BH acorda com umidade de deserto, possível recorde de calor e poluição

céu ensolarado
Umidade do ar ficará abaixo dos 30% durante a semana (Moisés Santos/BHAZ)

Belo Horizonte pode ter o dia mais quente da história nesta terça-feira (29), ultrapassando os 38°C. A maior temperatura registrada desde 1910, quando as medições começaram, é de 37,4° em outubro de 2015. Além do calorão, que deve ser acentuado no meio da tarde de hoje, a umidade do ar vai chegar próximo a um nível de deserto, podendo alcançar os 12%.

E se você já levantou nesta terça-feira sentindo calor, não estranhe, é que os termômetros marcaram mínima de 23,4°C. “Hoje deve ser o dia mais quente do ano em BH. Estamos quase 10°C acima do normal para essa época do ano em BH. A primavera vai ser bem quente e a semana continuará com temperaturas acima de 33°C”, informou o meteorologista do Clima Tempo, Ruibran dos Reis.

O especialista explica que o fenômeno La Ninã intensifica as bolhas do ar quente e seco que atuam no estado, impedindo a chegada de frentes frias. “O tempo só vai mudar depois da segunda quinzena de outubro, quando temos a previsão de chuvas”, explica Ruibran.

Tempo seco e poluído

Quem observou o horizonte logo no início da manhã, deve ter reparado uma linha esbranquiçada, por vezes até cinza, na parte mais baixa. Mas esse cenário acende um alerta de poluição do ar para os belo-horizontinos. O fenômeno pode agravar ou até iniciar problemas respiratórios. (leia mais abaixo).

Segundo Reis, isso acontece porque não há nebulosidade, causando uma inversão térmica. “Funciona como um tampão que retém toda a poluição do ar nessa faixa mais baixa. A poluição fica retida abaixo de 500 metros de altura”, explica.

Com o ar poluído e a umidade extremamente baixa, é preciso redobrar os cuidados com a saúde. “No intervalo de 5h às 9h é recomendado evitar fazer atividades físicas ao ar livre, já que esse é o horário mais poluído”, orienta o meteorologista.

A capital vai enfrentar um dia extremamente seco, e a umidade pode chegar a 12% [semelhante ao que ocorre nos desertos], índice limite entre o estado de alerta e o de emergência. Para se ter uma ideia, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o nível ideal da umidade do ar é acima de 60%.

Como aliviar?

O BHAZ conversou com o médico pneumologista Matheus Goebel para entender as condições que esse tempo tão quente e seco trazem para a saúde. “Esse cenário de baixa umidade do ar agrava os problemas respiratórios, podendo causar o ressecamento das vias aéreas. E isso pode levar ao aumento do número de doenças respiratórias, e ainda piorar o quadro das doenças crônicas como asma e rinite alérgica”, explica.

O tempo seco, associado ao aumento da temperatura, deixa a situação ainda pior porque pode causar quadros de desidratação. “O principal é manter um bom nível de hidratação, tomar pelo menos 2,5 litros de água por dia, além de outros líquidos”, orienta.

Outras medidas que aliviam a sensação de secura nessa época é usar o soro fisiológico no nariz para hidratar as mucosas. À noite, se o ambiente estiver muito seco, o médico aconselha a colocar uma toalha dentro de uma bacia com água para ajudar a umedecer o cômodo.

“Os umidificadores precisam de um cuidado muito grande com a limpeza. É muito frequente a formação de fungos dentro dos aparelhos, e isso pode piorar doenças respiratórias. Então ele deve ser higienizado todos os dias”, reforça o especialista.

Doenças respiratórias x Covid-19

A capital vem registrando baixos níveis de infecção pelo novo coronavírus -o índice está, inclusive, verde. Mas esse cenário pode mudar com o calor, o ar poluído, e a baixa umidade. Por isso, é importante redobrar a atenção.

Goebel alerta que a procura por atendimento em hospitais, geralmente, aumenta nesta época. “As medidas para evitar o contágio da Covid-19 devem ser mantidas até o fim da pandemia, e, principalmente agora, porque pode haver o aumento de outras doenças respiratórias crônicas, como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), causada pelo cigarro. Por isso é mais importante de se evitar a infecção pelo coronavírus nesse contexto”, salienta.

Ele ainda reforça que as pessoas com doenças respiratórias crônicas devem manter o uso dos medicamentos de controle das enfermidades, conforme prescrição médica. O objetivo é evitar a piora do quadro.

Edição: Aline Diniz
Camila Saraiva[email protected]

Jornalista formada pela PUC-Minas em 2015. Pós-graduada em Jornalismo em Ambientes Digitais pelo Centro Universitário UniBH em 2019.

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