Funcionário dá carne crua a morador de rua e causa revolta nas redes

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Morador de rua recebe carne crua de funcionário de distribuidora (Reprodução/Redes sociais)

A cena de um morador de rua com um pedaço de carne crua, dado pelo funcionário de uma distribuidora de alimentos, em Santos (SP), causou indignação nas redes sociais. O registro foi feito por uma estudante, que preferiu não se identificar. Segundo a jovem, ela saía de um supermercado quando flagrou o momento em que o homem jogava um pedaço de carne para o morador de rua, nessa quarta-feira (23).

Em entrevista ao G1, a jovem disse que saía de um supermercado, no bairro Campo Grande, nessa quarta-feira, quando viu a cena. Ela tinha comprado biscoitos e uma bebida para dar ao morador de rua. Contudo, pouco antes de entregar os produtos, viu o caminhão da distribuidora de carnes do mercado e o homem, que seria um funcionário, jogando um pedaço de carne crua para dar ao morador de rua.

“Ele [morador de rua] disse que não comia aquilo. A pessoa que jogou disse ‘não come gordurinha? Então, dá para o cachorro'”, relatou a estudante. Muito indignada com a situação, ela deixou as compras em casa e voltou para cobrar uma atitude do supermercado. O caminhão da distribuidora já havia ido embora quando a moça chegou, e não houve tempo para conversar com a pessoa que forneceu o alimento cru.

O que disse o gerente?

A estudante ainda relatou que questionou o gerente do local, e ele disse que não poderia fazer nada, que ela deveria falar com a distribuidora, mas não quis falar o nome da empresa. “Ele disse que não poderia fazer nada, que não era problema dele”, relembrou a jovem. Ela também disse que avisou ao morador de rua sobre os riscos do consumo da carne. A jovem postou o ocorrido nas redes sociais, e a postagem viralizou.

“O que me motivou foi o fato de eu saber os riscos de ingerir carne crua, principalmente agora, nessa época de pandemia. Se ocorreu uma vez, pode ocorrer a segunda. Se, na pior das hipóteses, ele ficasse doente, ninguém o ajudaria no tratamento”, desabafou a jovem.

Supermercado nega

Ela ainda completa dizendo que a postagem foi feita para que o local fosse pressionado a fazer algo a respeito. “Não postei antes de procurar o mercado para tentar resolver. Não culpei o mercado pela atitude do fornecedor, mas, sim, pelo descaso com o ocorrido. Informaram que iriam puxar imagens, tentar tomar providências, e se fosse o caso, não utilizar o mesmo fornecedor”.

Por meio de nota (leia abaixo na íntegra), o supermercado disse que o caminhão parou a uma distância considerável do local e que, por isso, as câmeras de segurança não flagraram o momento. “Questionamos o fornecedor que fez a entrega nesse dia, e o mesmo contatou seu motorista e entregadores, que afirmaram que não ofereceram ou entregaram carne ao senhor que estava na rua”.

O supermercado ainda chamou a jovem de “irresponsável”, por conta da publicação. “O que podemos afirmar é que não foi fornecido nenhum produto in natura ou impróprio para o consumo por parte do mercado ou em suas dependências, e seria leviano e irresponsável, acusar uma empresa fornecedora sem nenhum tipo de prova”. No fim, o local disse que procura o morador de rua para lhe dar assistência.

Nota do supermercado

“Apuramos os fatos relatados pela cliente sobre um suposto fornecedor ter entregue carne crua a um senhor em situação de rua.

O caminhão parou na esquina, cerca de 40 metros da nossa loja, e em nossas câmeras de monitoramento não é possível identificar a entrega da carne (sebo) para o senhor conforme relatado.

Questionamos o fornecedor que fez entrega nesse dia e o mesmo contatou seu motorista e entregadores, que afirmaram não oferecer ou entregar carne ao senhor que estava na rua. Embora, fomos informados que é comum algumas pessoas, ao verem os caminhões, pedirem mercadorias aos entregadores.

Seria irresponsável acusarmos sem provas uma pessoa ou difamar pela mídia social a pessoa ou empresa! O que podemos afirmar é que não foi fornecido nenhum produto in natura ou impróprio para o consumo por parte do mercado ou em suas dependências, e seria leviano e irresponsável acusar uma empresa fornecedora sem nenhum tipo de prova.

Praticamos sim a empatia, e pedimos o mesmo em relação à empresa e aos nossos colaboradores que servem a comunidade com muito respeito e cordialidade.

Finalizamos informando que praticamos habitualmente doações à ONGs e instituições de apoio social e daremos assistência a esse senhor que se encontra em situação de rua”.

Edição: Aline Diniz
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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