bondade tem limites, né? Até um cachorro mais manso um dia morde os outros. Aqui em casa ninguém põe a mão, só eu que sou doidona mesmo”, conta Mônica, que, mesmo sendo mais corajosa, nem sempre consegue escapar das picadas.

‘São a vida dela’

Das cinco cobras que vivem com a mulher, três foram compradas no Jiboias Brasil, o maior criadouro legalizado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis), que fica em Betim, na região metropolitana de BH. Atualmente, o criadouro têm aproximadamente 600 jiboias de espécies variadas.

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Tiago Lima, biólogo do Jiboias Brasil, ainda tem contato com Mônica e conta que as cobras foram uma grande ajuda na vida da mulher. “Ela teve um problema de saúde há um tempo que a afetou bastante. Hoje, o benefício que os animais trazem pra ela eu acho algo fora do comum. As cobras hoje são a vida dela. Ela vivem em prol de cuidar das cobras”, contou ao BHAZ.

Ele explica ainda que, ao que tudo indica, os animas estão muito bem cuidados: “A gente tem contato, ela está sempre mandando mensagem. Um dos fatores que a gente pode avaliar é como os animais crescem. Comparando até com animais que a gente mantém, os dela cresceram até mais. São sempre muito mansos e se desenvolveram muito bem pro período que ela cria”.

‘Amor não escolhe’

Sobre o medo que muitas pessoas têm ao ver cobras de estimação, ele tranquiliza: “Não tem risco nenhum, elas são criadas e vendidas como animal de estimação mesmo. Eu gosto muito de comparar como se fosse um estilo musical. Tem pessoas que gostam de funk e tem pessoas que gostam de ouvir música clássica e aquilo faz bem para elas independente do ritmo. Amor a gente não escolhe, né?”.

E ao que tudo indica, o amor só aumenta. Mesmo já vivendo com cinco cobras, Mônica conta que ainda pretende arrumar um espacinho para mais uma: “Ano que vem vou comprar outra, de uma outra espécie. É linda, linda, mas preciso estudar sobre ela primeiro”.

Edição: Roberth Costa
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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