A cantora Bel Sant’Anna, que participou da edição de 2019 do The Voice Kids, fez um desabafo nas redes sociais sobre os bastidores do reality show, exibido pela TV Globo. A jovem de 15 anos disse, na tarde dessa segunda-feira (5), que estimular a competitividade entre crianças “soa imoral” e que o programa “deveria ser proibido”.
Em uma sequência de publicações no Twitter, a adolescente, que tornou o perfil privado após a repercussão, escreveu sobre a experiência desgastante de participar do reality. “Eu sei que ninguém liga, e vocês podem até achar que eu tô cuspindo no prato em que eu comi, mas na minha opinião The Voice Kids deveria ser proibido. Não só porque as crianças estão sendo usadas pra entretenimento alheio, mas eu já senti na pele como é estar lá e não me fez bem”, começou Bel.
“Gente, calma, ninguém abusou de mim ou coisa do tipo, me trataram muito bem em vários aspectos, o que eu tô falando é sobre a mecânica do programa”, esclareceu. A ex-participante afirma que “colocar crianças para competirem entre si em prol do entretenimento alheio” é “duvidoso”, mas, quando se inscreveu para o reality, pensava que tudo era “às mil maravilhas”.
‘Perdi a autoestima’
A jovem lembrou que fez amizades durante o processo, mas não tinha “preparo psicológico e muito menos emocional” para enfrentar a competitividade do programa. “Podem dizer que eu só ‘não sei perder’, porque foi isso que eu achei por muito tempo. Fui desqualificada nas batalhas e perdi toda a minha autoestima, tudo o que fazia eu querer cantar, toda a mágica que a música tinha pra mim foi embora porque eu pensava que não era boa o suficiente pra continuar. Alguém lá dentro me designou ruim demais para seguir no show”, desabafou.
Ela contou sobre como a eliminação do programa afetou negativamente sua relação com a música. “Eu passei um ano inteiro parada sem tocar no meu piano, sem aquecer a voz, sem cantar no chuveiro. Quem me acompanhou nas redes sociais percebeu que eu fiquei um longo período de tempo sem postar nada, e a situação aqui em casa não ajudava pois meus pais queriam me forçar a voltar a cantar”, completou.
Imoral
Bel contou que chegou a pedir ajuda para as psicólogas que a emissora coloca à disposição das crianças, mas, segundo ela, as profissionais “não falaram nada tranquilizante” e só usavam “respostas padrões”. “Enfim, colocar crianças para competirem entre si (para mim) soa imoral. Vocês não têm noção do quanto partia o meu coração ver as crianças voltando do estúdio pro hotel chorando porque não haviam passado”, completou.
Por fim, a ex-participante reforçou que o propósito do desabafo não era atacar o programa, ou desdenhar da oportunidade que teve. “Só estou apontando alguns fatos, mas sou muito grata pela abertura de portas que o programa me proporcionou, mesmo eu não tendo energia para atravessá-las e agarrar as oportunidades”, concluiu.
