O carro usado pelo secretário de Obras de Patrocínio, Jorge Marra, suspeito do assassinato do pré-candidato a vereador Cassio Remis (leia mais aqui), para fugir da cena do crime, foi localizado pela Polícia Civil de Minas Gerais, nesta sexta-feira (25). No veículo, as autoridades encontraram um revólver e um celular, que pode pertencer à vítima ou ao autor. Marra, que é irmão do prefeito de Patrocínio, está foragido e a polícia negocia sua rendição com a família.
A caminhonete foi encontrada em Perdizes, também no Alto Paranaíba, a cerca de 60 km do local do crime, na casa de um político da cidade. De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Renato Mendonça, o revólver encontrado no carro foi enviado à perícia, que poderá confirmar se ele corresponde à arma de fogo utilizada no assassinato de Cassio Remis, cometido na tarde de ontem (24).
“Ainda estamos aguardando o IML (Instituto Médico Legal) e a perícia para confirmar os fatos, mas a princípio a vítima parece ter levado cerca de 5 tiros, efetuados por uma arma de fogo de calibre 38. A arma encontrada no carro estava registrada no nome dele, mas ele não tinha porte legal. Ou seja, ele podia ter um revólver em casa ou no local de trabalho, mas não podia usá-la na rua ou deixá-la no veículo, como aconteceu”, explicou o delegado, em entrevista coletiva à imprensa, nesta tarde.
Suspeito pode se entregar
Ainda segundo o delegado Renato Mendonça e o delegado regional de Patrocínio, Valter André, a Polícia Civil tenta negociar com a família de Jorge Marra para que ele se entregue na delegacia. A prisão preventiva do suspeito foi solicitada pela PCMG ao MPMG (Ministério Público de Minas Gerais). Os delegados acreditam que, até o final da tarde, o Judiciário terá dado um retorno com relação à solicitação.
“Acredito que, até o final da tarde, a prisão preventiva estará declarada. Caso Jorge Marra se apresentasse agora na delegacia, não poderíamos prendê-lo sem a aprovação da prisão pelo Judiciário, já que o período de flagrante [24 horas] já se esgotou. Após o depoimento, teríamos que liberá-lo até o Judiciário decidir se ele vai ficar preso ou não”, explicou o delegado Valter André.
Os responsáveis completam que, além do pedido de prisão preventiva, outras solicitações foram protocoladas ao MPMG, como alguns pedidos que podem contribuir para a localização de Jorge Marra. A investigação, segundo a PCMG, está avançada, e todas as testemunhas já foram identificadas, qualificadas e ouvidas.
Motivo fútil
Jorge Marra, se for indiciado, deve responder por homicídio doloso qualificado por motivo fútil, já que as autoridades acreditam que o secretário de Obras tenha matado Cassio Remis porque ele fazia denúncias sobre a administração da cidade. O suspeito pode ser condenado a até 30 anos de prisão.
“A vítima estava desarmada, correndo, de costas, e motivo era provavelmente é uma briga política. Tudo isso ajuda a configurar o homicídio como doloso qualificado por motivo fútil. A pena ainda pode aumentar se for comprovado o roubo do celular da vítima antes do crime, irregularidades em relação à arma de fogo, etc. Ainda não podemos afirmar se alguém ajudou na fuga, mas, se ajudou, também vai responder por isso”, reforçou Renato Mendonça.
Os delegados acrescentaram que Jorge Marra e Cassio Remis não tinham um histórico de desavenças e que as denúncias feitas pelo pré-candidato sobre o vereador não eram pessoalmente direcionadas à administração atual da cidade. A Polícia Cicil afirmou que Marra tem passagens pela polícia por dois crimes ambientais, mas não há denúncias anteriores sobre violência.
Ameaças
O delegado Valter André contou, ainda, que a Polícia Civil, junto à Polícia Militar, está monitorando as redes sociais por causa de possíveis ameaças direcionadas à família de Jorge Marra, ao prefeito Deiró Marra e a funcionários da prefeitura de Patrocínio.
Segundo o delegado, foi identificada uma pessoa que ligou para a prefeitura e fez ameaças efetivas contra o prefeito e os funcionários. A pessoa ainda não foi localizada, mas as autoridades estão fazendo buscas nas ruas da cidade. Ele acrescentou, ainda, que o prefeito Deiró Marra reforçou sua equipe de seguranças pessoais após as ameaças.
O crime
O pré-candidato a vereador Cassio Remis foi morto a tiros em frente à secretaria de Obras de Patrocínio na tarde de ontem. O suspeito, Jorge Marra, é secretário de Obras e irmão do atual prefeito e candidato à reeleição, Deiró Marra (DEM). A confusão entre os dois começou quando Cassio, que já foi vereador da cidade e até presidente da Câmara Municipal de Patrocínio, fazia uma live no perfil dele do Facebook.
Na gravação, ele denunciava que funcionários da prefeitura faziam uma obra na avenida João Alves do Nascimento, próximo ao local onde será o comitê do prefeito da cidade.“ Para nossa surpresa, mas não para nossa estranheza, nos deparamos com funcionários sendo utilizados para fazer calçamento onde será o comitê eleitoral do prefeito. Funcionários da prefeitura com máquinas da prefeitura à disposição para fazer passeio. Quantos de vocês tiveram condição de ter este asfaltamento aqui? Ninguém. Nenhum de vocês”, disse Cassio.
Na sequência, ele mostra uma caminhonete chegando, e o secretário Jorge descendo e indo em sua direção. “Está aqui agora o secretário chegando para me agredir. Não quebra meu telefone não”. Na sequência a transmissão ao vivo se encerra. De acordo com a PM, Cassio foi até a secretaria de Obras de Patrocínio para pegar o telefone, que estava com o secretário. Assim que o pré-candidato a vereador tentou recuperar o aparelho, Jorge sacou um revólver e atirou contra a vítima, que morreu no local.
