Uma jovem de 22 anos foi presa em Vila Rica, no Mato Grosso, após matar o marido, de 27 anos, na noite dessa segunda-feira (5). Segundo a suspeita do crime, ela teria esfaqueado o homem no tórax para se defender de agressões. Os policiais conduziram a jovem à delegacia por homicídio doloso consumado. O caso será investigado pela Polícia Judiciária Civil.
De acordo com a PM, após esfaquear o marido, a jovem começou a gritar. Os policiais identificaram a suspeita com a roupas sujas de sangue e a uma equipe de médicos em uma ambulância do Pronto Atendimento Municipal já tentando reanimar a vítima dentro da residência.
Devido a gravidade dos ferimentos, a vítima ferida com uma facada no tórax, identificada por Magno Pereira Soares, de 27 anos, marido da suspeita, não resistiu e veio à óbito no local dos fatos.
A mulher foi presa em flagrante e relatou que estava ingerindo bebida alcóolica com o marido quando houve uma discussão, e a vítima ameaçou matá-la. A suspeita contou que seu marido mordeu seu nariz, o braço e pegou uma faca, lesionando o seu dedo polegar direito. Para se defender, ela alega que neste momento, tomou a faca do marido e desferiu um golpe no marido.
Legítima defesa
Ao BHAZ, em entrevista sobre um caso semelhante, de uma mulher que matou o marido após inúmeras agressões, a advogada criminalista Paola Alcântara explicou que é preciso entender sobre as situações de violência doméstica. “Pelos fatos relatados e pelas testemunhas, é indiscutível que ela já estava sofrendo com a violência doméstica. É muito comum que as mulheres não denunciem por medo, segurança ou vinculações financeiras. Apesar de não ser uma situação aceitável, muitas mulheres acabam se submetendo a isso”.
Um outro ponto é a medida protetiva, que nem sempre é eficaz. “Serve para trazer uma certa segurança e respaldo, com distanciamento do agressor. Só que somente isso não necessariamente protege a vítima. Se o agressor estiver realmente disposto a machucar a vítima, não será a medida que o impedirá”, continuou.
Mas, afinal, o que fazer para tentar conter a violência doméstica. “É um trabalho muito injusto. De certo modo, incentivar a comunicação pode ter varias desdobramentos. Não vai inibir a pessoa de agir contra a vítima. A questão é a vítima se afastar, procurar ajuda de familiares. Outro ponto é que essas medidas precisam ser mais fiscalizadas. A presença da polícia inibe o agressor na maioria das vezes”.
“Também é bom ter o patrulhamento ostensivo para ver se a vítima está bem, o monitoramento eletrônico também é importante. São vairas ações, estatais ou da própria vitima. É péssimo, é muito ruim, a gente sabe como são os casos de feminicídio. Infelizmente não é somente uma questão que a Justiça resolve, é estrutural, da sociedade”, completou.
Onde e como denunciar?
Na capital mineira, além da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, existem ao menos outras três instituições que atendem esse público: Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher), da Defensoria Pública; Casa Benvinda, da Prefeitura de Belo Horizonte; e Casa de Referência Tina Martins, do chamado terceiro setor, sem vínculo governamental. Além disso, existe também o aplicativo MG Mulher, do governo de Minas (veja aqui).
- Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher: av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
- Casa de Referência Tina Martins: r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
- Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher): r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
- Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher: r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380