A vereadora Bella Gonçalves foi liberada da delegacia, na madrugada de hoje (17), após permanecer no local por quase 12 horas. A parlamentar do PSOL e outras três pessoas foram detidas enquanto participavam de uma manifestação contra o despejo de moradores da ocupação Vila Beija Flores, no bairro Nova Pampulha, na divisa entre Belo Horizonte e Vespasiano.
Depois da liberação, um vídeo foi publicado nas redes sociais de Bella Gonçalves. Na gravação, de pouco mais de 30 segundos, a parlamentar destacou que ela e as outras pessoas detidas foram ouvidas pelas autoridades. “Então pessoal, são quase 3h da manhã, quase 12 horas que a gente está aqui detido no Ceflan (Central de Flagrantes). Acabamos de ser ouvidos e estamos todos liberados”, disse em um dos trechos.
“A gente conseguiu reverter os fatos mostrando que a comunidade tinha sido agredida e a Polícia Militar praticou abuso de autoridade contra um mandato popular e contra uma comunidade que lutava contra o despejo. Vamos seguir firmes porque a gente não aceita injustiça. Vamo que vamo”, finalizou.
Relembre o caso
Quando a vereadora chegou ao protesto dos moradores da ocupação, o ato já havia começado e os manifestantes demonstravam indignação com a desocupação que reúne, há 30 anos, mais de 450 famílias. O local fica perto de uma torre de transmissão da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), que quer desocupar a região por conta da estrutura.
Mesmo quando esteve detida, Bella conversou rapidamente com o BHAZ na noite de ontem (16). Ela explicou que presenciou uma mulher jogar o carro em que estava contra a manifestação e que os moradores tentaram impedir que as pessoas fossem atropeladas. Segundo a parlamentar, a PM usou spray de pimenta – que inclusive a atingiu -, e deu voz de prisão contra os manifestantes.
Além de denunciar o despejo dos moradores da comunidade em meio à pandemia, Bella também considerou a ação da PM truculenta. Para Bella, a ação da PM violou as prerrogativas do cargo que ocupa enquanto vereadora.
O que diz a PM?
O BHAZ também conversou com o major Cláudio Henrique Ribeiro dos Santos, subcomandante do 1º Batalhão da PM. Ele acompanhou a manifestação e disse que os policiais tentaram, sem sucesso, identificar lideranças no protesto – o que pode ter prejudicado o andamento do ato.
“A PM não conseguiu identificar lideranças. Em determinado momento, os manifestantes começaram a andar em direção aos veículos, ameaçaram condutores e provocaram danos”, explicou o major.
O subcomandante ainda explicou que não foi necessário o uso de força para conter Bella. “Ela não foi algemada, não foi necessário uso da força. Ela foi presa por resistência, por se opor a ação policial. Todo o fato foi presenciado por testemunhas”.