A saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada, nesse período, somente às demandas relativas à gravidez e ao parto. Hoje, falar sobre a saúde da mulher implica uma perspectiva de cuidado integral. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada seis mulheres, à nível global, ainda será acometida por algum tipo de câncer em algum momento da vida. Em 2019, foram estimados 2,1 milhões de novos diagnósticos e 627 mil mortes em decorrência do câncer de mama no mundo.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), revelam que o câncer de mama é o que mais atinge as mulheres no Brasil. Com previsão de 66.280 novos casos no triênio 2020-2022, a doença corresponde, anualmente, a 29,7% dos casos de câncer no país. Por conta dos números alarmantes, a campanha Outubro Rosa foi escolhida, internacionalmente, como o período de conscientização para a prevenção e diagnóstico desse tipo da doença, incentivando o diálogo e a ampla divulgação das informações relacionadas ao tema.
Não há uma causa única para o câncer de mama e diversos agentes estão relacionados ao desenvolvimento da doença. No entanto, não há dúvidas quanto a relevância do diagnóstico precoce e da prevenção: de acordo com o INCA, é possível reduzir em 28% o risco de uma mulher desenvolver câncer de mama a partir da adoção de alguns hábitos saudáveis, como a prática de atividade física regular, alimentação e peso corporal adequados e não-ingestão de bebidas alcoólicas. Além disso, realizar o autoexame é a melhor forma de conseguir identificar os primeiros sinais do câncer na sua própria mama e, ao notar qualquer anormalidade, é necessário consultar um médico mastologista ou ginecologista o mais rápido possível. Outra forma de prevenção muito importante é a realização periódica do exame de mamografia, que deve ser feito anualmente por mulheres fora da faixa de risco e com mais de 40 anos de idade.
O cuidado, agora, é especialmente importante. Devido às restrições sociais impostas pela pandemia da Covid-19, muitas mulheres deixaram de comparecer às consultas e realizar os exames de rotina, dificultando o rastreamento e tratamento da doença. Em abril e maio deste ano, conforme os dados da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), foi registrada uma queda de 75% no movimento de centros hospitalares de oncologia (públicos e privados) em comparação ao mesmo período em 2019. Nesse cenário, deixar de identificar um tumor em estágio inicial pode resultar um diagnóstico tardio, o que reduz as chances de um tratamento efetivo.
No Estado, levando em consideração o cenário de pandemia e a preocupação com a saúde da mulher, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) recomenda que os profissionais de saúde organizem as agendas das equipes da Atenção Primária à Saúde (APS) e da Atenção Ambulatorial Especializada (AAE) de modo a garantir o acesso à coleta de exames citopatológicos de colo do útero e de mamografia de rastreamento. A SES recomenda, ainda, que as pacientes permaneçam o mínimo de tempo necessário para a realização das consultas e exames, evitando aglomerações nas salas de espera. O tempo da consulta deve ser o necessário para se prestar uma assistência adequada, evitando prolongamentos excessivos e preservando a saúde da mulher.
Neste mês, todo esforço é necessário. Adotar os protocolos sanitários para evitar a disseminação do vírus e garantir a saúde integral das mulheres são fundamentais. A conscientização e o diagnóstico precoce devem andar juntos. Em outubro, reforçamos o pedido, mas o alerta é válido para todo o ano. Cuidar-se é essencial!